Edição de outubro/2019 – p. 04

Mulheres e crianças na mira do tráfico de pessoas

“É imprescindível que as pessoas tomem conhecimento do avanço absurdo do tráfico internacional de mulheres e de crianças, que atinge dados alarmantes. Nós – pais, educadores e autoridades – precisamos estar atentos mediante o inimigo voraz. A rede de pedofilia tomou proporções inimagináveis com tráfico de bebês, estupro e sequestro de crianças, crimes que escravizam mulheres no mundo. Os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que há mais de quarenta milhões de pessoas escravizadas – tidas como desaparecidas –, e não podemos cruzar os braços e esperar que o crime ocorra ileso”, relata a advogada e palestrante Anna Alves-Lazaro – Comunicadora Social, habilitada em Relações Públicas, Ativista dos Direitos Humanos e pesquisadora com relatos da História de Escravidão.

O novo relatório da ONU, do dia sete de outubro de 2019, denuncia o avanço do tráfico de pessoas no mundo, com a exploração sexual das vítimas sendo a principal causa por trás do fenômeno. Segundo o levantamento, que analisou dados de 142 países, as crianças representam 30% de todos os indivíduos traficados, com o número de meninas afetadas sendo bem maior que o de meninos.

Ministrando palestra com o tema, “Tráfico Humano: Por que eu Deveria me Preocupar?”, Anna Alves alerta sobre o perigo iminente de quadrilhas que traficam bebês – exploração de crianças e mulheres –, conectadas a organizações criminosas que lucram ilicitamente até 150 bilhões de dólares. Conta, nesse contexto, tráfico de órgãos, casamento forçado de menores, trabalho escravo e prostituição. “Os Estados Unidos estão em primeiro lugar no mundo em pornografia infantil e estupro infantil. Temos que combater com mais força, conscientizando e orientado”, alerta a advogada.

“Nas minhas palestras, ao apresentar dados do tráfico humano, vejo que as pessoas se mostram perplexas, alegando que desconheciam detalhes de crimes de abusos de crianças e de mulheres no mundo. O tráfico se propaga pela desinformação e a minha tarefa é informar, denunciar a escravidão humana, que vem desde os tempos de Roma antiga. Combater essa prática criminosa é um trabalho longo, árduo, que se fortalece através de palestras e campanhas de conscientização. Faço parte deste trabalho como cidadã, mãe e avó. Penso no futuro dessa geração propensa à fatalidade, manipulada por pessoas mentalmente doentes, que alimentam grupos criminosos – redes de pedofilia”, argumenta com veemência.

Anna Alves-Lazaro

Anna Alves-Lazaro aponta que segundo publicação da Organização Internacional do Trabalho, em 2016, o trabalho escravo lesou 24,9 milhões de pessoas no mundo. “Na questão infantil, no mesmo ano, a Organização Internacional do Trabalho informou que cerca de cinco milhões de crianças foram traficadas para se tornarem escravas do sexo. Veja que estatística assustadora”, enfatiza. “E de acordo com o Departamento de Estatísticas dos Estados Unidos, duzentas e quarenta e quatro mil crianças estão sob o risco de serem traficadas. É um comércio transinternacional que sequestra pessoas do terceiro mundo para os Estados Unidos e Europa”.

Perfil do traficante

Indagada sobre o perfil desses indivíduos que atuam a favor de quadrilha internacional do tráfico humano, a advogada foi enfática: “não vamos nos deparar com aquele traficante com os braços tatuados, com corrente de ouro no pescoço ou algo assim, como se vê em filmes. Isso é mito. Trata-se de um crime muito bem organizado, que envolve pessoas da esfera política, seja do Legislativo, empresários, gente influente no meio social que não têm um padrão do traficante convencional. A situação é bem mais complexa do que possa supor”.

“Faço um alerta aos pais em Orlando para que não deixem os seus filhos sozinhos, que não descuidem das crianças um minuto sequer ou poderão ter surpresas desagradáveis. Todos os dias, crianças são abusadas e violentadas”, avisa a advogada. “Isso lembra um fato drástico que aconteceu em um Outlet aqui de Orlando. A mãe, de origem argentina, fazia compras e descuidou do filho de quatorze anos, o menino desapareceu repentinamente. A mulher entrou em desespero, mas a polícia disse a ela que a possibilidade de reencontrar a criança era praticamente remota. O garoto foi sequestrado”.

