Nem só de glamour e comemorações são feitas as premiações de Hollywood. As cerimônias como Oscar e Globo de Ouro também já foram palcos de protestos e boicotes diversos, que colocaram em pauta problemas da própria indústria cinematográfica.

O Globo de Ouro, que acontece neste domingo (9), é alvo de uma série de boicotes que esvaziaram a festa por completo. Neste ano, não terá público, tapete vermelho ou mesmo transmissão. Como a CNN Brasil adiantou, o prêmio sofre críticas por sua falta de diversidade entre os membros da Hollywood Foreign Press Association (HFPA), associação que escolhe os indicados e os vencedores.

Mas outras edições também foram alvo de manifestação por temas espinhosos como a cultura de assédio, a política externa dos EUA e até a proibição de apresentações musicais.

Confira abaixo alguns dos protestos que marcaram a história das premiações:

Marlon Brando recusa o Oscar de Melhor Ator em 1972, em protesto contra o tratamento dado aos indígenas norte-americanos

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Um dos primeiros e mais famosos boicotes das premiações ocorreu quando Brando ganhou o prêmio por seu inesquecível papel em “O Poderoso Chefão”. O ator enviou em seu lugar a ativista indígena Shasheen Littlefeather, que subiu ao palco, recusou a estatueta e leu um manifesto contra o tratamento dispensado aos nativos americanos por parte da indústria do cinema.

Michael Moore discursa contra a Guerra do Iraque no Oscar, ao receber prêmio de Melhor Documentário em 2003

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Ao ganhar a estatueta por “Tiros em Columbine”, o cineasta fez um discurso tão crítico quanto seu filme. Moore citou que o país vivia uma “época fictícia”, e se manifestou contra a Guerra do Iraque e o então presidente George W. Bush. O protesto recebeu tanto vaias quanto aplausos, e a transmissão cortou a fala de Moore com a trilha musical.

Vetado de se apresentar na cerimônia, Jorge Drexler canta ao receber Oscar de Melhor Canção Original em 2005

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Embora indicado por “Al otro lado del río”, música-tema de “Diários de Motocicleta”, o compositor uruguaio não pode se apresentar na cerimônia, como é tradicional. A produção optou por convidar o ator Antonio Banderas e o guitarrista Carlos Santana para interpretarem a canção, sob o argumento de serem artistas mais conhecidos. Drexler respondeu com classe: ao levar o Oscar, cantou a música à capela ao invés de fazer um discurso.

Cerimônia do Globo de Ouro de 2008 é cancelada por ameaças de protestos em meio à greve de roteiristas

Entre 2007 e 2008, o Sindicato dos Roteiristas da América promoveu uma paralisação total de suas atividades, reivindicando melhores pagamentos. Anunciado normalmente, o Globo de 2008 acabou voltando atrás na realização do evento, temendo manifestações na cerimônia. Os premiados acabaram sendo anunciados em uma coletiva de imprensa transmitida pelo canal televisivo NBC.

Campanha #OscarSoWhite em 2016 conta com boicotes de celebridades negras à cerimônia

A revelação dos indicados ao Oscar de 2016 desencadeou uma série de críticas por falta de diversidade: dos 20 nomeados nas categorias de atuação, todos eram brancos. Celebridades negras aderiram ao movimento #OscarSoWhite (“Oscar Branco Demais”), que incluiu um boicote à cerimônia. Nomes como Spike Lee, Jada Pinkett-Smith e Will Smith não compareceram à premiação.

Asghar Farhadi não recebe o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2017, em manifestação contra o veto a imigrantes árabes de Donald Trump

A astronauta Anousheh Ansari e o ex-cientista da NASA Firouz Naderi aceitam prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira por “O Apartamento” em nome do diretor Asghar Farhadi / Getty Images

Em janeiro de 2017, o então presidente estadunidense Donald Trump publicou um decreto vetando a entrada no país de cidadãos vindos de países muçulmanos. Quando o longa iraniano “O Apartamento” foi anunciado vencedor, dois cientistas iranianos residentes nos EUA leram uma carta do cineasta, que se recusou a participar do evento em solidariedade aos cidadãos árabes. No texto, Farhadi criticou a xenofobia americana, e destacou o poder do cinema em unir culturas.

Atrizes usam vestidos pretos no Globo de Ouro de 2018 para chamar atenção aos abusos sexuais em Hollywood

Atrizes vestem preto para chamar atenção para o movimento Time’s Up/ Getty Images

Em meio à eclosão do movimento Time’s Up, que protestava contra a cultura de assédios e abusos sexuais na indústria do entretenimento, o Globo de Ouro viu uma espécie de dress code diferente. Praticamente todo o tapete vermelho estava vestindo preto, cor escolhida por atrizes como Angelina Jolie, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Natalie Portman e Emma Watson para chamar atenção à causa.

Fonte: CNN Brasil