SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O premiado escritor espanhol Javier Marías morreu na manhã deste domingo, 11, aos 70 anos. A morte foi confirmada por sua editora, a Alfaguara. Ele havia contraído uma pneumonia no último mês.

Um dos mais influentes autores espanhóis, Marías foi autor de 16 romances, incluindo obras como “Coração Tão Branco”, “Os Enamoramentos”, “Assim Começa o Mal” e a trilogia “Seu Rosto Amanhã”, além de ter sido tradutor e colunista do jornal El País.

Vendeu milhões de livros, que foram traduzidos para mais de 40 idiomas, além de ter recebido uma série de prêmios pelo trabalho. No ano passado, ele foi eleito para a Royal Society of Literature da Grã-Bretanha como um escritor internacional. Ele também era membro da Real Academia Espanhola e foi cotado para o prêmio Nobel diversas vezes –embora nunca tenha recebido a honraria.

Quarto de cinco filhos, o escritor nasceu em 1951 em Madri. Três de seus irmãos –o mais velho morreu antes que ele nascesse– seguiram carreiras nas artes.

Segundo uma matéria publicada na Folha em 2013, o pai deles era Julian Marías, um filósofo cujas atividades republicanas lhe valeram um curto aprisionamento, depois da guerra civil espanhola, episódio que Marías usou em “Tu Rostro Mañana”. Sua mãe, Dolores Franco, era tradutora e editou uma antologia de literatura espanhola antes de se casar e criar uma família.

Apesar de ter uma casa repleta de livros, sua entrada no mundo da escrita foi facilitada por um tio que trabalhava na produção de filmes eróticos e de terror.
Durante as seis semanas que Marías passou no apartamento parisiense do tio, quando tinha 17 anos, ele não só assistiu a 85 filmes como produziu a base de seu primeiro romance, “Los Dominios del Lobo”, publicado em 1971, quando ele tinha apenas 20 anos.

“Era uma espécie de tributo aos, e paródia dos, filmes norte-americanos dos anos 40 e 50. Uma obra de juventude, mas não o tipo de trabalho autobiográfico que os jovens escritores costumam produzir. E também não era mortalmente sério, como os jovens muitas vezes são. Eu na verdade não tenho vergonha do livro”, afirmou o autor à época.

O sucesso comercial só chegou com “Coração tão Branco”, de 1992. Depois de vender bem na Espanha, ele se tornou sucesso mundial quando Marcel Reich-Ranicki, o “Papa dos críticos” alemães, elogiou o livro em um programa de TV –o romance vendeu mais de 1 milhão de cópias na Alemanha e ganhou o prêmio Impact.

Segundo o jornal El País, ele, que completaria 71 anos no próximo dia 20, passou seus últimos anos entre sua casa na Plaza de la Villa, em Madri, e a de sua esposa, em Sant Cugat (Barcelona).