ilustração mãe e criança
Image caption Mãe e filho sobreviveram à queda do ‘califado’, mas ela foi forçada a decidir entre ficar com sua família yazidi ou a criança

Adam tem olhos verdes e cabelos dourados. Não se parece em nada com os irmãos nem com a irmã.

“Passei a amá-lo no momento em que o ouvi chorar pela primeira vez”, conta Jovan, a mãe do menino.

Para Jovan, o filho representava uma luz na escuridão. Mantida em cativeiro pelo pai do menino, um combatente do Estado Islâmico, ela se viu forçada a escolher entre Adam e o resto da família.

Antes de tudo acontecer, Jovan amava a vida que tinha.

Ela vivia com o marido Khedr na vila onde cresceram, no Iraque. Adorava, em especial, as noites de verão, quando bebiam chá na cobertura da casa onde viviam.

Subiam assim que as crianças dormiam. E admiravam o céu sem nuvens e cheio de estrelas.

“Era muito feliz. Vivi a melhor vida possível”, diz.

Começo da tragédia

Mas tudo mudou pra sempre na vida de Jovan e Khedr em agosto de 2014.

Um dia, logo depois do almoço, dois carros pretos chegaram à vila. Mesmo sem entender exatamente o que estava acontecendo, o casal sabia que aquilo era um sinal de perigo.

Os carros traziam homens do temido grupo extremista Estado Islâmico. Alguns rostos, contudo, eram familiares. Eram da vila vizinha e Khedr os conhecia.

Os homens prometeram que ninguém se machucaria se todos colaborassem.

Direito de imagem Getty Images
Image caption O marido de Jovan foi autorizado a ir às montanhas para tentar convencer outros moradores que fugiram a voltarem para casa

A família de Jovan e Khedr foi coagida, junto com outras 20 famílias, a viajar num comboio para outra vila no Monte Sinjar.

O casal não percebeu, mas era um ataque coordenado e multifacetado, promovido pelas bases do EI no Iraque e na Síria. No começo do ano, o grupo já havia conquistado cidades perto de Bagdá.

Perto da vila onde o casal morava fica Mossul, a maior cidade do norte do Iraque que também fora conquistada pelo Estado Islâmico cinco meses antes.

A notícia se espalhou rápido no vale e, quando o comboio parou uma hora depois da partida, muitos moradores já tinham fugido para áreas no alto do Monte Sinjar.

Cerco e morte

O líder do comboio disse a Khedr para ir às montanhas e convencer outros moradores a voltarem para casa – não haveria violência, disseram.

“A gente deu o recado, mas ninguém acreditou”, disse Khedr, que viu o próprio irmão fugir para as montanhas.

Khedr queria voltar para ficar junto com a mulher e os filhos, mas o irmão dele disse que seria um ato suicida. Os extremistas do EI são conhecidos por matar homens que acreditam não ter serventia para eles. E Khedr, assim como a esposa, é de um grupo religioso particularmente vulnerável: os yazidis.

Não há escolha para os yazidis, que têm origem curda e seguem uma religião que mistura elementos do zoroastrismo com islã e crenças que remontam à antiga Mesopotâmia.

Os que fugiram para as montanhas para escapar do Estado Islâmico ficaram encurralados. Sem água ou suprimentos, centenas deles morreram no local, que registrava temperaturas acima de 50 graus.

Direito de imagem Getty Images
Image caption Na tentativa de fugir dos combatentes do EI, muitos moradores de vilas no Iraque buscaram refúgio no Monte Sinjar

Outros milhares que ficaram no pé da montanha foram capturados pelo EI. Famílias foram separadas – meninos foram levados à força para os campos de treinamento, meninas e mulheres transformadas em escravas sexuais. Homens que se recusaram a se converter ao islã foram executados.

Não se sabe ao certo quantos yazidis foram sequestrados pelo EI. Um representante da ONU estima que 400 mil yazidis viviam em Sinjar à época da chegada do EI, milhares foram mortos e mais de 6 mil, a maioria mulheres e crianças, foram escravizadas, estupradas, agredidas e vendidas.

