A alegação de um ex-funcionário do governo Trump de que ele orquestrou golpes de estado no exterior causou distúrbio na Venezuela.

A Assembleia Nacional do país votou nesta quinta-feira (14) para condenar os comentários do ex-assessor de Segurança Nacional dos EUA John Bolton. O líder do parlamento, Jorge Rodriguez, descreveu a aparente admissão como “um feito extraordinário de ousadia”.

Rodriguez, um psiquiatra que frequentemente usa termos clínicos em batalhas políticas, também acusou Bolton de ser um “psicopata”.

Em uma entrevista na quarta-feira, Bolton disse a Jake Tapper, da CNN, que ele “ajudou a planejar golpes de estado – não aqui [nos Estados Unidos], mas, você sabe, em outros lugares”.

Bolton era o representante da Casa Branca durante crise constitucional da Venezuela em 2019, que viu um grupo de políticos da oposição tentar restaurar a democracia no país removendo à força o líder autoritário Nicolás Maduro.

Adicionando combustível às suspeitas em Caracas foi o fato de que a observação de Bolton, feita de passagem ao discutir o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA, foi seguida por uma referência à Venezuela. Ele disse que escreveu sobre a crise política da Venezuela em suas memórias e que suas ações não tiveram sucesso.

O ex-ministro venezuelano Diosdado Cabello também respondeu, chamando Bolton de “um inepto que, por todo o dinheiro que [o ex-presidente dos EUA] Donald Trump lhe deu, não conseguiu cumprir a ordem que recebeu”.

Falha na mudança de regime

Nas primeiras horas de 30 de abril de 2019, o líder da oposição Guaidó, seu mentor político, Leopoldo Lopez, e um punhado de oficiais do exército venezuelano se reuniram do lado de fora de uma base militar pedindo que os altos escalões do Exército venezuelano removessem Maduro do poder.

Em poucas horas, a rebelião foi violentamente reprimida e o poder de Maduro foi restaurado. No entanto, mais de 50 países – incluindo os Estados Unidos – insistiram em reconhecer formalmente Guaidó como o líder legítimo do país, criticando as eleições que consolidaram o poder de Maduro como antidemocráticas.

O próprio Maduro descreveu o movimento como uma tentativa de golpe impulsionada pelos “esforços obsessivos da direita venezuelana, da oligarquia colombiana e do império dos EUA”.

Mais de três anos se passaram desde aquelas horas frenéticas em que a Venezuela parecia à beira da mudança. Os EUA ainda não reconhecem Maduro devido às supostas violações de direitos humanos de seu governo, mas recentemente não pediram para removê-lo do poder.

No mês passado, dois funcionários da Casa Branca se reuniram com Maduro em Caracas para negociar a libertação de vários cidadãos americanos detidos na Venezuela em troca de alívio das sanções.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Fonte: CNN Brasil