O Sudão, que enfrenta uma grave crise humanitária intensificada pelo aumento da inflação a nível global, está lidando também com o pior surto de dengue em mais de uma década, com mais de 1.400 casos registados em 2022.

Citado esta segunda-feira pelo jornal britânico The Guardian, o diretor-geral de emergências do ministério da Saúde sudanês, Muntasir Osman, disse que o ano de 2022 tem sido muito duro para o terceiro maior país do continente africano.

Segundo o governo, metade dos 18 estados do país registraram casos de dengue, e no total, morreram nove pessoas (incluindo uma criança). No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) adverte que o real número de casos deverá ser muito superior, dadas as dificuldades da população (uma das mais pobres do mundo) em ser diagnosticada por profissionais de saúde.

“Por razões econômicas, o país perdeu muitos empregos essenciais em termos de medicina preventiva. Já não temos staff habituado a trabalhar em saúde preventiva ou trabalhadores preparados para enfrentar um problema deste gênero”, explicou Osman.

O dengue é uma doença grave e contagiosa que, à semelhança da malária, se espalha através de mosquitos que habitam perto de fontes de água e em climas tropicais. Os principais sintomas são semelhantes aos de uma gripe e, sem tratamento, pode resultar em falência de órgãos e na morte da pessoa.

Entre as regiões mais afetadas está o Darfur, uma das zonas mais pobres de todo o mundo, que recentemente tem assistido também a um aumento da violência tribal e a uma onda de homicídios violentos.

O diretor-geral de emergências esclarece ainda que o aumento de casos deve-se às fortes chuvas e ao aumento das temperaturas, condições que proporcionaram um crescimento da população de mosquitos com potencial para espalharem a doença. Já a OMS também aponta o dedo ao golpe militar de outubro, já que, após a queda do governo, o preço de produtos essenciais subiu ainda mais.

“Algumas pessoas têm sintomas ligeiros, outras procuram tratamentos tradicionais ou usam apenas remédios caseiros e, portanto, não são registadas por entidades de saúde. O que tem sido registado pelas autoridades de saúde são casos mais graves que precisam de internamento e cuidado profissional”, acrescentou Nima Saeed Abid, diretor da OMS no Sudão, ao The Guardian.