SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da França, Emmanuel Macron, apresentou nesta quinta-feira (17) seu plano de governo para um segundo mandato à frente do país, duas semanas após anunciar oficialmente sua candidatura. O primeiro turno das eleições presidenciais ocorre no dia 10 de abril.

Calcado na retomada de propostas de reformas econômicas -dificultadas em seu primeiro mandato em meio a grandes protestos e a chegada a pandemia da Covid-19- o programa de 30 páginas também projeta uma França com maior gasto militar e que busca mais autonomia em setores considerados estratégicos por Macron.

Em entrevista coletiva em Aubervilliers, nos arredores de Paris, o presidente francês estimou que o plano custaria em torno de 50 bilhões de euros por ano, além de 15 bilhões de euros em cortes de impostos para empresas e famílias.

Segundo o mandatário, uma das formas de financiar os gastos seria a simplificação e unificação dos sistemas de previdência na França e o aumento da idade mínima de aposentadoria de 62 anos para 65. Em 2019, centenas de milhares de franceses foram às ruas para protestar contra as propostas do governo para o tema.

“É normal, sobretudo diante da situação atual das contas públicas, que trabalhemos mais”, afirmou Macron.

A referência às finanças do país evoca os esforços feitos pelo país para tentar conter a pandemia da Covid-19. A França prevê uma dívida equivalente a 113% do PIB em 2022.

Pesa a favor do presidente, por outro lado, a retomada do crescimento econômico depois do caos pandêmico, além de uma taxa de desemprego de 7,4%.

“A taxa de desemprego é a mais baixa em quase 15 anos. Ninguém imaginaria que pudéssemos ter esses resultados saindo de uma das crises econômicas mais graves das últimas décadas”, afirmou a ministra do Trabalho e Emprego Elisabeth Borne em um programa à rádio pública France Inter.

Macron é favorito para vencer o primeiro turno e deverá enfrentar, na segunda etapa do pleito, Marine Le Pen, derrotada em 2017, ou o polemista Eric Zemmour, ambos vindos da extrema-direita e respectivamente na segunda e terceira posição nas pesquisas.

O mandatário apelou aos eleitores dos dois concorrentes ao prometer deixar mais estritas as condições para que um estrangeiro consiga permissões de residência, reforçar o controle de fronteiras e facilitar a expulsão de pessoas que tenham tido sua solicitação de refúgio recusada pelo governo.

Os dois adversários atualmente também tentam se descolar de um passado recente de elogios ao presidente russo Vladimir Putin, hoje o grande rival da União Europeia, projeto do qual Macron se coloca como entusiasta desde a campanha para seu primeiro mandato e promete reforçar no segundo termo.

Macron encarnou o papel de mediador do então apenas possível conflito na Leste Europeu e se encontrou com Putin nos momentos de tensão antes da invasão da Ucrânia. O que aos olhos do mundo pareceu um fracasso, internamente se desdobrou no aumento do favoritismo do mandatário para a reeleição.

Com a guerra em solo europeu, o francês reforçou na entrevista coletiva em que anunciou seu plano de governo que vai aumentar os gastos militares “para poder enfrentar uma guerra de alta intensidade, que pode voltar ao nosso continente”. Ele também afirmou que quer dobrar o número de reservistas na França.

Outro ponto-chave do programa ressaltado por Macron para o segundo mandato é o aumento “massivo” de investimento para o que chamou de independência dos setores agrícola e industrial, além da apresentação de um plano de investimento em energias limpas.

O presidente reforçou a intenção de que o país alcance a neutralidade de carbono até 2050, reduzindo a dependência de gás e petróleo e impulsionando sua principal fonte de energia atual, a nuclear, com a construção de novas usinas.