Nas últimas semanas, o governo ucraniano concentrou em uma palavra seus apelos aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por mais ajuda militar: tanques.

É “uma palavra muito importante para a nossa defesa, para o nosso Estado, para o nosso exército, para a defesa comum da Ucrânia e de toda a Europa”, disse o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em 11 de janeiro.

Entre a grande variedade de veículos blindados do Ocidente, o Leopard 2 alemão, operado por vários países europeus, tornou-se o armamento mais procurado pelo governo ucraniano depois que a Polônia se ofereceu para enviar seus veículos.

A entrega de tanques para a Ucrânia tem sido objeto de intenso debate entre os países membros da Otan, com posições a favor da ajuda para Kiev, e outras contra devido à possível escalada com a Rússia que a ação poderia gerar.

A disputa dentro da Otan sobre o embarque de tanques, sejam Leopard 2, M1 Abrams ou os Challenger britânicos, chegou a tal ponto que John Kirby, coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, até minimizou sua importância.

“Dizer que uma discussão sobre tanques está dividindo a aliança ou de alguma forma colocando a segurança nacional na Ucrânia em risco é simplesmente um exagero”, declarou a autoridade da Casa Branca para Christiane Amanpour, da CNN.

Fabricante do Leopard 2, a Alemanha anunciou na quarta-feira (25) que faria o envio dos equipamentos.

Entenda a importância dos tanques Leopard 2

A Ucrânia tem uma frota de tanques de projeto soviético (e, em alguns casos, fabricação soviética) que sofreu pesadas perdas nos combates desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022.

Nos últimos meses, Kiev vem pedindo aos países ocidentais –e especialmente aos membros da Otan– que enviem tanques mais modernos. Com essas armas, a Ucrânia espera substituir perdas, lidar com ataques dos blindados russos e romper linhas de frente para montar contra-ataques, como os realizados em Kherson e Kharkiv no fim de 2022. São operações para as quais esses armamentos são mais adequados.

Armado com um canhão de diâmetro liso de 120 mm, o Leopard 2 pode atingir velocidades de até 70 km/h, ou 50 km/h offroad, tornando a manobrabilidade uma de suas principais caraterísticas.

Ele é protegido por uma armadura avançada concentrada na parte frontal, de acordo com a fabricante alemã Krauss-Maffei-Wegmann. Embora tenha entrado em serviço em 1979, suas versões mais recentes –como o Leopard 2 A7– ainda são consideradas de primeira linha por seu poder de fogo, mobilidade, armadura e sistemas. Elas são capazes de enfrentar os tanques mais avançados da Rússia.

Já suas versões mais antigas – como o Leopard 2 A4 – permanecem relativamente competitivas em certos cenários, ainda mais quando receberam atualizações.

O Leopard 2 foi exportado pela Alemanha para muitos países e usado em combate contra forças insurgentes no Afeganistão, nos Balcãs e na Síria (usados pela Turquia), mas uma eventual implantação na Ucrânia seria a primeira vez em que os blindados alemães enfrentariam tanques russos como o T-72, T-80 e T-90.

Treze países na Europa, incluindo a Polônia e a Finlândia, possuem tanques Leopard 2, de acordo com o grupo de especialistas do Conselho Europeu das Relações Externas.. No total, existem cerca de 2.000 Leopard 2 espalhados por toda a Europa, em diferentes níveis de modernização e preparo para uso.

Muitos países europeus concordaram em reexportar alguns tanques para Kiev, mas exigem permissão da Alemanha. Representantes de países que possuem tanques Leopard se reuniram em um encontro paralelo na base aérea americana de Ramstein, na Alemanha, segundo o Ministério da Defesa de Portugal.

A enorme frota de tanques à disposição em países próximos à Ucrânia, as demandas de manutenção relativamente baixas do Leopard 2 em comparação com outros modelos e seu uso de diesel, mais eficiente, são fatores que fazem com que especialistas os vejam como mais adequados para ajudar a Ucrânia o mais rápido possível.

A Polônia tem uma grande frota de tanques Leopard 2 A4 e A5, que estava em processo de modernização, de acordo com o site das Forças Armadas polonesas. No entanto, nos últimos tempos, o governo polonês parece também ter optado por atualizar suas forças com a compra de tanques americanos M1 Abrams e sul-coreanos K2.

(Com informações de Rob Picheta, Antonia Mortensen, Kevin Liptak, Brad Lendon, Yoonjung Seo e Joseph Ataman)

Este conteúdo foi criado originalmente em espanhol.

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Fonte: CNN Brasil