Assim que vazou, na segunda-feira (2), a notícia do voto da Suprema Corte dos Estados Unidos contra o direito ao aborto, grupos contra e a favor da medida se enfrentaram diante do prédio onde debatem e votam os juízes da instância máxima do país.

“Me sinto como se tivesse entrado em uma máquina do tempo e voltado atrás”, disse uma manifestante. Nesta terça (3), os protestos continuaram em diversas cidades.

“O aborto é uma violência”, gritou uma mulher contrária ao direito à interrupção da gravidez. “O aborto salva vidas”, respondeu outra, favorável.

As mulheres conquistaram há 49 anos o direito ao aborto nos Estados Unidos. Antes, era preciso viajar dos estados onde ele era proibido para os que permitiam a interrupção de uma gravidez não desejada. E as mulheres mais jovens ou em situação financeira vulnerável não tinham opção.

Em Nova York, a expectativa é de que o estado dificilmente voltará a tratar o aborto como crime. Porém, 26 estados já têm projetos de lei prontos para fazer exatamente isso.

É o que vai acontecer novamente se for confirmado o voto da maioria da Corte que, pela primeira vez na história, vazou antes da hora. O site “Político” conseguiu uma cópia do voto, que está circulando desde fevereiro para que os juízes façam mudanças.

A decisão deve ser anunciada no fim de junho e o tribunal já pediu uma investigação para saber como ela vazou antes da hora.

Segundo o texto do redator, juiz Samuel Alito, a lei de 1973 deve ser revogada porque não tem base na Constituição e tem uma argumentação muito fraca.

A lei sempre foi motivo de polêmica e bandeira dos grupos mais conservadores do país. Agora, voltará a ser a grande pauta da eleição do fim do ano, quando os americanos vão renovar a Câmara e o Senado. O eleitorado, que anda desanimado com o presidente Joe Biden, pode se mobilizar em torno do direito ao aborto e dar menos peso à inflação, principal pedra no sapato do presidente.

Biden, inclusive, reagiu imediatamente ao vazamento do voto dos juízes. “Me preocupa muito que, depois de 50 anos, vamos decidir que a mulher não tem direito de escolha dentro dos limites da Suprema Corte”, disse Biden.

Para o presidente, se for aprovada, será uma decisão radical que também colocará em dúvida a noção de privacidade: o direito individual de reger a própria vida, de escolher com quem casar ou como educar os filhos.

Fonte: CNN Brasil