17/01/201802h00Em 1987, Patricia Vieira Nascimento não podia ficar tranquila quando estava na rua. E, aos 19 anos, ela dependia disso para sobreviver.
Há quase 31 anos, ao mesmo tempo em que ela e um grupo de amigas –todas travestis– ganhavam nas esquinas o dinheiro para pagar por teto e comida, a Polícia Civil de São Paulo criava, por iniciativa própria, uma operação que legalizou a prisão arbitrária de travestis na capital.
A ação usava o “combate à Aids” como justificativa. “Sou uma sobrevivente. A gente era caçada, literalmente. É esse nome, não tem outro. Éramos vistas como bichos”, lembra Patricia, hoje aos 49 anos.
Hoje, trabalhando numa ONG com a reinserção social e profissional de mulheres trans e travestis, ela sabe que ainda falta muito. A expectativa de vida da população trans segue baixa: 35 anos.
Muitas trabalham com prostituição, como era o caso de Patrícia. “Aos 17, tentei me matar porque minha família não me aceitava. Quando completei 18 anos, saí de vez de casa e fui morar
e trabalhar no centro”, diz.
A OPERAÇÃO
A operação da Polícia Civil foi denominada Tarântula e teve vida curta.

Fonte: Folha de S.Paulo