Os congressistas eleitos já se movimentam para decidir quem ocupará as presidências da Câmara e do Senado a partir de 2023.

Um dos maiores debates no segundo turno é sobre a relação do próximo presidente com o Congresso. E isso depende em boa parte de quem vai ocupar as presidências do Senado e da Câmara.

O próximo presidente da República vai ter que lidar com um congresso majoritariamente de centro-direita. O cenário favorece Arthur Lira (PP-AL) na tentativa de se reeleger no comando da Câmara.

Lira saiu forte das urnas, como o deputado mais votado de Alagoas e tem amplo apoio do PL, União Brasil e Republicanos. Somadas ao PP, as siglas reúnem 246 deputados, praticamente metade das cadeiras da Casa.

Além disso, Lira tem sob controle as emendas de relator. São R$ 7 bilhões para os parlamentares, do chamado orçamento secreto.

“Isso deve ser um fator determinante. Provavelmente vai antecipar um fim de segundo semestre muito desafiador para a equipe econômica, para fazer a gestão orçamentária em meio a esses imperativos da política, num curto prazo a reeleição do presidente [Jair] Bolsonaro [PL], num segundo momento a reeleição de Arthur Lira”, afirma o cientista político Rafael Cortez.

Aliado de primeira hora de Bolsonaro, Lira teria que negociar mais com partidos de esquerda numa eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O petista é contra o orçamento secreto e disse nesta sexta-feira (7) que pretende substituir esse formato por um modelo participativo de despesas e investimentos. Lula ainda não tem um nome específico para a Câmara.

Já no Senado, numa eventual vitória de Lula, a expectativa é que Rodrigo Pacheco (PSD-MG) se aproxime do petista. Agora no segundo turno, Pacheco, decidiu ficar neutro para não perder possíveis apoios. O atual presidente da Casa vai ter que costurar sua reeleição com uma nova composição ruim para ele. O PL, do presidente Bolsonaro, elegeu a maior bancada, com ao menos 13 senadores.

O PL ainda deve se unir com Republicanos e PP, somando 23 senadores, o que representa 40% dos votos que Pacheco conquistou quando concorreu ao cargo, há quase dois anos.

O embate dos bolsonaristas com Pacheco já foi aberto. A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) já deu declarações dizendo que está disposta a concorrer à Presidência do Senado, caso tenha o apoio de Bolsonaro.

A CNN apurou que o nome de outra ex-ministra também tem sido ventilado na base governista: Tereza Cristina (PP-MS), que é vista como uma opção menos radical.

“Diante disso tudo, o cenário para a continuidade do atual presidente Rodrigo Pacheco passa, na minha leitura, pela eventual vitória de Lula e vai passar pela sua capacidade de articulação política diante dessa emergência do bolsonarismo no senado”, acrescenta Cortez.

Há ainda um outro cenário: a possível fusão partidária entre PP e União Brasil abriria caminho para Davi Alcolumbre, o senador do União Brasil, reeleito pelo Amapá, teria planos de assumir novamente a cadeira que deixou ao perder a reeleição para Rodrigo Pacheco no ano passado.

Em entrevista ao WW, nesta sexta-feira (7), o cientista político Creomar de Souza comentou sobre importantes movimentos a serem observados.

Para Souza, o grande movimento para a Câmara dos Deputados, que acaba sendo muito importante pela razão de impeachment de presidentes, no curso da história, é a mediação de espaços.

“E a capacidade de diálogo de Lira, pensando no futuro, e um determinado silêncio ou dificuldade de articulação inicial dessa bancada, que é do presidente Bolsonaro. Podemos dizer que esses eleitos do PL, mais do que em qualquer eleição, devem seus mandatos à figura de Jair Bolsonaro”, avaliou o cientista político.

“E entramos em outro elemento: a Bolsonaro, como presidente em um eventual segundo mandato, vale a pena depender mais ou depender menos de figuras do centrão? Nós trabalhamos com a hipóteses de que menos”, acrescenta o professor.

*Com informações de Anna Gabriela Costa, da CNN

Fonte: CNN Brasil