SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Horas após o ataque a tiros durante o desfile do dia da independência dos EUA em Highland Park, na região de Chicago, na segunda-feira (4), moradores da região se mobilizaram para encontrar a família de um garoto de dois anos que foi achado sozinho e sujo de sangue em meio à correria de pessoas que fugiam do atentado.

Grupos e redes sociais foram inundados com fotos de Aiden McCarthy, 2, para ver se alguém tinha uma pista de onde estavam seus pais. A confirmação veio nesta terça-feira (5): Kevin McCarthy, 37, e Irina McCarthy, 35, estão entre os sete assassinados no desfile. O bebê foi entregue aos avós.

“Na sequência do tiroteio em Highland Park em 4 de julho, a comunidade de North Shore se uniu para ajudar um menino sobre o qual nada sabíamos. Nós o levamos para um local seguro em circunstâncias trágicas, nos reunimos para localizar seus avós e oramos pela segurança de sua família”, escreveu Irina Colon, americana que criou uma campanha para arrecadar fundos para o garoto.

“Infelizmente, preciso compartilhar o nome dele… Aiden McCarthy. E ele precisa mais da nossa ajuda. Seus pais Irina e Kevin foram mortos durante o tiroteio de 4 de Julho. Aos dois anos, Aiden fica em uma posição inimaginável: crescer sem os pais.” A vaquinha já arrecadou US$ 1,2 milhão de dólares.

Outras quatro vítimas foram identificadas nesta terça: o mexicano Nicolas Toledo, 78, que estava na cidade visitando parentes -alguns dos quais também ficaram feridos; a professora Jacki Sundheim, 63, que dava aulas em uma sinagoga; Katherine Goldstein, 64, e Stephen Straus, 88, sobre os quais não há detalhes. Ainda não há informações sobre o nome da sétima pessoa morta no ataque.

Nesta terça, a procuradoria do estado de Illinois acusou Robert E. Crimo 3º, 21, por sete assassinatos em primeiro grau. Ele pode ser condenado a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional, disse o procurador Eric Reinhart, que acrescentou que outras acusações devem ser feitas ao longo das investigações. “Prevemos dezenas de acusações mais focadas em cada uma das vítimas”, disse.

O promotor afirmou que pedirá, na primeira audiência do suspeito no tribunal, marcada para quarta-feira (6), que Crimo permaneça preso sem direito à fiança.

Autoridades disseram que o suspeito disparou mais de 70 vezes de um telhado de maneira aleatória contra pessoas que assistiam ao desfile e depois fugiu vestido com um disfarce para se misturar à multidão em pânico. O tiroteio ocorreu em um bairro com grande população judaica, mas a polícia afirma que ainda não tem evidências de que o ataque tenha ocorrido por motivos antissemitas ou racista.

A polícia relatou que já tinha atendido a outras ocorrências envolvendo Crimo, a mais significativa delas em setembro de 2019, quando apreendeu 16 facas, um punhal e uma espada após atender a um chamado por ameaça. Na ocasião, ninguém foi preso, disse a polícia, porque não houve queixa formal.

As autoridades detalharam nesta terça a fuga e a prisão do suspeito, que se misturou à multidão que fugia do ataque e foi para a casa da mãe, nas proximidades, onde tomou seu carro emprestado, disse a polícia. De lá, dirigiu para o estado vizinho de Wisconsin e ainda chegou a voltar para Illinois antes de ser parado e preso na segunda.

Crimo tinha no carro um fuzil de alta potência semelhante ao utilizado no tiroteio, similar a um AR-15. Além disso, carregava outras armas, todas compradas legalmente em Illinois, disseram as autoridades. Ao todo, ele havia comprado cinco armas de fogo, incluindo rifles e revólveres.

A prefeita de Highland Park, Nancy Rotering, disse que a cidade, de 30 mil habitantes, foi completamente abalada. “Esta tragédia nunca deveria ter chegado à nossa porta”, disse ela à NBC News. “Como é uma cidade pequena, todo mundo conhece alguém que foi afetado diretamente por isso e, é claro, todos ainda estamos cambaleando”, afirmou. O presidente Joe Biden ordenou que as bandeiras dos EUA fossem hasteadas a meio mastro em luto até o pôr do sol do próximo sábado.
Nesta terça-feira, a rua principal da cidade continuava bloqueada pela polícia, preservando a cena do crime, com um carrinho de bebê, um triciclo e algumas cadeiras dobráveis abandonadas no local. O médico David Baum, que participou das operações de resgate, relatou o horror que presenciou. “A visão terrível de alguns corpos é insuportável para uma pessoa normal”, afirmou à AFP, ao detalhar que as vítimas estavam dilaceradas ou com os corpos cravejados de balas.