BRUNO TORQUATOBETIM, MG (UOLF-OLHAPRESS) – A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou que abriu na tarde desta segunda-feira (20) a investigação para apurar o caso de racismo sofrido por um garoto de 14 anos, em Belo Horizonte.

Os ataques aconteceram em um grupo de WhatsApp formado por estudantes do Colégio Cristão Ver, localizado na região noroeste da capital mineira. Alexandre, pai do garoto, prestou depoimento acompanhado por seu filho e por Gilberto Silva, advogado que representa ambos.

Ao UOL, o advogado comentou que em sua avaliação os conteúdos das mensagens configuram tanto racismo quanto injuria racial, mas ressaltou que o delegado que irá trabalhar no inquérito fará essa definição. Ele explicou que o processo pode acontecer na esfera civil e como ato infracional, quando menores cometem o que seria considerado crime.

“Esse caso pode englobar as duas coisas, tendo em vista o abalo psicológico que o adolescente agredido se encontra e em caso de tratamento, as despesas podem ser responsabilidade dos pais na esfera civil. Na esfera criminal as consequências disso vão desde a internação até mesmo prestação de serviço por parte dos adolescentes infratores”, contou.

Durante o depoimento de hoje, o advogado entregou os prints com as trocas de mensagens como parte das provas. “Já entregamos para a autoridade policial as provas iniciais e automaticamente os três primeiros foram identificados infratores com os respectivos números de telefone”, disse ao ressaltar que ainda estuda os próximos passos.

“Uma ação civil certamente será ajuizada, mas vamos analisar as diligências preliminares para conferir se de fato não tem responsabilidade da escola e até que ponto colocar a responsabilidade objetiva dos pais em relação aos atos dos adolescentes”.

Gilberto Silva lamentou que ações de racismo como deste caso ainda acontecem no ambiente virtual e ressaltou que a polícia está preparadapara lidar. “Eles têm a sensação de que não serão punidos, mas hoje tem um judiciário mais firme em aceitar essas provas [prints]. Hoje cometer esses crimes querendo se esconder atrás da tela é praticamente dar um ‘tiro no pé’, porque não vai ficar impune”.

A reportagem tentou falar novamente com a escola, mas apesar de visualizar as mensagens, nenhum representante retornou os contato. Na tarde de hoje, o Colégio Cristão Ver publicou uma nota de repúdio. Em um trecho disse que esperam “que as autoridades competentes apurem os fatos e responsabilizem os agressores”.