O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de abril, previsto para ser divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (12), deve vir abaixo do percentual registrado em março, avaliam economistas, mas ainda acima da meta de inflação definida pelo Banco Central (BC) para o acumulado de 12 meses.

Com a volta parcial dos impostos federais que incidem sobre combustíveis no mês de março, o índice teve alta de 0,71% no terceiro mês do ano, e ficou em 4,65% no acumulado em 12 meses.

Para abril, além da acomodação no preço dos combustíveis, uma leve queda nos preços de alimentos, e pelo término do efeito do ICMS nas tarifas de energia, a pressão inflacionária deve desacelerar.

Para a Warren Rena, o índice deve ter alta de 0,58% e ficar em 4,15% no acumulado em 12 meses.

“A leitura provavelmente será de desaceleração em relação a março, marcada pelo fim da contribuição altista da gasolina, já que o mês anterior teve a incidência da volta parcial dos impostos federais”, comenta Andréa Ângelo, estrategista de inflação da Warren Rena.

“Em menor medida, também será marcada pelo término do efeito do ICMS nas tarifas de energia de distribuição e transmissão.”

Indicador oficial da inflação do país, o IPCA é um dos principais termômetros da economia brasileira e influi diretamente nas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sobre a taxa básica de juros, a Selic.

Na projeção da Goldman Sachs, com base no que veio no IPCA-15, o índice para o mês deve ser de 0,57% e de 4,16% em 12 meses.

Na LCA Consultores, espera-se um índice de 0,52% em abril e de 4,09% em 12 meses. Para o ano, a projeção é de 6,03%. Fábio Romão, economista da LCA, destaca que a desaceleração deve ser resultado da queda nas categorias Habitação, Transportes, Despesas Pessoais e Comunicação, como efeito das reduções no valor das contas de água, esgoto, energia, telefonia e internet, por exemplo, e queda no custo dos combustíveis.

Para 2023, a meta de inflação determinada pelo BC é de 3,25%, com um intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Já para 2024, a meta é de 3%, também com a mesma margem de variação.

Pressão de alta

Contudo, os analistas esperam alta em algumas categorias, o que deve conter uma queda mais acentuada do índice em abril. Para o Goldman Sachs, essa pressão de alta vem, principalmente, da categoria de Alimentos e de Bens Industriais.

Andréa Ângelo, da Warren Rena, reforça a expectativa de que o grupo de alimentação no domicílio apresente alta, de 0,25% no mês e de 4,6% no ano, puxada por leite e derivados, batata e tomate, “que seguem mostrando movimento de alta nas coletas”.

O setor de serviços também pode puxar o indicador para cima, por variações maiores nos preços de aluguéis e serviços pessoais, como médico e cabeleireiro.

Fábio Romão, da LCA Consultores, explica ainda que terão aumento de preços nos grupos de Alimentação – por conta das altas de produtos como arroz e feijão –, de Vestuário e de Saúde – estes dois últimos ligados a acelerações sazonais.

Expectativas

Em sessão no Senado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que o país terá uma “surpresa” quanto aos dados do mês passado. Segundo ela, virão um pouco abaixo da expectativa.

O BC segue atento às divulgações do indicador: caso se confirme a desinflação, em especial no horizonte de longo prazo, o resultado pode ditar as expectativas quanto à taxa Selic, que está em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.

A taxa de juros tem sido um dos principais pontos de tensão entre a autoridade monetária e o governo federal. Enquanto a ala econômica espera cortes na Selic, o BC trabalha com o chamado “sistema de metas”, que ancora as expectativas do mercado quanto ao comportamento da taxa inflacionária.

Para Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, o IPCA de 12 meses poderá atingir seu ponto mínimo em junho, ficando abaixo da marca de 4% – segundo a projeção da XP, pode ser de 3,9%. Mas, segundo ele, isso não significa que o índice fechará o ano dentro da meta.

“Vemos uma aceleração durante o segundo semestre da inflação, por conta do efeito base das medidas que foram anunciadas no ano passado durante o governo Bolsonaro para a redução de bens administrados, como gasolina e energia elétrica. Teve tanto o PLP 18 que reduziu o ICMS sobre esses bens, quanto desonerações federais sob Pis e Cofins”, explica.

O economista acrescenta que isso leva a variação do IPCA de 12 meses para baixo, até junho, com provável reaceleração forte no segundo semestre, encerrando o ano em 6,2% no IPCA – 2,68 pontos percentuais acima da meta. “É consensual no mercado que haverá essa alta no segundo semestre e que a inflação deve fechar o ano acima da meta”, diz Maluf.

*Sob supervisão de Ana Carolina Nunes

Fonte: CNN Brasil