Quatro dos cinco países da União Europeia que fazem fronteira com a Rússia começaram a recusar turistas russos à meia-noite desta segunda-feira (19), dizendo que não devem viajar enquanto seu país estiver em guerra com a Ucrânia.

Polônia, Estônia, Letônia e Lituânia impuseram novas restrições quando a Finlândia decidiu permanecer aberta, embora tenha reduzido o número de consultas consulares disponíveis para viajantes russos que buscam vistos.

A medida foi a mais recente de uma série de sanções e outras medidas tomadas pela União Europeia (UE) ou seus Estados membros desde que Moscou invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, no que chama de “operação militar especial”.

A UE proibiu todos os voos da Rússia, deixando disponíveis apenas as ligações ferroviárias e rodoviárias, e este mês concordou em limitar a emissão de vistos de viagens gratuitas para a zona Schengen.

A proibição de entrada de segunda-feira é direcionada a turistas e exclui dissidentes russos que buscam refúgio na UE, juntamente com motoristas de caminhão, refugiados e residentes permanentes de países da UE, bem como aqueles que visitam familiares.

Em um domingo frio e chuvoso em Narva, uma cidade fronteiriça da Estônia com falantes de russo representando mais de 90% de sua população, os cidadãos russos estavam correndo para entrar antes que novas regras entrassem em vigor.

Vadim Koralyov, um aposentado de 64 anos de São Petersburgo, comprou um apartamento em Narva para que sua filha e netos de Paris pudessem visitá-lo.

“Agora não sei o que fazer. O guarda de fronteira me disse que não terei mais permissão para vir aqui”, disse ele à Reuters.

Menos de um décimo dos cerca de 4.000 russos que entram diariamente na Estônia estão perdendo o direito sob as novas regras, disseram autoridades.

“Povo da Rússia, não tente cruzar a fronteira, você não é bem-vindo aqui – você precisa acabar com a guerra contra a Ucrânia e ir embora desse belo país!”, tuitou o ministro das Relações Exteriores da Letônia, Edgar Rinkevics.

Divisão de bloco

A questão das viagens para a UE dividiu o bloco, com capitais como Berlim e Paris argumentando que seria contraproducente proibir os russos comuns, uma medida defendida por Kiev.

A Finlândia, cuja primeira-ministra Sanna Marin declarou anteriormente que turistas russos não deveriam viajar para a UE durante a guerra, disse que tal proibição poderia violar o acordo da zona Schengen de que todos os países honram os vistos emitidos por outros países da zona.

“Um país concede o visto, outro nega. Isso certamente não é muito desejável para o sistema”, disse o presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, a repórteres em Helsinque na semana passada.

A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, expressou sua frustração com as divisões dentro da UE, alertando que muitos viajantes russos agora vão para a fronteira finlandesa.

“Há uma brecha, e a brecha é a Finlândia”, disse a primeira-ministra à Reuters em entrevista no sábado. “Portanto, não é totalmente eficaz… mas ainda é melhor do que nada”, acrescentou. “Espero que, mais cedo ou mais tarde, eles tenham que fazer isso também”.

Para Mikhail Ivanov, um cidadão russo de 35 anos que viaja de ônibus de São Petersburgo para Tallin no domingo, visitar amigos na Estônia pode ficar mais complicado. “Ainda poderei chegar à Estônia por outros países”, disse ele à Reuters logo após cruzar para Narva.

A Rússia disse que se colocaria contra as restrições, mas não se fecharia ao bloco.

Fonte: CNN Brasil