Homem passeia com cachorro entre posters eleitorais com rosto dos candidatos em Tel AvivDireito de imagem EPA
Image caption O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (à esq.) concorre contra Benny Grantz (à dir., no centro do cartaz) e outros candidatos

Os israelenses vão às urnas nessa terça-feira para uma eleição geral que vai escolher um novo primeiro-ministro. O atual ocupante do cargo, Benjamin Netanyahu, está lutando para sobreviver politicamente.

Abaixo, a BBC News listou cinco pontos centrais sobre essa eleição e o que esperar dela.

1 – Essa é a eleição mais disputada em Israel em muitos anos

Benjamin Netanyahu está no cargo desde 2009 e concorre ao seu quinto mandato como primeiro-ministro. Se for reeleito, ele terá ficado mais tempo no cargo do que David Ben-Gurion, fundador do país e se tornará o primeiro-ministro a ficar mais tempo como premiê.

No entanto, Netanyahu enfrenta graves acusações de corrupção. Ele ainda aguarda uma audiência final com o procurador-geral do país. Nas eleições, seu principal concorrente é o ex-general e ex-chefe das forças armadas Benny Gantz.

Gantz entrou para a política recentemente e pode rivalizar com Netanyahu nas discussões sobre segurança – um dos temas mais importantes nessa eleição. Gantz também promete uma “política mais limpa”.

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Image caption Mais de 6,3 milhões de israelenses estão aptos para votar

Sua aliança centrista – formada por dois outros ex-chefes militares e um ex-apresentador de TV, Yair Lapid, – chegou a liderar pesquisas de intenção de voto, à frente do partido Likud, de Netanyahu, embora a situação tenha se invertido desde então.

A acirrada disputa tem tornado a campanha bastante agressiva – com xingamentos de ambos os lados. Os eleitores israelenses tendem a apoiar os candidatos com base em suas personalidades e liderança, e não tanto nas políticas que propõem.

2 – O líder do partido com maior assentos no parlamento não necessariamente vira o primeiro-ministro

Nenhum partido único conseguiu maioria dos assentos no parlamento – o país sempre teve governos de coalizão.

Isso significa que o primeiro-ministro nem sempre é a pessoa cujo partido tem mais votos, mas sim o líder que consegue reunir partidos suficientes para controlar ao menos 61 dos 120 assentos do Knesset, o parlamento do país.

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Image caption O partido que consegue mais assentos no Knesset pode não cosneguir formar um governo de coalizão

Algumas pesquisas sugerem que Netanyahu tem mais chances de formar uma coalizão, pois o atual primeiro-ministro tem uma relação mais próxima com partidos religiosos e de direita.

Em uma medida amplamente criticada para bloquear assentos extras de direita, Netanyahu negociou um acordo tornando mais fácil para os candidatos de um partido de extrema-direita, que muitos consideram racista, entrar no parlamento.

3 – Planos de paz com os palestinos não foram destaque nos debates

Tensões entre militantes palestinos e israelenses na fronteira de Gaza aumentaram nas últimas semanas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve publicar após a eleição seu plano para lidar com o longo conflito entre israelenses e palestinos.

No entanto, formas de reviver o moribundo processo de paz não se tornaram assunto do debate eleitoral. O público israelense tem pouca esperança na fórmula internacional para a paz, a solução de dois Estados.

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Image caption O conflito entre Israel e Palestina não tem sido prioridade na discussão eleitoral

Membros proeminentes da atual coalizão de direita de Netanyahu se opõem abertamente à criação de um Estado palestino e querem anexar boa parte da Cisjordânia ocupada.

A campanha da aliança de Benny Grantz fala de “separação” dos palestinos, mas não menciona especificamente que eles tenham um Estado.

Os dois candidatos também apoiam uma Jerusalém “unificada” como capital de Israel, embora os Palestinos exijam o leste da cidade como sua futura capital.

A aliança de Benny Gantz também pede pela continuação do controle do país sobre o Vale do Jordão e a manutenção dos assentamentos judeus na Cisjordânia. Os assentamentos são ilegais de acordo com a lei internacional, mas Israel discorda dessa visão.

O partido trabalhista de Israel, que conseguiu fechar um acordo com a Palestina nos anos 1990 que foi um grande avanço, perdeu apoio entre os eleitores.

4. Grupos demográficos terão um papel importante

Israel tem 6,3 milhões de eleitores, e os grupos sociais, étnicos e religiosos aos quais eles pertencem podem ser fator-chave em seus decisões sobre o que fazer no dia da eleição.

A população Haredi, ultra-ortodoxa, é de mais de um milhão de pessoas. Tradicionalmente, os judeus ultraortodoxos seguiam os conselhos de seus rabinos e votavam em partidos voltados para essa população.

No entanto, cada vez mais ultraortodoxos estão votando em partidos maiores, principalmente os partidos de direita. Entre as questões centrais para esse grupo, está o serviço militar obrigatório para judeus ultraortodoxos (até 2014 eles eram liberados ou serviam por curto período de tempo), que deve ser tratada novamente pelo próximo parlamento.

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Image caption Liberação do serviço militar para judeus ultraortodoxos é uma questão que divide a população

Árabes israelenses são quase um quinto da população, mas pesquisas sugerem que menos da metade dos que têm direito a voto planejam votar nesta terça.

O número de árabes que foram às urnas aumentou em 2015, quando quatro partidos concorreram em uma coligação árabe, ocupando 13 cadeiras no parlamento. Mas o grupo se desfez para essa eleição.

5. Uma figura inesperada pode se tornar influente

O líder do partido de direita ultranacionalista e libertário Zehut, Moshe Feiglin, pode se destacar como o nome mais influente para escolher o primeiro-ministro em futuras conversas sobre a formação de coalizações, já que as pesquisas apontam que o partido terá pelo menos quatro lugares no parlamento.

Feiglin diz que não tem preferência entre Benjamin Netanyahu e Benny Gantz.

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Image caption Legalização da maconha se tornou um assunto quente nas últimas semanas

Feiglin é muito conhecido por defender a legalização da maconha, mas seu partido tem uma plataforma eclética.

Ele tem uma posição dura em relação aos palestinos e quer encorajá-los a migrar da Cisjordânia e de Gaza para outros países.

Ele também quer que um terceiro tempo judaico seja construído no local santo em Jerusalém conhecido pelos judeus como Montanha do Templo, mas que é disputado pelos muçulmanos, que o conhecem como Haram al-Sharif, e que é a localização da mesquita al-Aqsa.

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Fonte: BBC