RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Monique Ribeiro dos Santos, mãe de um jovem de 18 anos que morreu após ser baleado no Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, diz que o filho foi atingido por policiais e que os agentes não prestaram socorro.

“Meu filho foi executado dentro da comunidade do Jacarezinho, sem dever nada à polícia. Eu quero saber por que mataram meu filho, se ele não é traficante? E não socorreram meu filho, não deram a ele o direito de sobreviver”, afirmou a mãe de Jhonatan Ribeiro de Almeida ao portal G1.

“Ele é um menino de bem, trabalhador, trabalha com a minha irmã em venda de roupas, faz entrega. Não estava trabalhando agora porque ele está para se alistar no quartel e não podia trabalhar de carteira assinada. Agora mataram meu filho com um tiro no peito”, disse ela ao site.

Em nota, a corporação diz que não foi possível prestar socorro ao jovem “em função da reação de um grupo de moradores, que arremessaram pedras e garrafas em direção à equipe”. A polícia diz que teria encontrado com Jhonatan drogas e um simulacro de arma de fogo.

“As equipes comunicaram a ocorrência de imediato à Delegacia de Homicídios da Capital. Paralelamente, o comando da corporação determinou instauração de procedimento apuratório na Corregedoria Geral da SEPM [Secretaria de Estado de Polícia Militar]. As armas empregadas na ocorrência já estão à disposição da perícia”, disse também a PM em nota.

Após o jovem ser baleado, moradores da comunidade do Jacarezinho protestaram na noite desta segunda-feira (25) na avenida Dom Hélder Câmara. Segundo relatos de testemunhas, Jhonatan, que era pai de um bebê de quatro meses, foi atingido por um disparo feito por um policial militar.

“Deram um tiro no Jhonatan na minha frente. O moleque não estava com nada. Eles deram o tiro e saíram correndo”, afirmou o ativista Diego Aguiar, morador da comunidade, em publicação nas redes sociais.

Em uma série de vídeos, também nas redes sociais, Aguiar aparece chorando e mostra o jovem sendo levado em uma moto por outros moradores em direção a uma unidade de saúde do bairro. “Mataram o moleque. Só querem nos matar. Não aguento mais”, ele diz.

Na manifestação, um grupo colocou fogo em entulhos e impediu o trânsito na avenida. Bombeiros e policiais militares estiveram no local.

O fotógrafo Bruno Itan, que documenta o cotidiano de favelas, registrou imagens do protesto. Moradores gritavam “assassinos” para policiais armados e encapuzados.

A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso, que também será acompanhado pela Corregedoria da Polícia Militar.

“Mais um dos nossos é executado. Em que momento a favela vai ter a sua vida respeitada e integrada? Até agora só morte, descaso e marginalização”, afirmou a vereadora Tainá de Paula (PT).

“Mais um jovem, pai de um bebê de quatro meses, morador do Jacarezinho, morto pelas mãos do Estado. Nós não aguentamos mais tanta dor”, disse o deputado federal David Miranda (PDT-RJ).

Há quase um ano, uma operação da Polícia Civil do Rio, no dia 6 de maio de 2021, deixou 28 mortos. Ela foi considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro.

Foram mais de cinco horas de tiroteios intensos. As mortes ocorreram em 13 locais diferentes da comunidade, como vielas e casas de moradores.