SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Peter Brook, um dos mais influentes diretores de teatro do século 20, morreu neste sábado (2), aos 97 anos.
Artista com experiência em ópera, cinema e crítica teatral, ele esteve à frente de instituições como o Royal Opera House de Covent Garden e o Royal Shakespeare Theatre, no Reino Unido.

Brook também levou sua obra a países do continente africano e do Oriente Médio, onde produziu uma variedade de peças improvisadas, originais e marcadas por uma abordagem desafiadora.

Seu conceito de “espaço vazio”, consolidado no título de seu livro de 1968, influenciou gerações posteriores ao defender uma aproximação maior entre as encenações teatrais e o público, revolucionando o que os encenadores entendiam por palco. A ideia era despir a montagem de tudo o que poderia ser considerado supérfluo para dar destaque ao que estava sendo encenado em si.

Ficou famosa, por exemplo, a versão que fez nos anos 1970 de “O Sonho de uma Noite de Verão”, de Shakespeare, em que os atores andavam sobre pernas de pau e se penduravam em trapézios. Uma de suas encenações mais conhecidas foi “O Mahabharata”, um épico de nove horas da mitologia hindu, criado em 1985 e adaptado ao cinema em 1989.

O artista vivia em Paris há 50 anos. Lá, ele fundou e dirigiu o Centro Internacional de Pesquisa Teatral.

Nascido em Londres em 1925, filho de imigrantes lituanos judeus, ele assinou sua primeira produção aos 17 anos e passou a maior parte de sua carreira dirigindo peças no teatro parisiense Les Bouffes du Nord, considerado desde a década de 1990 um monumento histórico pelo governo francês.

Brook deixou a direção da instituição em 2010, aos 85 anos, mas continuou a assinar produções. Em 2019, foi galardoado na Espanha com o Prêmio Princesa das Astúrias das Artes, na condição de “mestre de gerações”.