• Jonathan Amos
  • Correspondente de Ciência da BBC

Há 39 minutos

Foto submersa do USS Samuel B Roberts

Crédito, Caladan Oceanic/EYOS Expedtions

USS Samuel B Roberts tinha três tubos de torpedo

Uma equipe de exploração dos Estados Unidos conseguiu localizar os destroços naufragados de um destróier da Marinha dos EUA atingido pelos militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.

O naufrágio é considerado o mais profundo já encontrado.

O USS Samuel B Roberts afundou durante a Batalha de Samar no Mar das Filipinas em outubro de 1944. Está localizado a 6.895 metros abaixo da superfície.

O financista e aventureiro do Texas Victor Vescovo usou seu próprio submersível em alto mar para descobrir o “Sammy B” danificado, mas quase intacto.

O navio é famoso por sua heroica derradeira resistência contra os japoneses.

Victor Vescovo

Victor Vescovo, investidor privado, fez descoberta

Um defensor ‘heroico’

Superado em número e em armas, o USS Samuel B Roberts conseguiu adiar e frustrar vários navios inimigos antes de afundar.

Da tripulação de 224 homens, 89 perderam a vida. Os 120 restantes sobreviveram agarrados a botes salva-vidas por mais de 50 horas.

Vescovo, que também é reservista da Marinha americana, disse que foi uma honra extraordinária ter localizado o navio e, ao fazê-lo, ter a oportunidade de recontar sua história de heroísmo.

“Gostamos de dizer que “o aço não mente” e que os restos desses navios são as últimas testemunhas dessas batalhas”, disse ele à BBC News.

USS Samuel B Roberts

Crédito, Marinha dos EUA

USS Samuel B Roberts antes de naufragar

“O Sammy B enfrentou cruzadores pesados japoneses à queima-roupa e disparou tão rápido que ficou sem munição — chegou a disparar granadas de fumaça e sinalizadores apenas para tentar provocar incêndios nos navios japoneses e continuou atirando. Um ato de heroísmo extraordinário. Aqueles homens, lado a lado, lutavam até a morte.”

‘Cicatrizes de guerra’

Nas imagens captadas pelo submarino, chamado de Limiting Factor, é possível ver a estrutura do casco, armas e tubos para torpedos.

O Sammy B tem buracos de balas japonesas e há evidências de um forte impacto em sua popa.

Vista frontal do USS Samuel B Roberts

Crédito, Caladan Oceanic/EYOS Expedtions

Equipe teve que fazer muitas pesquisas preliminares da área antes de encontrar navio

Devido à sua aparência corrugada, parece que foi a proa do navio que se chocou diretamente com fundo do mar.

Para se ter ideia da profundidade do local onde o barco está, 98% dos leitos oceânicos têm menos de 6 mil metros de profundidade.

Apenas alguns lugares nas grandes trincheiras tectônicas atingem profundidades superiores a esse patamar.

A Batalha de Samar, parte da Batalha do Golfo de Leyte, foi um evento feroz na história contemporânea. O conflito acabou resultando na retirada das forças imperiais japonesas.

Vários navios acabaram perdidos nas profundezas do oceano.

No ano passado, Vescovo conseguiu encontrar o destróier USS Johnston a uma profundidade de 6.460 metros.

Imagens do sonar

Crédito, Caladan Oceanic/EYOS Expedtions

Primeiras imagens de radar mostram USS Samuel B Roberts

Outros destroços

É possível que existam outros em profundidades maiores do que o Sammy B ou o Johnston.

“Há dois outros navios americanos desaparecidos: o USS Gambier Bay (porta-aviões) e o USS Hoel (destróier)”, diz Kelvin Murray, da EYOS, a empresa que organizou e liderou a expedição Vescovo.

“Temos registros históricos indicando lugares onde eles poderiam ter afundado. Procuramos por Gambier Bay, mas esse trabalho de detetive e todo esse tipo de operação em alto mar nunca foi feito antes. Não quero usar a expressão ‘agulha no palheiro’, porque há muita pesquisa por trás disso procurando reduzir o tamanho desse ‘palheiro’. Mas há uma certa dose de sorte envolvida.”

Vescovo foi a primeira pessoa a visitar os pontos mais profundos dos cinco oceanos do planeta.

Ele também escalou os picos mais altos em todos os sete continentes e recentemente foi ao espaço no New Shepard, o sistema de foguetes e cápsulas desenvolvido pelo fundador da Amazon, Jeff Bezos.

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Fonte: BBC