Jovan e seus três filhos, além de outras 50 mulheres e crianças da vila, foram colocados na carroceria de um caminhão. Foram levados para Raqqa, na Síria, cidade que era então a “capital” do grupo.

“Não podíamos fazer nada para nos defender”, disse Jovan, que só foi reencontrar o marido quatro anos depois.

Escravas sexuais

Ela percebeu que o lugar para onde foi levada em Raqqa era um mercado de escravos. Ficaram num prédio de três andares cheio de outras mulheres e crianças – um total de 1.500 pessoas.

Jovan diz que conhecia muitas das mulheres que lá estavam. Eram parentes e vizinhas de diferentes vilas.

“Tentávamos dar esperança umas às outras de que um milagre aconteceria e seríamos libertadas”, diz ela.

Mas isso não aconteceu. Jovan foi forçada a sortear qual combatente do EI ficaria com ela. Foi parar nas mãos de um homem da Tunísia apelidado de Abu Muhajir al Tunisi, um comandante de alta patente – jovem e magro, com uma barba longa.

Image caption Jovan tentou fugir mais de uma vez mas, toda fez que a fuga era descoberta, ficava trancafiada

Esperava-se que ela se convertesse ao islã para, então, se casar com ele.

Ela chorou por dias a fio. Tentou fugir três vezes, mas fracassou. Escapar com três crianças não era uma tarefa muito fácil. O caçula tinha 3 anos na época.

Toda vez que a tentativa de fuga era descoberta, Abu Muhajir a trancava no quarto.

“Realmente pensei que seria melhor me matar, mas em seguida pensava nas minhas crianças. O que aconteceria se eu as deixasse?”, diz Jovan.

Chegou à conclusão de que não tinha outra escolha senão se converter ao islã. O destino dela estava definido.

Jovan ainda está traumatizada para falar sobre o cativeiro. Mas ela conta que Abu Muhajir permitiu que ela ficasse com os filhos e prometeu cuidar de todos.

Muitas crianças yazidi foram separadas das mães – meninos foram levados a campos de treinamento militar e as meninas usadas como empregadas domésticas e escravas sexuais.

Jovan, as crianças e o combatente do EI se mudaram para uma casa em Raqqa que havia sido abandonada pelos donos.

Atualmente, o EI controla territórios no Iraque e na Síria – uma área equivalente ao tamanho ao Reino Unido, de acordo com o Centro Nacional de Contraterrorismo dos EUA.

Mais um filho

Quando não estava no campo de batalha, o combatente que ficou com Jovan levava os filhos dela para brincar num parquinho perto de casa, cumprindo a promessa de tratar as crianças bem.

Mas a aparente estabilidade que Jovan encontrou nos primeiros cinco meses implodiu quando ela descobriu que estava grávida. “Não sabia o que fazer”, conta.

Direito de imagem Getty Images
Image caption Em 2014, combatentes do EI avançaram em cidades do Iraque, onde passaram a dominar territórios

A coalizão comandada pelos EUA bombardeava combatentes do EI quase todo dia e soldados iraquianos e curdos estavam lutando em diferentes frentes na Síria e no Iraque.

Abu Muhajir passava tanto tempo no campo de batalha que decidiu vendê-la para outro integrante do EI. Os yazidis mantidos em cativeiros eram negociados muitas vezes. Mas, quando ele ficou sabendo que Jovan estava grávida, mudou de ideia.

Aos sete meses da gestação, Jovan recebeu a notícia de que Abu Muhajir morrera durante um combate. Ela seria a única responsável pelo bebê.

Adam nasceu num momento em que Raqqa estava na mira dos EUA, que quase todo dia promoviam ataques aéreos na cidade.

Ela contou com a ajuda dos filhos Hawa e Haitham na hora do parto. Jovan diz que os irmãos não sabiam como deveriam se sentir em relação ao bebê, que tinha uma aparência muito diferente da deles.

“Acho que minhas crianças o amavam. Cuidaram dele. Principalmente Hawa, minha filha e também minha melhor amiga. Ela dava comida ao Adam e o ninava até ele dormir.”

