Foto29 Jair Bolsonaro Museu cancela evento de homenagem a Bolsonaro em NYC
O plano de Bolsonaro em abrir a floresta amazônica para exploração comercial causou ultraje entre ativistas e cientistas

Em maio, o presidente do Brasil seria agraciado com o título “pessoa do ano” pela Câmara de Comércio Brasileiro-Americana no Museu de História Natural

Na segunda-feira (15), a administração do Museu Americano de História Nacional (AMNH), em Manhattan (NY), cancelou o aluguel do espaço onde ocorreria o jantar de gala que homenagearia o Presidente Jair Bolsonaro a “pessoa do ano”, em maio. A possibilidade da presença do dirigente brasileiro fez com que ativistas e defensores dos direitos humanos planejassem protestos. Eles destacaram que a administração atual prometeu abrir a floresta amazônica para o extrativismo da madeira, mineração e agronegócios, embora isso viole os direitos dos índios em suas terras nativas.

O Museu gerou críticas fortes por concordar em abrigar a cerimônia na qual Bolsonaro, que defendeu o relaxamento das políticas do meio-ambiente, estava agendado para receber o prêmio “pessoa do ano”. A administração do local informou que o evento ocorrerá em outras instalações, acrescentando que o AMNH “não era a localização ideal”.

A Câmara Comercial Brasileiro-Americana, uma ONG que promove o comércio, investimento e laços culturais entre os dois países, alugou o Hall of Ocean Life do museu para abrigar o jantar anual de gala, em 14 de maio. Durante o evento, a Câmara concede o prêmio “pessoa do ano”. Este ano, uma dessas homenagens vai para Bolsonaro, que assumiu a presidência do Brasil em 1 de janeiro de 2019.

No website, a organização informou que escolheu o líder de extrema-direita em reconhecimento às “intenções fortes dele de manter laços comerciais e diplomáticos entre o Brasil e os EUA, além do comprometimento firme na construção de uma parceria forte e duradoura entre as duas nações”. Os já agraciados com o prêmio incluem o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, e ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg.

Ativistas e defensores do clima e meio-ambiente, como o Greenpeace, denunciaram Bolsonaro como “uma ameaça ao ecossistema do Brasil”. A maioria daqueles que se opõe ao fato de que o Museu de História Natural abrigue um evento que conte com a presença de um líder que planeja abrir partes da floresta amazônica para a exploração econômica, acham que isso vai contra a missão da entidade.

Durante uma entrevista de rádio na segunda-feira (8), Bolsonaro disse que quer juntar-se aos EUA na confecção de um plano de desenvolvimento da região amazônica. Ele acrescentou que as demarcações das florestas indígenas prejudicam o desenvolvimento da região, portanto, ele as aboliria, caso encontrasse uma forma legal de fazer isso.

O Prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse que o Presidente Bolsonaro era um “homem muito perigoso”, durante entrevista à estação de rádio WNYC.

“Ele é perigoso não somente pelo racismo e homofobia evidentes, mas porque infelizmente ele é a pessoa com a maior capacidade de impactar o que acontece na Amazônia a partir de agora”, comentou.

Cientistas ligados ao Museu ameaçaram pedir demissão, caso o evento de gala fosse realizado no local e muitos expressaram insatisfação nas redes sociais.

“Oi, @AMNH, caso isso aconteça, eu pedirei demissão como afiliado de pesquisas e organizarei um boicote da instituição com todas as pessoas que conheço em Antropologia. Vocês deveriam ter vergonha”, postou Paige West.

Quando a controvérsia iniciou semana passada, a administração do museu postou no Twitter que o local foi alugado antes que a lista “com os nomes dos homenageados fosse divulgada”.

“O Museu gostaria de agradecer as pessoas que dedicaram seu tempo para expressar suas visões com relação ao evento da Câmara de Comércio Brasileiro-Americana. Nós queremos que vocês saibam que compreendemos e compartilhamos a sua angústia”, postou o AMNH no Twitter.

Fonte: Brazilian Voice