A adolescente inglesa Shamima Begum, que deixou Londres e viajou à Síria há 4 anos para juntar-se ao Estado Islâmico (ISIS) disse ter ficado “um pouco chocada” ao saber que o país onde ela nasceu e cresceu planeja cancelar a cidadania dela. Falando num campo de refugiados na Síria, a jovem de 19 anos disse ao canal ITV que foi “de partir o coração” ler a cópia da carta enviada pelo Governo Britânico aos pais dela informando-lhes da decisão.

Shamima, que deu à luz semana passada e tenta voltar à Inglaterra, considerou a decisão “difícil de engolir” e a considerou “um pouco injusta comigo e meu filho”.

“A minha família fez parecer que seria muito mais fácil para mim retornar ao Reino Unido”, disse ela.

Na terça-feira (19), a mãe de Begum recebeu uma carta do Governo informando a revogação da cidadania da filha. A carta pediu que eles a informassem sobre a decisão e o direito dela de apelar.

A decisão do Governo Britânico gerou o debate sobre a legalidade da ação. Um representante do governo explicou que a cidadania britânica de alguém pode ser cancelada, “uma vez que essa pessoa não se torne apátrida”. A família de Begum é originária de Bangladesh, segundo o antigo chefe da Polícia Metropolitana, que mantém contato com a família. Entretanto, o Ministério das Relações Exteriores de Bangladesh disse através de um comunicado que a jovem não é cidadã e nunca sequer visitou o país.

“O Governo de Bangladesh está profundamente preocupado de que ela tem sido identificada erroneamente como tendo dupla cidadania envolvendo Bangladesh e o local dela de nascimento, o Reino Unido”, diz o comunicado. “Ela é cidadã britânica de nascimento e nunca aplicou para a dupla cidadania junto a Bangladesh. Não há dúvidas com relação ao fato de ela ser permitida a entrar em Bangladesh”.

O Ministro das Relações Exteriores Sajid Javid sugeriu ao Parlamento, na quarta-feira (20), que os filhos de jihadistas que perdem a cidadania ainda podem ser britânicos. “As crianças não deveriam sofrer, então, se um dos pais perde a cidadania britânica, isso não afeta dos direitos dos filhos deles”, alegou ele, frisando que o Reino Unido revogou a cidadania de mais de 100 pessoas.

Shamima disse que poderia explorar uma rota alternativa, pois o marido dela é holandês. Ele atuou como jihadista do ISIS e enteregou-se às forças militares dos EUA na Síria, semana passada.

“Outra opção que poderei tentar com a minha família é que o meu marido é da Holanda e ele tem familiares na Holanda”, comentou a jovem. “Talvez, eu possa pedir a cidadania na Holanda. Caso ele seja enviado à prisão na Holanda, eu posso esperar enquanto ele está na prisão”.

“Eu escutei que outras pessoas estão sendo enviadas ao Reino Unido, então, não sei por que o meu caso é tão diferente das outras pessoas ou é simplesmente porque eu apareci na televisão há quatro anos?” Questionou. 

Fonte: Brazilian Voice