A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados irá liderar as opiniões contrárias à vacinação infantil na audiência pública para discutir o assunto, que será realizada nesta terça-feira (4) em Brasília.

Essa foi a forma encontrada pelo governo para tentar balancear os posicionamentos na audiência, tendo em vista que a previsão mesmo dentro do Planalto é de que as entidades que participarão do evento serão majoritariamente a favor da vacinação.

A CCJ da Câmara é presidida pela deputada Bia Kicis (PSL-DF), próxima ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e, assim como ele, crítica da vacinação infantil. De acordo com ela, três médicos irão se manifestar na audiência representando a CCJ: a infectologista Roberta Lacerda , o imunologista Roberto Zeballos e o neurocirurgião Augusto Nasser. Todos eles, em maior ou menor grau, críticos a vacinação infantil.

“Não sou contrário a vacina, pondero risco-benefício. Prego a transparência dos riscos”, disse Zeballos à CNN. Lacerda não quis dar entrevista. Ela é signatária junto com Nasser e outros médicos de um documento enviado a Anvisa em dezembro com questionamentos sobre a vacinação infantil.

Ambos devem liderar na audiência pública as críticas a vacinação infantil, mas a tendência é de que sejam minoritários. A CNN teve acesso a lista de entidades convidadas para a audiência. Além da CCJ da Câmara, participarão a Organização Pan-Americana de Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Conselho Federal de Medicina, Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Brasileira de Pediatria, Conselho Nacional do Ministério Público, Associação Médica Brasileira, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e a Pfizer.

Todas as entidades médicas e de saúde com quem a CNN conversou se manifestaram a favor da vacinação infantil.
“A gente não tem muita dúvida. É importante escutar pediatras que de fato estão lidando com isso no dia a dia e que têm cuidado nos hospitais nesses dois anos com crianças com Covid. De fato é menos grave do que em adultos, não tem nenhuma dúvida disso, mas o fato de ser mais grave no adulto que na criança não significa que deve ser negligenciada na criança”, disse à CNN o presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurelio Safadi, que estará em Brasília para  audiência. Segundo ele, abaixo de 19 anos de idade houve 34 mil hospitalizações e 2500 mortes. “De cada 15 crianças que internam, 1 morre. Está longe de ser um número pequeno. No atual cenário não tem nenhuma outra doença que tenha igual número de internação ou de morte. E, além disso, temos dados das vacinas que têm sido utilizadas por mais de 10 milhões de crianças e os dados mostram perfil favorável. Há eventos adversos sim, mas são raros e a vacina tem se mostrado muito eficiente para prevenir.”

A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, Izabela Balalai, vai na mesma linha. “Somos a favor, claro”, disse ela, que também estará na audiência. Pelo Conass, que já se manifestou a favor, irá participar Nesio Fernandes, secretário de Saúde do Espírito Santo.

A Associação Médica Brasileira, por sua vez, disse à CNN que irá acompanhar a audiência mas que não deve participar. “Achamos sem pé nem cabeça uma audiência pública sobre isso. Temos um órgão para falar a esse respeito que é a Anvisa e que já opinou em linha com o que opinou com todas as agências internacionais”, afirmou o presidente da entidade, Cesar Fernandes. A Pfizer também informou via assessoria que deverá participar, mas que não sabia quem seria o representante da empresa.

Dentre as entidades médicas, a única que não se manifestou foi o Conselho Federal de Medicina. Por meio de sua assessoria, porém, a entidade disse que irá participar da audiência pública mas que não sabia ainda quem seria o seu representante.

Fonte: CNN Brasil