SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Os lança-mísseis Himars que os Estados Unidos fornecem para a Ucrânia deram a Kiev um novo impulso no campo de batalha, fazendo inclinar a balança contra a Rússia.

Em seu tradicional comunicado noturno, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse na segunda (18) que as Forças Armadas da Ucrânia têm conseguido “infligir perdas logísticas significantes” contra os russos, “aumentando a dificuldade para as tropas russas manterem posições no território capturado” – especialmente no leste ucraniano, foco principal da guerra no momento.

O comandante das tropas ucranianas, Valerii Zaluzhnyi, disse que os Himars são “um importante componente” do momento de relativo equilíbrio na batalha neste momento. A declaração foi feita também na segunda ao chefe do Estado-Maior dos EUA, Mark Milley.

Desde meados de junho, a Ucrânia conseguiu destruir mais de 20 grandes depósitos de munição e postos de comando russos usando os Himars, alvos que antes estavam fora do alcance da artilharia tradicional.

Vídeos postados nas redes sociais mostram explosões em depósitos de munição, especialmente em Lugansk, Nova Kakhovka e outros locais controlados pela Rússia, testando o poder e a precisão dessa nova arma.

Especialistas acreditam que esses novos sistemas não são uma solução definitiva e que a Ucrânia precisa de mais armas e sistemas de radar para derrotar os russos.

Para o analista Christopher Dougherty, do centro de estudos Center for New American Security, em Washington, os Himars não decepcionam. No entanto, acrescenta: “a arma em si não muda as coisas”.

MAIOR PRECISÃO

O M142 Himars (High Mobility Artillery Rocket System) é uma plataforma móvel de lançamento de foguetes montada em blindados que pode transportar mísseis guiados por GPS de 227 mm com um alcance entre 30 a 500 quilômetros, dependendo do tipo de projétil utilizado.

Ao contrário dos sistemas de foguetes que ambos os lados usaram na guerra, os mísseis Himars podem ser direcionados a alvos precisos, tornando-os mais confiáveis.

Atualmente, a Ucrânia tem 12 desses sistemas que podem lançar seis foguetes por vez e centenas de munições.

Além de serem altamente precisos, esses foguetes voam baixo e rápido para evitar as defesas aéreas russas. E com sua enorme mobilidade, são muito difíceis de rastrear e destruir.

Desde junho, a Ucrânia tem artilharia de alta precisão fornecida por outros aliados, como obuses franceses Ceasar, e na semana passada os Estados Unidos anunciaram que poderiam fornecer 1.000 cartuchos de uma nova artilharia guiada com precisão.

Eventualmente, os militares russos se adaptarão e posicionarão seus depósitos mais longe da linha de frente, dizem os analistas, mas isso complicará sua logística.
Além disso, o número de caminhões russos diminuiu por causa da guerra.

Phillips O’Brien, professor de estudos estratégicos da Universidade St Andrews, na Escócia, diz que os sistemas Himars fazem parte de uma estratégia mais ampla para atingir a logística russa e forçá-los a atrasar suas defesas aéreas.

Isso deixaria a artilharia russa na linha de frente, principal carta ofensiva de Moscou, menos protegida das forças aéreas e terrestres ucranianas.

Enquanto isso, Kiev pressiona Washington a fornecer mísseis ATACMS, compatíveis com os Himars e com alcance de 300 quilômetros.

“Nossas autoridades estão negociando em todos os níveis com os representantes dos Estados Unidos sobre a necessidade de nos fornecer mísseis para os Himars de maior alcance”, disse Fedir Venislavskyi, parlamentar ucraniano.

Até agora, a Casa Branca negou o possível uso de certas armas para atacar alvos dentro do território russo, o que poderia levar os Estados Unidos e a Otan diretamente à guerra.