O futuro de duas corridas europeias está em risco na Fórmula 1. Os GPs da Bélgica, que será disputado neste fim de semana, e de Mônaco podem deixar o calendário na temporada 2023. A prova realizada na França já está fora do circuito para o próximo ano, mas poderá retornar no futuro, segundo indicou a F-1 nesta semana.

O recado foi dado pelo atual chefão da F-1, Stefano Domenicali. “A história não é o suficiente”, afirmou o italiano, indicando que os chamados circuitos históricos não seguirão no calendário se não pagarem a taxa cobrada pela categoria.

O valor cobrado pela F-1 para permitir a um país sediar uma de suas corridas costuma partir de US$ 20 milhões (cerca de R$ 102 milhões). Mas há países, principalmente na Ásia, que pagam valores superiores a US$ 40 milhões (R$ 204 milhões), o que inflacionou o mercado.

Nos últimos anos, o avanço da F-1 para além da Europa acabou elevando a taxa, mais alta para países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. As corridas europeias não conseguiram acompanhar estes valores. E esse foi um dos motivos para a França não renovar seu contrato com a F-1.

“Estamos conversando com a Federação Francesa (de Automobilismo) e com o governo porque cada vez mais o futuro pertence à visão dos promotores de que as corridas são um investimento para o país e para a comunidade”, diz Domenicali, que não descartou o retorno da F-1 ao país no futuro.

O GP da França, que se despediu do calendário neste ano na prova disputada em julho, era disputado desde 1950. A corrida já foi disputado em Reims, Magny-Cours e Paul Ricard, circuito que vinha recebendo as provas nesta última passagem da França pelo calendário da F-1.

A Bélgica corre o risco de seguir pelo mesmo caminho. O GP disputado no tradicional circuito de Spa-Francorchamps só tem contrato até este ano. A corrida deste domingo, portanto, poderá ser a despedida belga da F-1. Domenicali afirmou que ainda negocia a renovação com os promotores do GP.

A ameaça também ronda Mônaco. A prova nas ruas de Montecarlo também estão em risco porque, historicamente, a corrida é a única do calendário que não paga a taxa cobrada pela F-1. A categoria sempre viu a prova como estratégica no circuito pela localização central na Europa e por ser, tradicionalmente, ponto de encontro para negociações comerciais envolvendo todos os parceiros da F-1, entre patrocinadores da competição e das equipes.

A categoria, contudo, já indicou esse “centro comercial” poderá ser deslocado tanto para os Estados Unidos quanto para a Ásia. Com o sucesso da F-1 em solo americano, o crescimento no país no campeonato se cristalizou com a previsão de três corridas no calendário a partir de 2023 (Austin, Miami e Las Vegas).

Quanto à expansão pela Ásia, o Catar já demonstrou interesse em receber uma corrida, por exemplo. A Arábia Saudita estreou em 2021 e a China deve voltar ao calendário em 2023 após ficar fora por três temporadas, em razão da covid-19.

“Sempre há um ponto que discutimos sobre ter uma mistura de corridas no calendário, tendo pelo menos um terço das provas na Europa, um terço na Ásia e um terço nas Américas e no Oriente Médio. Queremos sempre equilibrar essa conta”, explica Domenicali.