O Mundial de Atletismo de Eugene, no estado americano do Oregon, foi apenas a segunda competição disputada neste ano pela catarinense Letícia Oro Melo, que encerrou a disputa do salto em distância, no domingo, como medalhista de bronze. Pouco menos de um mês atrás, a saltadora de 24 anos celebrava o ouro do Troféu Brasil, principal campeonato do atletismo nacional, em um retorno triunfal após sete meses afastada das pistas por causa de um rompimento no ligamento anterior cruzado do joelho que a levou à mesa de cirurgia.

“Não tenho medo de ninguém, se eu tivesse medo eu ficaria em casa. O esporte é isso. Pode ser em estadual ou no mundial, eu não penso ‘ai, quero pegar uma final’. Eu sempre penso na medalha. Eu acertei um salto e só um salto que preciso. Eu não sei se vocês sabem, eu vim de uma cirurgia, o Mundial é minha segunda competição do ano. Faz sete meses que rompi o ligamento, fiz cirurgia no joelho… não estou nem acreditando”, disse Letícia, com a medalha no peito, em entrevista ao SporTV depois da conquista nos Estados Unidos.

Antes de se lesionar, Letícia já havia conseguido resultados interessantes, como o ouro no Sul-Americano de Atletismo do ano passado, no Equador. Embora não fosse apontada como favorita ao pódio no Mundial, estava muito confiante na hora de saltar. “Eu estava muito focada, vim para melhorar. Dentro de mim, eu vim para pegar medalha mesmo. Eu não estava nervosa, não sei o que aconteceu”, comentou.

O bronze veio com um salto de 6,89 metros, o melhor da carreira da catarinense, logo na primeira tentativa. Nas outras duas, ela não acertou, mas também não viu ninguém superar sua marca, além da nigeriana Ese Brume, vencedora da prova com um salto de 7,02 metros, e da alemã Malaika Mihambo, medalhista de prata ao alcançar 6,98 metros. Agora, Letícia sonha em atingir os 7 metros e entrar para o time do qual Brume faz parte.

“Eu sabia que ia chegar o momento e chegou o momento, 6,89m, minha melhor marca pessoal. Ainda estou processando, estou nervosa, meu Deus… Estou em choque! Mas eu gostaria de agradecer a todos e continuar treinando. Porque eu sou nova ainda. Quero buscar os 7 metros e sei que tenho condições. Quando eu vi 6,89 metros quase desmaiei”, contou.

Até hoje, a única brasileira do salto em distância que alcançou os 7 metros foi Maurren Maggi, medalhista de ouro na Olimpíada de Pequim de 2008 (7,04 metros) e dona do recorde pessoal de 7,26 metros no Sul-Americano de 1999, o 14º melhor desempenho da história da modalidade. “Ela é uma inspiração para mim”, disse Letícia. “Vi os vídeos, vi várias vezes. Vi quando ela machucou, e eu lembro da minha trajetória, quando eu machuquei o joelho em dezembro. Esporte é isso. Tive paciência, tive postura, tive vontade e hoje estou aqui”, concluiu.