Segundo a advogada, quando questionada de onde vem o perigo – pedófilos e traficantes –, “pode estar dentro da sua casa”, não hesita na resposta. “Em cada cinco crianças abusadas, quatro são abusadas por pessoas da família. O pedófilo pode ser um amigo, um vizinho, compreende? Os pais devem conversar com os seus filhos, falar do perigo iminente e do cuidado com pessoa conhecida ou um estranho. A criança deve informar os pais quando alguém a toca em suas partes íntimas. São fatores essenciais para prever a investida do pedófilo, inclusive, nos parques de diversão”, diz a advogada.

“As famílias brasileiras chegam aos Estados Unidos desarmadas porque acham que aqui é um país é seguro para os seus filhos. Nada disso, o meu filho foi assaltado aqui, o perigo está em todos os lugares. A minha filha por pouco não foi traficada, mas pela graça de Deus eu consegui contornar a situação. O vilão dessa trágica realidade era da mais absoluta confiança, de dentro da minha casa – evita entrar em detalhes. E com o índice preocupante de crianças sequestradas é preciso redobrar os cuidados. Os pais devem verificar a internet dos filhos, os aplicativos e saber o que estão acessando”, orienta.

A advogada lembra o Marxismo Cultural que tentou devastar a família ao longo dos séculos, através de Karl Marx, em seu esforço socialista identificou a família e a religião como os principais obstáculos do movimento. “Desde o Marxismo Cultural tentam desestruturar a família, desestruturar a mulher, desestruturar o homem com atitudes nefastas. Nesta linha de abominações temos a mulher que se diz feminista e, na maioria das vezes, não sabe o que é o feminismo”, critica.

“Temos que sair de cima do muro”

“É preciso se posicionar, saber de que lado se está exatamente e fazer a sua parte. Contribuir nessa luta que requer astúcia e um trabalho diário no combate ao tráfico humano. Temos que sair de cima do muro porque quem fica em cima do muro é o ladrão. O tráfico humano é uma realidade que precisamos combater com ímpeto. O tráfico humano é a mudança comportamental que leva a pornografia. E o consumo de pornografia contribui para o tráfico. A pornografia é um subproduto do crime. As casas de massagens, pole dance são meios que contribuem para o fortalecimento do tráfico de pessoas”, complementa.

“Passei por treinamentos nos Estados Unidos com ONGs que trabalham no combate à pedofilia e ao tráfico de pessoas com resultados muito positivos. Procuro passar alguns ensinamentos durante as minhas palestras para cidadãos acima dos doze anos de idade. Evidente que o tempo da palestra não é o suficiente, então dou treinamentos gratuitos para famílias e pessoas imbuídas na causa. Passo ensinamentos de como identificar o traficante, os cuidados devidos dos pais com os seus filhos”, enfoca. “Criei um Centro de Treinamentos e conto com alguns voluntários no atendimento de pais e pessoas interessadas nos ensinamentos de combate ao tráfico de pessoas”.

Anna Alves-Lazaro vem trabalhando no projeto de um livro onde estarão relatadas as suas experiências ao longo de sua trajetória como Ativista dos Direitos Humanos. O livro, que em breve será lançado, aborda o tráfico humano, abuso e exploração sexual infantil. “O livro é um documento de extrema relevância, com dados imprescindíveis, esclarecendo e norteando os pais, evitando que o seu filho seja uma vítima do tráfico internacional de pessoas”, orienta.

No dia 26 de julho, às 9 pm, a advogada Anna Alves-Lazaro – natural do Recife – irá proferir palestra, “Tráfico Humano: Por que eu Deveria me Preocupar?”, no “Focus Brasil – Orlando”, no  I-Drive Nascar (5228 Vanguard St, Orlando, FL 32819.

Serviços

Anna Alves-Lazaro

Contato: 407-360-3426

Fonte: Nossa Gente