A nova presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, defende a lógica de que reclama do resultado das eleições quem perde o pleito.

Foi Weber quem diplomou o presidente Jair Bolsonaro (PL), no fim de 2018, por estar no comando do TSE, na tradicional cerimônia em que o presidente eleito vai ao Tribunal para legitimação do resultado das urnas eletrônicas.

Quatro anos depois, muita desinformação sobre as urnas e a chegada de novas eleições, Weber alcança o topo da carreira jurídica ao assumir a presidência do STF, com entendimento direto de que o presidente diplomado será aquele escolhido pela maioria dos eleitores.

A interlocutores a ministra tem dito que irá viver um dia de cada vez dos treze meses de sua gestão, que começa em setembro, até se aposentar em outubro do ano que vem, quando completará 75 anos.

Religiosa e discreta, de poucas falas à imprensa, a ministra considera que viverá um ano sabático. Não de descanso, mas de muito trabalho, com atenção especial para as eleições e, também, para o período que divide o resultado das urnas até a posse do novo presidente da República, em janeiro de 2023.

Aos mais próximos, quando perguntada se está ansiosa, sorri e diz que não. Exatamente no dia do primeiro turno das eleições, 2 de outubro, Weber completará 74 anos, dando início assim a seu último ano como ministra.

Ao observar sua história de quase 50 anos de magistratura, costuma dizer que não planejou estar onde chegou. Não estava nos planos sair de Porto Alegre e deixar a justiça trabalhista gaúcha, onde foi juíza e desembargadora do TRT da 4ª região, no Rio Grande do Sul.

Daquele tempo, guarda uma bíblia grande que mantém aberta e exposta na estante de seu gabinete no STF. Em 2004, Weber foi convocada a ingressar no Tribunal Superior do Trabalho (TST) e se mudar para Brasília.

Em dezembro de 2011, a ministra tomou posse na Suprema Corte após ter sido indicada pela então presidente Dilma Rousseff.

Weber é sempre lembrada por ser muito religiosa. O Salmo 91, conhecido por acalmar o coração dos aflitos, é considerado por ela um dos mais significativos.

Poucas pessoas sabem, mas a ministra, lembrada pela discrição e religiosidade, é também apaixonada por astronomia e o filme O Poderoso Chefão, seu predileto.

A história da família mafiosa desperta o olhar de Weber e um relato hipnotizado de quem adora decifrar segredos de personalidades complexas, como Don Corleone. Ou quem sabe do universo. É que a ministra revela o mesmo entusiasmo ao falar do telescópio James Webb, lançado em dezembro do ano passado, com objetivo de fazer imagens das galáxias e investigar planetas distantes onde o homem possa viver.

Neste momento, ao falar com seus interlocutores, ela faz paralelo com a obra de Marcelo Gleiser e lembra que somos como Poeira de Estrelas.

Rosa Weber gosta de ler sobre buracos negros e se diz fascinada pela relação tempo-espaço. Para a ministra, as novas tecnologias têm quebrado as lógicas sobre o que fazemos e em que tempo.

Coincidentemente, no atual momento, a ministra está dedicada a ler o livro Escravidão, de Laurentino Gomes, que conta a história de um tempo que passou, mas que deixou marcas até hoje.

A nova presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, terá também o desafio de presidir o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), voltado para ações disciplinares de magistrados e temas diversos que demandam diretrizes do Judiciário.

Por isso, antes de assumir, Weber fez um levantamento sobre as mais de 100 comissões e grupos do CNJ, como a do sistema penitenciário. A ministra sempre se mostrou muito preocupada com assuntos sociais, a exemplo do número de pessoas desaparecidas no Brasil. E integrantes de sua equipe já estão cientes da atuação intensa à frente do CNJ.

Fonte: CNN Brasil