O Whatsapp e a carteira de criptomoedas Novi, da Meta, antigo Facebook, anunciaram um projeto-piloto que permitirá os usuários norte-americanos enviarem e receberem ativos digitais por meio do aplicativo de conversas.

Os clientes podem até o momento enviar e receber o USDP. “Escolhemos a stablecoin para testar porque ela já está operando com sucesso há mais de três anos e nos Estados Unidos possui importantes atributos regulatórios e de proteção ao consumidor”, diz David Marcus, CEO da Novi.

As reservas do USDP são totalmente lastreadas em dólares norte-americanos, e 1 USDP é igual a US$ 1,00.

Para utilizar o sistema, os estadunidenses podem baixar o Whatsapp e poderão acessar a Novi e enviar criptomoedas para seus contatos. Porém, até o momento, apenas uma lista de pessoas vão usar o serviço. Quem não conseguir deverá se inscrever para entrar em uma lista de espera.

“Globalmente, cerca de 1,7 bilhão de adultos não têm acesso a uma conta bancária. Ficar fora do sistema financeiro global tem consequências reais para a vida das pessoas”, diz Marcus. “E esse é o desafio que esperamos resolver em tempo com a Novi, uma carteira digital que ajuda as pessoas a enviar e receber dinheiro no exterior instantaneamente, com segurança e sem taxas”.

O uso da Novi não altera a privacidade das mensagens e das chamadas pessoais do WhatsApp, afirmou Kasriel.

A Meta, antigo Facebook, vem trabalhando em um aplicativo para a carteira há vários meses, enquanto revisa seus planos globais de lançar uma moeda digital chamada Diem por questões regulatórias.

Para João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex, o projeto ainda está no começo, mas “quando ganhar a escala total, significará uma grande massa de pessoas com baixíssimo custo de entrada em criptoativos, com potencial de aumentar muito o número de usuários”. Hoje, quase uma a cada três pessoas no mundo utiliza Whatsapp.

Mercado nacional

No cenário doméstico, as criptomoedas também promoveram uma revolução no sistema monetário brasileiro. Tanto que muitos investidores usam dos ativos digitais para construírem reserva financeira, e o Banco Central – assim como os políticos – também está de olho neste mercado.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que tem interesse na regulação de criptomoedas. “Para nós, é mais que a regulação de criptomoedas. É sobre a regulação do futuro. É sobre regular dados. As finanças passarão a ser sobre dados. Estamos olhando para criptomoedas, falando com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), e reconhecemos que há demanda por criptomoedas.”

Ele também declarou que a regulamentação dos ativos digitais já está sendo debatido.  “Os brasileiros têm usado isso com veículos de investimento, mas a criptomoedas não têm crescido muito no Brasil como meio de pagamento”, declarou, em coletiva sobre o RTI (Relatório Trimestral de Inflação).

Apesar do Banco Central não ter sinalizado nenhuma ação imediata de regulação, existem seis projetos de lei que tramitam no Senado e na Câmara dos Deputados que visam regulamentar este mercado.

O PL 4.207/2020, da Senadora Soraya Thronincke (PSL) busca estabelecer normas para emissão das criptomoedas, além de criar obrigações aos marketplaces. Enquanto o PL 2.140/2021, do deputado Alexandre Frota (PSDB), visa estabelecer um prazo de 180 dias para o Banco Central regulamentar as transações de criptomoedas.

De todo modo, o gestor da Hashdex acredita que o projeto do Whatsapp não terá um impacto forte no Brasil ainda, “tem que escalar nos EUA antes de vir para cá”. Mas, via de regra, ele enxerga o Banco Central pioneiro em pagamentos digitais. “Portanto, não esperaria que uma regulação vindo dos [BC brasileiro] inviabilizasse a novidade [da Novi] por aqui”.

Até o momento, o Banco Central não respondeu ao posicionamento solicitado pela CNN.

*Com Reuters

Fonte: CNN Brasil