WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Os EUA vão abrir centros para análise de processos de refugiados na Colômbia e na Guatemala, numa tentativa de reduzir o fluxo de pessoas que tentam atravessar a fronteira com o México irregularmente.

Dados da agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) apontam que no ano passado mais de 3 milhões de migrantes foram interceptados tentando ingressar em território americano sem permissão legal, aumento de 33% em relação aos 2,7 milhões registrados no ano anterior.
Em meio a esse recorde, o governo de Joe Biden corre para evitar uma explosão de um fluxo ainda maior com o fim de uma medida que expulsava migrantes para o México, a Título 42, que deve expirar em 11 de maio junto com o término do estado de emergência nacional devido à pandemia da Covid-19.

O nome da medida se refere a uma cláusula da Lei de Saúde Pública que permite ao governo impedir a entrada de estrangeiros durante emergências sanitárias. No começo da pandemia, em março de 2020, o então presidente Donald Trump acionou a regra, que faz com que imigrantes em busca de asilo nos EUA sejam barrados na fronteira, antes mesmo da apresentação de um pedido formal para ficar no país.

A aplicação da regra já deveria ter acabado, mas a Suprema Corte manteve a medida no final de 2022 após estados na fronteira acionarem a Justiça com o temor de um aumento na chegada de imigrantes.

Agora, Biden tenta justamente evitar essa crise, sobretudo após lançar a campanha pela reeleição à Casa Branca. A questão migratória é uma das principais armas de republicanos contra o governo democrata.

É nesse contexto que entra o anúncio dos centros em outros países, para analisar processos de refugiados antes que viajem aos EUA. Os centros não ficarão nas embaixadas ou em consulados, mas em espaços comandados por órgãos internacionais, segundo o governo, sem especificar quais são.

Além disso, autoridades da gestão Biden afirmam que Espanha e Canadá indicaram que vão receber refugiados e migrantes que passarem por análise nesses centros, reduzindo o número dos que entram nos EUA –não se sabe ainda, porém, quantas pessoas esses países devem receber.

Em conversa com jornalistas nesta quinta, autoridades fizeram questão de dizer que o fim da Título 42 “não significa que as fronteiras estão abertas”, numa tentativa de desencorajar a viagem de migrantes ao país. Em fevereiro, o governo propôs uma nova regra que torna inelegíveis para receber o status de asilo pessoas que entrarem de forma irregular nos EUA. A norma também exige que quem busca asilo prove que pediu ajuda em outros países e teve as solicitações negadas antes de cruzar a fronteira americana.

Projeções do Departamento de Segurança Interna apontam para até 13 mil detenções de imigrantes em situação irregular por dia na fronteira, ante uma média de 8.600 por semana em dezembro.

Outra medida para evitar a viagem para a fronteira com o México é a expansão de um programa de reunificação de famílias com status de refugiados, que hoje existe para cidadãos de Cuba e do Haiti. O programa será estendido para migrantes também de Colômbia, El Salvador, Guatemala e Honduras.