No Brasil, 10% das crianças de até 5 anos estão com excesso de peso. São 7% com sobrepeso e 3% já em estágio de obesidade. Além disso, um quinto das crianças (18,6%) desta faixa etária estão em uma zona de risco de sobrepeso.

O relatório da pesquisa destaca que o excesso de peso pode prejudicar o crescimento e o desenvolvimento infantil, podendo levar, inclusive, à ocorrência de doenças crônicas como problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão e câncer.

Os dados constam de um levantamento inédito encomendado pelo Ministério da Saúde e divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019).

A pesquisa, referente ao ano de 2019, foi coordenada pelo Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Fiocruz, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), e avaliou 14.558 crianças e 12.155 mães biológicas em 12.524 domicílios brasileiros, em 123 municípios dos 26 Estados e no Distrito Federal.

O sobrepeso ocorre quando a criança está acima da medida que seria considerada como adequada ou saudável para sua idade, sexo ou tamanho. Já a obesidade é quando a pessoa tem uma quantidade ainda mais excessiva de gordura corporal que, segundo o Ministério da Saúde, tem maior probabilidade de impactar na saúde como um todo.

O cenário de excesso de peso em crianças no Brasil cresceu de 6,6% em 2006, para os 10% observados em 2019. Também foi identificado que 58,5% das mães biológicas de crianças de até cinco anos estão acima do peso. Em 2006, esse índice era de 43%. A prevalência de sobrepeso entre elas é de 32,2% e a de obesidade é de 26,3%.

Segundo Gilberto Kac, coordenador da pesquisa e membro titular do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ, os dados são alarmantes e refletem hábitos alimentares ruins no país.

“Muitos fatores contribuem com esse cenário. Os resultados do ENANI-2019 mostram que, em geral, a alimentação das crianças brasileiras está distante das recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS). A pesquisa mostra que 80% das crianças brasileiras até 5 anos consomem alimentos ultra processados, como biscoitos, farinhas instantâneas, refrigerantes e bebidas açucaradas, dentre outros produtos nocivos à saúde. A prática é comum inclusive entre bebês menores de 2 anos, o que pode trazer consequências ao longo de toda a vida, como obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares”, explica Kac.

A pesquisa mostrou ainda que 7% das crianças brasileiras de até 5 anos estão abaixo da altura para a idade o que, segundo Kac, pode estar ligado à insegurança alimentar no país.

“A baixa altura para idade mostra que essas crianças sofreram restrições que prejudicaram o seu crescimento e o seu desenvolvimento. Esse quadro pode ser decorrente de infecções recorrentes e está relacionado ao baixo consumo de nutrientes, possivelmente associado à insegurança alimentar. A prevalência do indicador diminui conforme a faixa etária das crianças aumenta, o que sugere que a situação vem se agravando nos últimos anos”, explicou ele.

De acordo com os dados divulgados, “a prevalência de baixa altura para idade é de 9% entre bebês de 0 a 11 meses e de 10,2% entre os de 12 a 23 meses. A frequência do problema é menor em crianças que nasceram até 2016: 6,5% na faixa etária de 2 a 3 anos, 5,8% entre 3 e 4 anos e 3,4% entre 4 e 5 anos”.

Os resultados da pesquisa serão utilizados para a definição de políticas públicas de saúde.

Fonte: CNN Brasil