Alterado geneticamente em laboratório, o mosquito macho OX5034, como é chamado, recebeu aprovação tanto estadual quanto federal para ser liberado na Florida Keys em 2022. Muitos moradores e grupos ambientais fizeram uma oposição bem forte, mas nada disso foi suficiente para barrar a liberação.

A Diretora de Política do International Center for Technology Assessment, Jaydee Hanson, não poupou críticas à decisão. “O governo usa o dinheiro dos contribuintes e recursos estatais para um experimento que mais parece um Parque dos Dinossauros”, diz a diretora. “O que pode dar errado? Não fazemos ideia porque eles – ilegalmente – se recusam a fazer análises sérias dos impactos ambientais”, completa Hanson.

O que é o mosquito OX5034?

Aprovado pela Agência de Proteção Ambiental nesta semana, o projeto piloto foi desenvolvido para testar se o mosquito geneticamente modificado é uma alternativa viável à pulverização de inseticidas para controlar o Aedes aegypti. É uma espécie de mosquito que carrega várias doenças mortais, como zika, dengue, chikungunya e febre amarela.

O mosquito OX5034 foi alterado para produzir descendentes fêmeas que morrem no estágio larval, bem antes de eclodirem e crescerem o suficiente para morder e espalhar doenças. Somente o mosquito fêmea morde sangue, do qual precisa para amadurecer seus ovos. Os machos se alimentam apenas de néctar e, portanto, não são portadores de doenças.

Além da Florida, o mosquito também será liberado no condado de Harris, no Texas e, lá, os mosquitos serão soltos no meio ambiente um pouco antes, em 2021.

A responsável pela tecnologia é uma empresa chamada Oxitec. Apesar de ser americana, a proprietária da empresa é britânica. A agência reguladora nos Estados Unidos permitiu a Oxitec, no mês passado, a liberar os mosquitos na natureza depois de anos de pesquisa sobre o impacto de mosquitos geneticamente modificados tanto em seres humanos quanto ao meio ambiente.

O CEO da empresa, Grey Frandsen, emitiu uma nota reforçando o compromisso da empresa. “Esse é um desdobramento muito animador que representa o trabalho inovador de mais de uma década, em vários países, que querem se proteger de doenças cuja transmissão ocorre por um mosquito transmissor”, diz o comunicado da Oxitec.

Ajuda para resolver o problema

Essa semana o Estado da Flórida emitiu uma permissão para uso experimental depois que sete agências governamentais aprovaram o projeto por unanimidade.  Em 2019 e 2010, durante uma epidemia de dengue na região de Florida Keys, colocou o governo em uma posição de delicada para encontrar novas opções. Mesmo com os esforços – usaram avião, caminhão e bombas manuais para espalhar veneno, além de peixes que se alimentam das larvas – nada resolveu de fato o problema.

Naturalmente, todas essas opções vieram com um custo. O Aedes Aegypti representa apenas 1% da população de mosquitos de Florida Keys, mas o controle da população consumiu 10% dos recursos, que representa um milhão de dólares por ano.

Em 2012 o governo tomou a iniciativa de contatar a Oxitec para pedir ajuda. A empresa havia desenvolvido um mosquito macho, chamado OX513A, que era programado para morrer antes de chegar a fase adulta. A única exceção a essa regra é se a larva crescesse em água com um antibiótico especifico.

Lotes do mosquito estéril seriam permitidos viver e reproduzir com fêmeas. Mas os filhotes expostos ao antibiótico dos pais herdariam essa combinação genética e morreriam, isso limitaria o controle da população.

Onde a Oxitec já testou

O OX513A foi testado nas ilhas Cayman, Panamá e Brasil, e os resultados foram bastante animadores. No Brasil, por exemplo, a população de Aedes Aegypti no bairro que recebeu o teste reduziu em 95%.

Mas quando a parceria da Oxitec com o governo da Flórida virou notícia e que o mosquito estava a caminho, a revolta foi geral.

Mais de 100 mil pessoas assinaram um manifesto, contra a ação, no site change.org e o número aumentou para 242 mil com a liberação. Campanhas publicitárias lembraram os residentes que o mosquito liberado é o macho, por isso não pica, mas isso não resolveu o problema. 

O governo investigou por anos o impacto do mosquito e incentivou que residentes enviassem perguntas. Mas, no caminho, a Oxitec desenvolveu uma segunda geração de mosquitos e retirou as solicitações para o primeiro pedido.

O segundo mosquito, macho, OX5034, é programado para matar apenas as fêmeas. Os machos sobrevivem por varias gerações, passando para cada uma delas a modificação genética. A permissão autoriza a Oxitec a notificar o governo 72 horas antes de liberar o mosquito e conduzir testes por pelo menos 10 semanas e assegurar que nenhuma fêmea chegou a fase adulta.

Para grupos de proteção ao meio ambiente a maior preocupação é com a cadeia alimentar. Os predadores naturais do mosquito são pássaros, insetos e mamíferos e não sabem como isso irá afeta-los.

Enquanto isso, o último processo burocrático a ser enfrentado é a aprovação do centro de controle de mosquito da prefeitura, cuja reunião para apreciar o tema está agendada para o dia 23 deste mês. Com informações da CNN.

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Fonte: Gazeta News