Um pedido do governo australiano para atrasar a audiência do visto do tenista Novak Djokovic em dois dias foi rejeitado, de acordo com documentos do tribunal divulgados neste domingo (9).

Djokovic está atualmente confinado em uma instalação de detenção temporária em Melbourne, enquanto trava uma batalha judicial contra o cancelamento de seu visto antes do Aberto da Austrália deste mês.

Karen Andrews, ministra de assuntos internos da Austrália, entrou com um pedido no sábado pedindo “que a audiência final seja adiada para quarta-feira, 12 de janeiro de 2022” – cinco dias antes do início do torneio.

Nenhum motivo foi declarado para o pedido de adiamento, mas ele veio poucas horas depois de a equipe jurídica de Djokovic apresentar um documento de 35 páginas descrevendo a defesa do jogador contra a decisão de cancelar seu visto temporário.

Como parte dessa defesa, descobriu-se que Djokovic recebeu uma isenção médica antes do Aberto da Austrália, pois havia se recuperado recentemente da Covid-19.

Em uma carta datada de 7 de dezembro, que vazou para jornalistas esta semana e não pôde ser verificada de forma independente pela CNN, os organizadores do Aberto da Austrália informaram equivocadamente os jogadores não vacinados que eles poderiam entrar na Austrália para participar do torneio.

Documentos judiciais publicados no sábado confirmaram que Djokovic – que anteriormente havia manifestado oposição às vacinas da Covid-19 e à obrigatoriedade das vacinas – não estava vacinado quando chegou à Austrália em 5 de janeiro.

Sua audiência para o visto está agendada para acontecer às 10h no horário local na segunda-feira, dia 10, com uma decisão sobre se ele pode permanecer na Austrália e competir no torneio.

Se o tribunal mantiver o cancelamento do visto, Djokovic será deportado assim que os detalhes de viagem apropriados puderem ser feitos.

De acordo com Craig Tiley, o CEO da Tennis Australia, foram “informações contraditórias” que levaram a isenções sendo concedidas a jogadores não vacinados antes do Aberto da Austrália.

Em uma entrevista com a afiliada da CNN 9 News no domingo, Tiley se recusou a colocar a culpa em qualquer um dos partidos. Ele disse que a Tennis Australia está se comunicando com o Ministério de Assuntos Internos da Austrália “todas as semanas” e que todas as partes envolvidas estão operando em um “ambiente muito desafiador”.

Tiley acrescentou que gostaria de ver Djokovic jogar no Aberto da Austrália. O nº 1 do mundo espera ganhar seu 10º título do Aberto da Austrália e 21º título de Grand Slam em Melbourne este mês.

A detenção de Djokovic no Park Hotel, um local alternativo de detenção para refugiados e requerentes de asilo, desde quinta-feira atraiu atenção generalizada; apoiadores se reuniram do lado de fora pedindo sua libertação, enquanto outros destacaram a situação dos cerca de 30 refugiados que também estão detidos no hotel.

Na Sérvia, terra natal de Djokovic, seus pais protestaram contra as condições às quais dizem que seu filho está sendo submetido como “prisioneiro” no hotel – uma alegação que Andrews negou no início desta semana.

“Ele está livre para sair a qualquer hora que quiser, e o Border Force vai realmente facilitar isso”, disse Andrews à ABC na sexta-feira.

Em uma entrevista à estação de TV nacional sérvia RTV Pink no sábado, a primeira-ministra do país, Ana Brnabic, disse que Djokovic receberá “refeições sem glúten, equipamentos de ginástica e um laptop” enquanto ele continuar detido.

De acordo com documentos judiciais publicados no sábado, Djokovic pediu repetidamente para ser transferido para um “local de detenção mais adequado que lhe permitiria treinar” antes do Aberto da Austrália.

Brnabic disse que conversou com a ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, mas não foi capaz de anular a decisão de manter Djokovic no Park Hotel enquanto ele aguarda o resultado de seu caso legal.

“Ele ainda está no Park Hotel, mas espero que tenhamos tornado sua estadia um pouco mais suportável com as concessões que fizemos para ele”, disse ela.

Josh Pennington contribuiu com a reportagem.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Fonte: CNN Brasil