Foto6 Tapachula México deporta imigrantes clandestinos em até 24 horas
Próxima à fronteira com a Guatemala, a cidade mexicana de Tapachula (detalhe) serve de rota para os imigrantes a caminho da fronteira com os EUA

Mais de 2 mil agentes da Guarda Nacional, Polícia Federal e Departamento de Imigração agora patrulham a fronteira com a Guatemala

O envio de milhares de agentes da Guarda Nacional na fronteira do México com a Guatemala foi bem recebido por inúmeros moradores na região. “Nós concordamos com a vinda da Guarda Nacional porque estamos sendo invadido por pessoas”, comentou Arcla Martinez, vendedora de frangos num mercado em Tapachula. “Nós não queremos que eles entrem aqui”.

Poucas barracas depois, Juan Antônio Rivera opera uma máquina de costura no reparo de bolsas e mochilas. “É bom o que ele (o presidente mexicano Andres Manuel Lopez Obrador) está fazendo porque é para nos proteger”, disse ele. “Os imigrantes deveriam ter um cartão de autorização”.

“Tapachula é um lugar bom, uma cidade boa, mas com pessoas demais há o uso de drogas, bebidas”, comentou o vendedor de vegetais, Alejandro Gonzalez. “Isso é louco, sabe, é ruim. A Guarda Nacional está aqui para ajudar a limpar”.

Tapachula é uma cidade no estado rural de Chiapas e serve de caminho para os imigrantes que rumam ao norte vindos da Guatemala, El Salvador e Honduras. Mais de 2 mil agentes da Guarda Nacional, Polícia Federal e Departamento de Imigração agora patrulham as ruas, montaram barreiras e postos de revista  em várias paradas de ônibus, caminhões e taxis que transportam imigrantes indocumentados. Além disso, uma grande empresa pública de ônibus emitiu, na quarta-feira (19), o aviso de que todos os passageiros devem agora apresentar a cédula de identidade quando embarcarem nos ônibus.

Num posto de revista, os agentes detiveram 100 imigrantes no período de 8 horas e os transportaram de caminhonete até o Siglo XXI, o maior centro de processamento de imigrantes da América Latina. De lá, em 24 horas eles embarcarão0 em ônibus alugados pelo governo mexicano  em viagens de volta aos seus países de origem, segundo fontes.

No sábado (15), uma unidade pequena da Marinha do México começou a verificar as identificações nas margens do rio Suchiate, na divisa com a Guatemala. O rio é movimentado todo o dia, a maioria guatemaltecos que compram alimentos, álcool e utensílios a preços 20% mais barato que no país deles. Eles utilizam balsas para evitar pagar o pedágio cobrado na ponte. Os agentes da Marinha informaram que os produtos seriam confiscados como contrabando. Eles foram rapidamente confrontados por dezenas de barqueiros, cambistas de dinheiro e vendedores ciclistas, que ameaçaram atear fogo no caminhão deles, caso interferissem. Posteriormente, o prefeito de Ciudad Hildago interviu e a Guarda Nacional concordou em não interferir com o comércio durante o cumprimento da nova diretriz contra os imigrantes.

Nos primeiros 4 meses de 2019, o México deportou quase 4 entre 5 imigrantes detidos, um índice desconhecido nos EUA, onde determinações dos tribunais e regras de imigração proíbe a deportação rápida dos estrangeiros presos. Em contraste, a maioria das famílias centro-americanas detidas na fronteira, e muitos homens solteiros, são liberados em questão de dias devido à falta de espaço em abrigos. Além disso, diferente da Califórnia, o México não oferece santuário ou advogados grátis para  aqueles que enfrentam a deportação.

Em maio, os EUA detiveram  mais de 100 mil centro-americanos que atravessaram o México para chegarem à fronteira sul. No início de junho, o Presidente Donald Trump ameaçou cobrar 5% em tarifas do país vizinho, caso não fosse feito algo para parar o fluxo de pessoas.

Fonte: Brazilian Voice