GEÓRGIA SANTOS
PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Depois de amargar prejuízos após dois anos de restrições por causa da pandemia de Covid-19, Gramado, na Serra Gaúcha, espera receber 300 mil turistas durante a sua programação de Páscoa, a primeira após a maior parte da população concluir o ciclo vacinal contra a doença.

A data é considerada uma das mais importantes para o turismo na região serrana do Rio Grande do Sul, atrás somente do Natal.

“É um período elaborado, planejado e construído com muito amor e carinho”, diz a gestora de eventos Kênia Jaeger. Segundo ela, a expectativa do setor chocolateiro e dos segmentos de gastronomia e de hotelaria é grande.

O presidente do SindTur (Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias), Claudio Souza, afirma que o movimento em hotéis e pousadas deve ser maior que o registrado antes da pandemia.

“Em 2019, tivemos quase 82% de ocupação. Esperamos superar este número”, afirma.
O setor chocolateiro também está otimista. Depois de perder 90% da produção em 2020 e 70%, em 2021, a expectativa é de crescimento de 20% em relação ao período pré-pandemia.
Segundo estimativa da Achoco (Associação da Indústria e Comércio de Chocolates Caseiros de Gramado), as 28 fábricas artesanais devem produzir 500 toneladas de chocolate neste ano.

“O setor está comemorando a produção e ainda espera um aumento nas vendas de 25% a 30%”, afirma Jaeger. “É um reflexo de que o mercado e o turismo estão aquecidos para o período”, diz.

Para o período da Páscoa, a Prefeitura de Gramado programou mais de cem atrações presenciais e gratuitas ao longo de 24 dias de festa.

Além da ornamentação das ruas da cidade, a programação inclui a 1ª Corrida & Caminhada do Coelho, a Parada de Páscoa, o Espaço Kids Criamigos, montado na rua Coberta, a Vila de Páscoa na praça das Etnias e as procissões religiosas do Gramado Aleluia.

Iniciadas no último dia 25, as atividades prosseguirão até 17 de abril.
Além de Gramado, outras cidades da região também preparam atrações para o período.

A Páscoa em Canela, até o dia 24, promete valorizar os artistas locais. A celebração será especial para as crianças, pois haverá ovinhos de chocolate espalhados pela cidade.

Já em Nova Petrópolis, a programação vai de 7 a 17 de abril.
Apesar do otimismo dos organizadores, a crise econômica que o país atravessa tem consequências na região. Paola Rossi Usevicius é proprietária de uma cafeteria no município de Nova Petrópolis e afirma que até conseguiu driblar a pandemia, já que os preços ficaram praticamente congelados, segundo ela. Mas agora mudou e ela afirma que terá de fechar as portas do espaço, inaugurado em 2019.

“O preço dos insumos está aumentando a cada semana, o poder de compra diminuiu muito e a cidade está vazia. A gente não vê mais ninguém fazendo compras”, diz.

A inflação e o aumento no preço dos combustíveis ajudam a compreender a crise, que pode fazer com que os turistas desistam de viajar para a Serra Gaúcha.

O advogado e escritor Rodrigo Peres, por exemplo, planejava viajar para o município de Pinto Bandeira, que fica próximo a Bento Gonçalves e a cerca de 130 km de Porto Alegre, mas precisou ajustar os planos.

“Infelizmente, os negócios não andam bem e, por isso, tive de abortar a missão de ir para a serra”, diz. “Passarei uns dias no litoral gaúcho, onde fico na casa dos sogros, sem despesa com estadia e extras”, afirma.

O presidente do SindTur, Claudio Souza, no entanto, mantém o otimismo. “De forma alguma nos sentimos assustados. Sempre com criatividade, trabalho e planejamento, conseguimos superar as adversidades.”