A série original Globoplay, desenvolvida pelos Estúdios Globo, traz em 12 capítulos a…

A série original Globoplay, desenvolvida pelos Estúdios Globo, traz em 12 capítulos a história de uma inimizade que atravessa décadas. Travando uma guerra sem tréguas, as vizinhas vão às últimas consequências para infernizar a vida uma da outra. De um lado, Turandot (Arlete Salles); do outro, Yolanda (Vera Holtz), a “Boi” – apelido dado pela primeira, ao concluir que “vaca” está fora de moda.

Ninguém sabe quando tudo começou, mas já aposentadas, viúvas e, portanto, dispondo de tempo livre o suficiente nas mãos, nenhuma delas tem a menor intenção de propor um tratado de paz. Em meio a esse embate, o neto em comum, Roblou (Daniel Rangel), tenta sobreviver ao ambiente hostil onde foi criado e se agarra à única oportunidade que encontra em seu caminho: Demimur (Valentina Bulc), menina cheia de sonhos com quem descobre as alegrias e as dores do amor. É pelo seu ponto de vista, um tanto fragilizado, que o público acompanha as constantes desavenças entre as duas senhoras.

Criada e escrita por Miguel Falabella, com Flávio Marinho e Ana Quintana, a partir de uma ideia original de Eduardo Hanzo, a obra tem direção artística de Paulo Silvestrini e direção de Mariana Richard.

Yolanda, a Boi (Vera Holtz), Roblou (Daniel Rangel) e Turandot (Arlete Salles). credito Globo Estevam Avellar

ENTREVISTA

Eu, a Avó e Boi– Entrevista com Vera Holtz

1) O que mais chamou a sua atenção na Boi, sua personagem na trama, quando recebeu o convite para interpretá-la?

O significado desse projeto para mim foi receber o convite do Paulo Silvestrini. Achei muito bacana trabalhar com o Paulo em um trabalho dele que era muito peculiar para mim, porque ele não é do humor. Pensei que seria curioso trabalhar dentro de uma dramaturgia historicamente de comédia, do Miguel Falabella, com um diretor que teria um outro olhar. Essa foi a primeira coisa que me chamou a atenção. Eu também gostei muito da ideia de trabalhar com a Arlete, com quem eu nunca tinha trabalhado. E a equipe era maravilhosa! Isso também me atraiu muito. Eu gosto dessas personagens que não têm passado, não têm futuro, vivem o tempo presente. Que aparentemente não tem moral, não tem regras. Elas são o que são. A Boi não está nem aí. Ela não gosta da Turandot (Arlete Salles) e você não sabe o porquê. Ela não gosta, simplesmente. E tem esse direito. As duas têm o mesmo namorado, mas e daí? Se sair com a Turandot, vai ter que sair com ela. Não tem discussão. Essas regras que se estabelecem internamente em um universo tão pequenininho, esse não ontem e não amanhã, me chamam muito a atenção na obra.

2) Como você define a Boi?

A Boi é uma mãe masculina, de homens. Sua família é mais direta, sem rodeios, sem essas discussões de relacionamento que acontecem na casa da Turandot. As questões da Turandot são outras. As da Yolanda, ou Boi, são de sobrevivência, de ter que ganhar dinheiro. Não há julgamentos também. A preocupação dela, na verdade, é perder da outra a quem odeia. Agora, a Boi é meio golpista, territorial, defende o que é seu.

 3) Como foi a dobradinha com a Arlete Salles? E a interação com os outros atores do elenco?

A minha relação com a Arlete foi muito afetiva. Eu sempre a admirei como atriz. Participamos de algumas novelas, mas eu sempre vendo a Arlete lá, gravando, e eu em outro núcleo. Ela tem uma tragicomédia dentro dela e vai de um lugar para outro com uma facilidade que eu admiro muito. Já fez muito trabalho com o Miguel então, para mim, também foi muito importante a referência da Arlete para entender a linguagem dele – assim como foram a Stella Miranda e a Eliana Rocha. Eu ficava observando para ver como é organicamente a palavra do Miguel. Foi um encontro de muita afetividade, identificação, amizade e companheirismo. Ficávamos, às vezes, horas conversando e o assunto não se esgotava. Foi uma surpresa.

 4) Para você, como foi participar de um trabalho que nasceu de uma história da internet e que foi feito para a internet? Muda alguma coisa? Qual é a sua relação com esse universo?

O streaming é o futuro, não tem jeito. Hoje em dia as pessoas querem ter o entretenimento delas na hora que elas querem, do jeito que elas quiserem. Elas não terceirizam mais o desejo, que é individual. Eu achei bastante interessante a história narrada na internet pelo Eduardo Hanzo, e achei muito importante ele ter ido nas gravações. Achei bacana a dobradinha entre ele e do Miguel fazer uma releitura do universo do Eduardo. Esse é o nosso presente. Nosso presente é a web.

Fonte: Brazilian Times