O Exército e a tropa de choque da polícia da Guatemala usaram forte violência no domingo (17) contra os integrantes de uma caravana de milhares de migrantes centro-americanos que se dirigiam aos Estados Unidos.

O grupo era formado por cerca de 6 mil migrantes, segundo dados oficiais, que deixaram Honduras entre quinta e sexta-feira. No sábado, outros 3 mil migrantes entraram na Guatemala sem respeitar os procedimentos na fronteira. Com isso, o número total de pessoas que compõem a caravana é de cerca de 9 mil.

Segundo as autoridades, cerca de 6 mil migrantes integram a caravana — Foto: Reuters/BBC

Durante os incidentes deste domingo na tentativa de dispersar o grupo na cidade de Chiquimula, perto da fronteira entre os dois países, várias pessoas ficaram feridas. O governo guatemalteco afirma ter deportado quase mil pessoas para Honduras nos últimos três dias por entrarem ilegalmente no país. O Procurador de Direitos Humanos da Guatemala, Jordán Rodas Andrade, classificou como “deploráveis” as ações das forças de segurança contra os migrantes e disse que é preciso exercer “empatia e solidariedade”. Os migrantes dizem que foram forçados a fugir da pobreza, violência e devastação causadas por dois grandes furacões em novembro do ano passado e querem chegar aos EUA via México.

‘Não há emprego em Honduras’

Depois de cruzar ilegalmente o ponto de fronteira de Florido, entre Honduras e Guatemala, os migrantes começaram a se concentrar na tarde de sábado em um posto militar em Vado Hondo, em Chiquimula. Lá as autoridades solicitaram documentos e um teste negativo para Covid-19, o que gerou conflitos que foram ficando mais violentos à noite. Na manhã de domingo, a caravana tentou tentar atravessar a barricada de mais de 3 mil policiais e soldados, mas foi repelida, segundo a autoridade de imigração da Guatemala.

Wilmer, um hondurenho da caravana de migrantes que atravessa a Guatemala, mostra uma foto de sua casa destruída pela tempestade Eta, motivo pelo qual decidiu ir para os EUA — Foto: EPA/BBC

Imagens de vídeo compartilhadas pelo governo guatemalteco e reproduzidas pela imprensa local mostram centenas de migrantes pressionando contra uma parede de soldados das forças de segurança. “Vários ficaram feridos, entre migrantes, militares e funcionários da imigração”, disse Alejandra Mena, porta-voz do Instituto de Migração da Guatemala (IGM), de acordo com a agência de notícias Reuters. As autoridades não informaram o número específico de feridos e mas disseram estar coordenando um trabalho para cuidar dos afetados. “Eles não têm coração, estamos arriscando nossas vidas”, disse Dixon Vázquez, de 29 anos, à agência de notícias AFP, que pediu às autoridades guatemaltecas que deixem o grupo seguir viagem. “Não há trabalho em Honduras”, disse ele.

Os migrantes dizem que foram forçados a fugir da pobreza, violência e devastação das poderosas tempestades que atingiram a América Central em 2020 — Foto: EPA/BBC

O governo do México, que reforçou os controles em sua fronteira sul, elogiou o trabalho da Guatemala por agir “com firmeza e responsabilidade” em relação aos contingentes de migrantes que “violaram sua soberania”, em um comunicado do seu ministério das Relações Exteriores na noite de sábado. O número de componentes da enorme caravana neste final de semana é ainda maior do que o organizado em outubro de 2018. Naquela ocasião, 7 mil pessoas conseguiram chegar à fronteira com os EUA, segundo dados das Nações Unidas. A primeira mobilização de migrantes em 2021 ocorre poucos dias antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden. Biden prometeu em sua campanha uma abordagem mais humana para a migração, em contraste com as políticas duras do presidente Donald Trump.

Os migrantes tentaram romper o muro humano formado pelas forças de segurança da Guatemala — Foto: Reuters/BBC

Nos confrontos houve golpes de paus e gás lacrimogêneo — Foto: Reuters/BBC

A caravana de migrantes tenta chegar aos EUA a pé — Foto: EPA/BBC

Fonte: Brazilian Press