Uma pesquisa coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai acompanhar a resposta imune gerada pela vacina contra a Covid-19 em crianças e adolescentes ao longo do tempo. O estudo, que começou no último dia 5 de março, terá duração de um ano e seis meses e será feito em Belo Horizonte, na região metropolitana e também no município de Serrana, em São Paulo.

O recrutamento dos voluntários é feito no momento em que as famílias levam crianças e adolescentes, com idade entre 5 e 17 anos, para vacinar. Equipes da Fiocruz e do Butantan vão estar nos locais de imunização para fornecer todas as informações sobre a pesquisa e esclarecer as dúvidas que possam surgir antes da adesão do voluntário.

O acompanhamento se inicia mediante autorização dos responsáveis e também dos vacinados. Os dados, segundo a coordenadora do estudo, Rafaella Fortini, vão permitir entender a resposta imunológica gerada no organismo e o tempo de duração.

“Já conhecemos a efetividade e a segurança das vacinas aprovadas pela Anvisa. O estudo permitirá o detalhamento sobre a resposta imunológica protetora que é gerada pela vacina e como esta resposta permanece ao longo do tempo. Para isso, analisamos os níveis de anticorpos totais e anticorpos neutralizantes, aqueles capazes de efetivamente neutralizar o coronavírus, incluindo as variantes de preocupação em circulação. Além disso, vamos detalhar a resposta celular gerada pela vacina, para entendermos a resposta protetora de forma ampla e completa nas crianças e adolescentes”, explica Rafaella.

O acompanhamento dos voluntários é feito mensalmente, por meio de contato telefônico. Presencialmente, serão cinco contatos: no dia da vacinação e, posteriormente, nos seguintes períodos: após um mês, após três meses, após seis meses e após um ano, todos esses tempos a partir da segunda dose.

Em Belo Horizonte e região metropolitana, estão sendo avaliadas as respostas geradas pelas vacinas CoronaVac e Pfizer, imunizantes que estão sendo aplicados na faixa etária alvo do estudo. Já em Serrana, avalia-se exclusivamente a CoronaVac, que, assim como no restante do país, é aplicada no público acima de 6 anos.

“Todos são acompanhados por nossa equipe no decorrer de todo o estudo. Em caso de sintomas de Covid-19, uma equipe médica faz uma avaliação sobre a necessidade de realização da coleta de swab e, em seguida, fazemos o diagnóstico por PCR. Se positivo, é feito o sequenciamento do vírus para definirmos as variantes causadoras da infecção no pós-vacina. Além disso, monitoramos também possíveis efeitos adversos que possam ocorrer”, explica a pesquisadora.

Além do acompanhamento de crianças e adolescentes, o estudo também realiza essa mesma investigação em adultos vacinados. A pesquisa com foco no público a partir de 18 anos teve início em janeiro de 2021 e tem duração de dois anos.

“As informações geradas por meio da pesquisa vão subsidiar a tomada de decisões, auxiliando a Anvisa e o Ministério da Saúde a definir a necessidade de dose de reforço e também a periodicidade para todas as faixas etárias. Vão ajudar ainda a definir diretrizes a serem adotadas pelo Programa Nacional de Imunizações”, destaca a pesquisadora.

A pesquisa é fruto de uma parceria entre diferentes instituições entre elas o Instituto Butantan, a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e as secretarias municipais de saúde de Belo Horizonte e Serrana.

Fonte: CNN Brasil