• Pallab Ghosh
  • Repórter de Ciências da BBC News, em La Palma (Espanha)
1 agosto 2022, 14:47 -03

Atualizado Há 3 minutos

Estrelas

Crédito, ESO

Equipamento deve ajudar a tentar responder à pergunta: de onde vêm as estrelas, afinal?

Cientistas parearam um dos telescópios mais poderosos da Terra com uma nova tecnologia que revelará em detalhes inéditos como nossa galáxia se formou.

O Telescópio William Herschel (WHT) em La Palma, na Espanha, terá capacidade para observar mil estrelas por hora, catalogando um total de cinco milhões.

Um dispositivo super-rápido de mapeamento ligado ao WHT analisará a composição de cada estrela e a velocidade em que ela viaja.

O telescópio mostrará como nossa galáxia Via Láctea foi construída ao longo de bilhões de anos.

O professor Gavin Dalton, da Universidade de Oxford, passou mais de uma década desenvolvendo o equipamento, conhecido como Weave. Ele disse estar “muito animado” em ver a tecnologia prestes a ser usada.

“É uma conquista fantástica de muitas pessoas fazer isso acontecer e é ótimo que esteja funcionando. O próximo passo será uma nova aventura, e isso é maravilhoso!”

Weave

Crédito, Gavin Dalton

Os dedos robóticos do Weave posicionam mil fibras óticas com precisão, cada uma apontada para uma estrela

O Weave foi instalado no WHT, que fica no alto de uma montanha na ilha espanhola de La Palma, nas Canárias. O nome é uma sigla para WHT Enhanced Area Velocity Explorer. O instrumento tem 80 mil peças diferentes e é um milagre da engenharia.

Os astrônomos conseguem identificar as posições de milhares de estrelas em cada parte do céu para o qual o WHT é apontado. Os dedos robóticos ágeis do Weave reagem colocando fibras óticas em uma placa que apontam para cada estrela.

Redemoinho de bilhões de estrelas

Essas fibras funcionam como telescópios minúsculos. Cada uma delas capta a luz de uma única estrela e a canaliza para outro instrumento. Isso então divide a luz em um espectro de arco-íris, que contém os segredos da origem e história da estrela.

Todo processo é concluído em apenas uma hora. Enquanto isso acontece, fibras óticas para outras mil estrelas são posicionadas no lado reverso da placa, que vira para analisar o próximo conjunto de dados assim que a pesquisa anterior é concluída.

Via Láctea

Crédito, Science Photo Library

A Via Láctea tem até 400 bilhões de estrelas

Nossa galáxia é um redemoinho denso de até 400 bilhões de estrelas. Mas começou como uma coleção relativamente pequena de estrelas.

Ela cresceu a partir de sucessivas fusões com outras pequenas galáxias ao longo de bilhões de anos. Assim como a adição de estrelas das novas galáxias que se juntam às nossas, a agitação de cada fusão também leva à formação de novas estrelas.

O Weave é capaz de calcular a velocidade, direção, idade e composição de cada estrela que observa, criando uma imagem em movimento de estrelas se movendo na Via Láctea.

Segundo Dalton, extrapolando esses dados retroativamente, será possível reconstruir toda a formação da Via Láctea com detalhes inéditos.

“Seremos capazes de rastrear as galáxias que foram absorvidas à medida que a Via Láctea foi construída ao longo do tempo cósmico — e ver como cada absorção desencadeou a formação de novas estrelas”, disse ele.

Marc Balcells, responsável do WHT, disse à BBC News que o Weave pode levar a uma grande mudança em nossa compreensão de como as galáxias são feitas.

“Há décadas ouvimos que estamos em uma era de ouro da astronomia, mas o que o futuro será muito mais importante. O Weave vai responder a perguntas que os astrônomos buscam há décadas, como quantas peças se juntaram para formar uma grande galáxia e quantas galáxias se uniram para formar a Via Láctea?”

Cecilia Farina

Crédito, BBC News

A especialista Cecilia Farina diz que o Weave pode fazer descobertas inesperadas

Cecilia Farina, especialista em instrumentação do projeto, disse acreditar que o Weave faria história na astronomia.

“Há uma quantidade enorme de coisas que vamos descobrir que não esperávamos encontrar”, disse ela. “Porque o Universo é cheio de surpresas.”

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Fonte: BBC