Cidade proibida em PequimDireito de imagem
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Quando a Grécia entrava em declínio, a China fazia novas descobertas

Da medição do tempo à navegação marítima, a matemática era essencial para as antigas civilizações.

A jornada da matemática começou no Egito, na Mesopotâmia e na Grécia, mas após o declínio dessas civilizações, estagnou no Ocidente.

No Oriente, entretanto, ela alcançaria novos e dinâmicos picos.

Na China antiga, a matemática foi fundamental nos cálculos que permitiram a construção da Grande Muralha, que se estendia por milhares de quilômetros.

Os números eram tão importantes que tinham um papel vital nos afazeres da corte imperial.

Planejamento amoroso matemático

O calendário e o movimento dos planetas influenciavam todas as decisões do imperador, até a forma como seus dias e suas noites eram planejados.

Conselheiros imperiais criaram um sistema para garantir que o imperador fizesse sexo com um grande número de mulheres de seu harém.


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O sistema de harém chinês tentava maximizar a chance de um herdeiro

Ele era baseado em um conceito matemático chamado de progressão geométrica. A ideia era permitir que o imperador dormisse com 121 mulheres no espaço de 15 dias.

As mulheres eram divididas em grupos:

– A imperatriz

– 3 consortes

– 9 esposas

– 27 concubinas

– 81 escravas

Cada grupo de mulheres era três vezes maior do que o grupo anterior, então os matemáticos calculavam uma rota para que, no espaço de 15 noites, todas as mulheres do harém passassem pela cama do imperador.

A primeira noite era reservada para a imperatriz. A seguinte, para as três consortes. As nove esposas vinham depois, e nos dias seguintes as 27 concubinas eram escolhidas em um sistema de revezamento, nove por noite.

E no final, durante um período de nove noites, era a vez das 81 escravas, em grupos de nove.

O roteiro garantia que o imperador dormisse com as mulheres de maior status mais perto da lua cheia, para que a força feminina delas (o yin) estivesse no auge e pudesse estar à altura da força masculina do soberano (o yang).


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O imperador amarelo, primeiro soberano da China

Ser o soberano com certeza exigia energia, mas o objetivo era claro – conseguir a melhor sucessão imperial possível.

E não era apenas a corte do imperador que dependia da matemática. Ela era central também na administração do Estado.

Fascinação matemática

A China antiga era um império vasto, em crescimento, com um código legal rigoroso, cobrança de impostos, e um sistema padronizado de pesos, medidas e dinheiro.

O império usava o sistema decimal cerca de mil anos antes do Ocidente adotá-lo, e resolviam equações que só surgiriam no outro lado do mundo no início do século 19.

A mitologia chinesa diz que o primeiro soberano da China, o Imperador Amarelo, fez com que uma de suas divindades criasse a matemática no ano 2800 a.C., pois acreditava que os números tinham um significado cósmico.


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O ábaco era usado na China para fazer contas

Até hoje, a cultura chinesa mantém crenças no poder místico dos números.

Números ímpares são vistos como “masculinos”, os números pares, como “femininos”. O número quatro deve ser evitado a todo custo. O número oito traz boa sorte.

Os antigos chineses eram fascinados por padrões em números, e desenvolveram sua própria versão do jogo sudoku.

No século 6, o teorema do resto chinês já estava sendo usado na astronomia chinesa para medir movimentos planetários – e até hoje ele tem usos práticos, por exemplo, para criptografia na internet.



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Fonte: BBC