Os frequentes bombardeios forçaram Jovan e seus filhos a ir de uma casa para outra. A eletricidade era cortada frequentemente. Geradores ajudavam, mas apenas quando encontravam combustível para mantê-los funcionando.

Conseguir comida também era difícil, e Jovan comia quantidades menores para que seus filhos pudessem ter mais.

“Às vezes tínhamos apenas pão, água e um pouco de açúcar. Sabia que se não comesse o suficiente, não seria capaz de amamentar Adam. Mas não tinha escolha.”

Apesar de todas as dificuldades, ela diz que Adam a fazia seguir adiante.

“Ele era magnético. Sei que não era do meu marido real e que o pai dele era um assassino, mas Adam tinha minha carne e sangue.”

Reencontro com o marido

De volta ao Iraque, Khedr, o marido de Jovan, nada sabia sobre o bebê. Na verdade, ele nada sabia sobre o paradeiro da família.

Quatorze meses haviam se passado desde que tinham sido sequestrados e ele ainda estava procurando pela mulher e os filhos. Toda vez que ouvia que uma mulher tinha sido libertada com as crianças, ele ia à fronteira conferir se era sua própria família.

Até o dia em que descobriu onde estavam. Ele os rastreou por meio de uma rede de traficantes de pessoas que estavam comprando mulheres e crianças yazidis das mãos do EI. Khedr precisou pagar US$ 6 mil por criança.

Haitham, Hawa e Azad voltaram para os braços do pai. Jovan, no entanto, ficou em Raqqa por mais dois anos. Ela não tinha certeza se Khedr aceitaria Adam como filho.

Por meses Khedr sofreu sem saber o que fazer. Seguidores da religião yazidi, uma das mais antigas religiões monoteístas do mundo que tem menos de um milhão de fiéis, devem seguir regras rígidas.

Uma dessas regras estipula que quem abandona a religião não pode retornar, mas o Conselho Espiritual Yazidi flexibilizou essa regra para aceitar mulheres raptadas e forçadas à conversão religiosa pelo EI.

A situação dos filhos de militantes do EI, no entanto, era muito diferente. A religião diz que só se pode nascer yazidi, não se pode converter em um. Então, uma criança só pode ser aceita se ambos os pais forem yazidis.

Jovan estava vivendo com outras viúvas de sequestradores do EI. Todas elas temiam voltar para a vila em Sinjar por causa desse tabu.

“Algumas tiveram mais de uma criança com mais de um combatente do EI, então tinham muito medo de voltar para as próprias famílias”, conta Jovan.

Khedr finalmente decidiu que os filhos precisavam da mãe e disse a Jovan que Adam também era bem vindo.

Depois de passar quatro anos fora de casa, Jovan fez a viagem de volta à vila com Adam, que já engatinhava nessa época.

Image caption Khedr acabou descobrindo o paradeiro da família e, para tê-los de volta, precisou pagar traficante de pessoas

Rejeição

Mas depois de alguns poucos dias, os ânimos mudaram. Jovan diz que a família dela começou a tentar persuadi-la para desistir de ficar com um filho de um combatente do EI.

“Começaram a me falar da importância da nossa religião, e como nossa sociedade jamais aceitaria um muçulmano filho de um pai do EI.”

Khedr levou Jovan para um encontro com Sakineh Muhammed Ali Younes, que administrava um orfanato em Mossul. Tinha a esperança de convencer a esposa a deixar o filho ali. Sakineh diz que passou horas tentando convencer Jovan.

A diretora do orfanato diz que Khedr estava frustrado e chorava. Jovan abraçava Adam, dizendo que não iria desistir dele.

“As lágrimas caíram pelo rosto quando ela entregou o filho. Não há nada pior do que tirar uma criança yazidi da mãe. É como cortar um pedaço do coração dela”, diz Sakineh.

“Mas os desejos da comunidade são mais importantes que o sentimento individual. O marido dela e eu concordamos que pegaríamos a criança de qualquer maneira. No final, não houve outro jeito senão mentir.”

