(FOLHAPRESS) – Jordan Bardella. Guarde esse nome, você vai ouvir falar dele. Nova estrela da ultradireita na França, Bardella foi eleito, no sábado (5), aos 27, presidente do Reunião Nacional, partido de Marine Le Pen.

Não só pela idade, o feito é histórico porque é a primeira vez que um não Le Pen comanda a legenda que virou a segunda força política do país. Nas eleições presidenciais deste ano, Le Pen e o Reunião Nacional foram pela segunda vez ao segundo turno contra Emmanuel Macron –perderam nas duas oportunidades.

Mas, além de a margem da derrota ter sido menor agora em comparação com quatro anos atrás, a sigla tem hoje a segunda maior bancada da Assembleia Nacional. Criado sob o nome de Frente Nacional em 1972 por Jean-Marie Le Pen, que disputou a Presidência da França cinco vezes até 2011, o Reunião Nacional viu sua liderança ser passada após 39 anos para a filha de seu fundador, Marine.

Para pavimentar o caminho às próximas eleições presidenciais, em 2027, ela optou por focar o trabalho legislativo, cedendo a chefia do partido. É aqui que entra Bardella, presidente-interino nos últimos meses.

“Ela é a líder política e eu sou o general de seu exército”, disse o rapaz em entrevista recente à Reuters. “Eu cuido da Europa, enquanto ela cuida da França.” Bardella se referia ao fato de que, até agora, ele atuava pelos interesses do partido como eurodeputado, em Bruxelas. Mas isso mudou nos últimos dias.

No sábado, ganhou a presidência de fato, com 84% dos votos contra Louis Aliot, nome forte da legenda e companheiro de Le Pen por dez anos -eles viveram juntos de 2009 a 2019. Em um partido tão ligado a uma mesma família, a ascensão de Bardella poderia ser vista como surpreendente. Não é isso que acontece, já que a namorada dele, Nolwenn Olivier, é sobrinha de Marine e neta de Jean-Marie.

Mas não é apenas nesse quesito que Bardella se encaixa perfeitamente no Reunião Nacional. Suas ideias começaram a se formar em 2012, quando, aos 16 anos, entrou na sigla “mais por causa de Marine Le Pen do que pelo partido”. Foi subindo na organização até que, cinco anos depois, tornou-se eurodeputado.

Na campanha para o cargo, demonstrou que suas convicções não são tão estanques como as do conservador da velha guarda. Disse que um dos maiores desafios de sua geração era a crise climática, apesar de criticar o que vê como excesso de punições relacionadas ao ambiente no governo de Macron.

Opõe-se ao casamento de pessoas do mesmo sexo, ainda que aceite o fato de que a lei que o permite foi assimilada pelos franceses. Também se declarou a favor do uso da cânnabis, mas só para uso médico.

Por outro lado, sua política migratória é simples e retrógrada: defende o corte de todos os serviços sociais para quaisquer imigrantes em situação irregular. Segundo sua visão, os serviços para os franceses também seriam reduzidos, e a autoridade do Estado, endurecida. De ascendência italiana, Bardella também já propagou a teoria da conspiração da Grande Substituição, que diz que as elites estão por trás de um plano para substituir gradativamente os brancos cristãos da Europa por negros muçulmanos.

Em um caso recente, quando um político socialista e muçulmano foi reeleito em uma vila, disse que a localidade era uma “república islâmica”. Bardella teve que responder na Justiça. Em outro episódio, ele declarou apoio ao grupo radical Geração Identidade após a organização ser dissolvida pelo governo.

Segundo o ministro do Interior, Gérald Darmanin, o grupo promovia “ideologia que incita a discriminação de pessoas que não pertencem à nação francesa e prega ódio e violência contra os estrangeiros, ao apresentar a imigração e o islamismo como ameaças contra quem os franceses devem lutar, além de propositadamente manter confusa a diferença entre muçulmanos e terroristas”.

Para alguns analistas, caso Le Pen não vença em 2027, ele será o sucessor natural no partido para 2032. Para seus seguidores, Bardella será presidente. Guarde bem esse nome. Você ainda vai ouvir falar dele.