O escritório de direitos humanos das Nações Unidas está finalizando sua avaliação da situação na região chinesa de Xinjiang, onde os uigures teriam sido detidos ilegalmente, maltratados e forçados a trabalhar, disse um representante do Alto Comissariado da organização na sexta-feira (10).

O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville, disse que o escritório, que é comandado por Michelle Bachelet, espera publicar seu relatório nas próximas semanas, e que “não houve nenhum progresso concreto” nas longas conversas com autoridades chinesas sobre uma visita das autoridades da ONU à região.

Na manhã da sexta-feira, um tribunal não oficial de advogados e ativistas com sede na Grã-Bretanha disse que o presidente chinês, Xi Jinping, era o principal responsável pelo que disse ser genocídio, crimes contra a humanidade e tortura de uigures e membros de outras minorias na região de Xinjiang.

A China considerou o tribunal, que não tem poderes de sanção ou execução, uma “farsa”.

“O tribunal uigures trouxe à luz mais informações que são profundamente perturbadoras em relação ao tratamento dado aos uigures e outras minorias étnicas muçulmanas em Xinjiang”, disse Colville em uma entrevista da ONU em Genebra.

“Identificamos padrões semelhantes de detenção arbitrária e maus-tratos em instituições, práticas trabalhistas coercitivas e erosão dos direitos sociais e culturais em geral”, disse ele.

“Manipulação”

A missão da China em Genebra disse, em um comunicado divulgado no sábado, que fez vários convites a Bachelet para uma “visita amigável” e que a visita não se tornará nenhuma “investigação sob a presunção de culpa”, afirmou o comunicado.

Os chineses afirmaram ainda que o fato de o escritório não se interessar pela “manipulação política” promovida pelo que chamam de “forças anti-China nos EUA e no Ocidente” colocaria em dúvida a imparcialidade do Alto Comissariado.

Em junho, Bachelet sugeriu publicamente um cronograma para uma visita este ano. Ela está negociando os termos dessa visita desde setembro de 2018, quando surgiram as primeiras alegações de que cerca de um milhão de uigures haviam sido detidos em campos de concentração.

Suas descobertas precisam ser compartilhadas com o governo de Pequim antes de serem tornadas públicas, disse Colville, acrescentando que espera que isso leve algumas semanas.

Fonte: CNN Brasil