Sakineh disse a Jovan que ela deveria deixar Adam apenas por algumas semanas, porque ele estava doente e fraco e, por isso, precisava de cuidados.

“Disse a ela: ‘Seu filho fica sob minha guarda até encontrar uma solução para o problema’. Quando ela segurou minha mão, senti como se uma chama tivesse se apagado dentro dela.”

Image caption ‘Eu senti que tinha traído meu filho’, disse Jovan, depois de ter deixado Adam no orfanato

A celebração do ano novo deveria ter sido um momento de felicidade para Jovan – a primeira festa com a família depois de anos separados. Foram comprar juntos tintas coloridas para decorar ovos cozidos, uma tradição yazidi.

Apesar de estar em companhia dos filhos, que ela ama, o desespero passou a tomar conta. Poucos dias depois de deixar o orfanato, ela resolveu aceitar a situação e manter o foco nas suas três outras crianças. Mas concluiu que seria impossível se concentrar apenas nos filhos de Khedr.

“Eu pensava em Adam a todo momento”, disse. “Sonhava com ele todas as noites. Como poderia esquecê-lo? Amamentei ele, é meu bebê. É errado sentir falta dos nossos filhos?”

Depois de algumas semanas, Jovan não conseguiu suportar a situação. Tomou uma decisão que não tinha mais volta. Disse aos filhos que iria à cidade de Dohuk para fazer terapia para o trauma. Mas, na verdade, voltou ao orfanato.

“Foi terrível o dia que em que os deixei”, diz ela. “Eu senti que tinha traído meu filho. Minhas outras crianças já estavam crescidas (o mais velho já era adolescente), e eles tinham o pai. Mas o Adam não tinha escolha. A pobre criança não tinha absolutamente ninguém, e eu sentia falta dele dia e noite.”

Quando Jovan chegou ao orfanato, disseram a ela que Adam estava doente e que ela não poderia vê-lo.

Mas Sakineh acabou revelando, depois de dois ou três dias, que o orfanato não tinha condições de manter tantas crianças vítimas do conflito e colocou algumas das crianças para adoção, por meio de um juiz local.

Segundo relata Sakineh, ela falou expressamente ao juiz que Adam e outras quatro crianças cujas mães haviam sido sequestradas por combatentes do EI não deveriam ser oferecidas para adoção uma vez que as mães poderiam, um dia, reivindicar a guarda delas.

Direito de imagem Getty Images
Image caption Ovos pintados e decorados é uma tradição yazidi para celebrar o ano novo

Ainda assim, Adam foi entregue para adoção.

Sakineh conta que Jovan chorou sem parar quando ouviu a notícia.

Não conseguiu voltar para casa e encarar a família. Foi parar num abrigo de mulheres refugiadas no norte do Iraque. Meses depois, Khedr se separou dela e mandou avisar que ela não poderia ver os outros filhos.

De volta à aldeia, Khedr está triste, mas continua irredutível.

“Sei que não era a culpa (do Adam). Disse que foi vontade de Deus que ele nascesse. Acho que se ele fosse culpado, tinha deixado ele na Síria para morrer. Se fosse uma pessoa ruim, teria matado ele, mas não o fiz. Deixei ele viver e paguei para trazê-lo com minha mulher.”

“Mas quando (o EI) chega e mata sua família inteira, leva sua mulher e tem um filho com ela, não dá para aceitar. Ninguém aceitaria isso, não importa em qual religião você acredita.”

Os filhos do casal divergem sobre o que aconteceu. O mais velho, Haitham, compartilha o mesmo sentimento do pai, dizendo que não poderia aceitar uma criança do EI como irmão.

“Minha mãe nos deixou por outra criança”, diz ele. Haitham afirma ainda que o irmão mais novo, Azad, passou meses perguntando pela mãe depois que ela saiu, mas agora já parou.

“Disse a ele que nossa mãe não vai voltar, então ele não precisa esperar. Depois disso ele parou de procurar por ela.”

Mas Hawa – a menina que ninava Adam em Raqqa – pensa diferente. “Quando nossa mãe estava em casa, tudo era muito bom. Queria que ela voltasse, mas acho que era direito dela sentir falta do Adam.”

Outras mulheres afetadas

Jovan não é a única mãe que enfrentou esse dilema horrível.

A BBC News conversou com 20 mulheres yazidis que tiveram filhos de combatentes do EI. Nenhuma delas foi capaz de levar as crianças para casa. Muitas foram forçadas a deixar as crianças na Síria, antes de voltar para o Iraque.

Uma delas é Laila, que tinha 16 anos e foi levada pelo EI à Síria. Ela teve dois filhos com o sequestrador, mas um comandante curdo disse a ela que as crianças eram “do demônio”.

“Não sabia o que fazer. Queria voltar para casa e não tive essa escolha.”

Laila conta que ainda sonha em ir à universidade e conseguir um trabalho que lhe dê dinheiro suficiente para procurar as crianças.

Direito de imagem Getty Images
Image caption Segundo as regras da religião, não é possível se converter em yazidi

“Eu apenas quero vê-los uma vez mais e morrer. Não quero nada mais.”

Laila está furiosa com o fato de o Conselho Espiritual Yazidi se recusar a mudar as regras que vetam crianças filhas de combatentes do EI serem aceitas pela comunidade.

“Às vezes, eu sinto que os homens yazidis não têm coração. Eles não são mulheres, não são mães e jamais podem compreender o que a gente passa.”

Apenas uma pessoa com a qual a BBC News falou ganhou permissão para manter um filho do EI. Rojin foi vendida, junto com a filha de quatro anos, para sete homens diferentes. Voltou ao Iraque quando estava grávida de dois meses. O médico orientou que, como a gravidez ainda estava no início, ela deveria convencer o marido a fingir que o filho era do casal.

O marido concordou. Pesou o argumento de que, com a criança, ficaria mais fácil pedir asilo no exterior.

Mas, ainda assim, Rojin vive com medo. “Se minha família ou qualquer um da comunidade descobrir a verdade sobre meu filho, eles vão levá-lo de mim ou vao me forçar a deixar minha casa e minha filha”, diz. “Penso nele todos os dias”, completa.

‘A vida era melhor com o EI’

Nos últimos 18 meses, Jovan recebeu assistência, mas ela ainda está muito fragilizada. No caderno dela, há desenhos dos dias em que passou em Raqqa.

“Às vezes acho que nossa vida era melhor com o EI. Estávamos sob cerco fechado, nossa vida era difícil mas, ao menos, tinha meus filhos comigo.”

“Eu não me feri (fisicamente) durante esses quatro anos, mas me senti machucada quando voltei ao Iraque. Estou ferida por causa do que minha família, minha comunidade e as regras fizeram para tirar meus filhos de mim.”

Jovan também está com tanta raiva do marido e tão decepcionada com a comunidade que decidiu continuar sendo muçulmana.

“Não quero mais fazer parte da comunidade yazidi. A verdade é que foi apenas por causa da religião que estou separada da minha família agora.”

Mas ela está apavorada com o fato de que ela ter sido afastada, para sempre, de seus três filhos mais velhos.

“Meu maior medo é que meus filhos me esqueçam ou não me perdoem porque os deixei. Mas continuo dizendo a mim mesma que eles não se esqueceriam da mãe deles.”

De acordo com Sakineh, Jovan pode retirar Adam da adoção, desde que ela possa provar, com um teste de DNA, que é a mãe do menino. No entanto, o fato de Jovan ser yazidi e a criança ter sido registrada como muçulmana – o registro leva a etnia do pai – poderia complicar o processo.

Por enquanto, Jovan diz que Adam está melhor onde ele está.

“Eu penso nele todos os dias. Mas eu acho que para meu filho é melhor viver com a outra pessoa por agora. É melhor para ele.”

Tudo o que ela alimenta é o sonho de que ela e todos os seus filhos acabarão, um dia, juntos.

“Espero que, um dia, se Deus tiver misericórdia de mim, possamos nos ver novamente.”

Alguns nomes foram alterados para proteger as identidades dos entrevistados.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Fonte: BBC