Escondido por décadas, um mosaico que é uma “parte fundamental da história de Roma” foi localizado e devolvido ao governo italiano, disse o FBI – a policia federal americana – em um comunicado à imprensa na sexta-feira (2).

Em 2020, um advogado entrou em contato com a equipe de crimes de arte do FBI em nome de um cliente anônimo que estava de posse de um enorme “mosaico da figura mitológica Medusa”, afirmou o órgão.

O mosaico foi cortado em 16 pedaços, cada um pesando entre 34 kg e 45 kg, e foi armazenado individualmente em paletes mantidos dentro de uma unidade de armazenamento de Los Angeles desde a década de 1980, de acordo com o FBI.

“O cliente não tinha documentação – conhecida no mundo da arte como proveniência – então eles não podiam vender as peças”, escreveu o FBI. “Vender arte sem proveniência é o equivalente a tentar vender um carro quando você não tem o título.”

Não está claro como o cliente anônimo tomou posse da obra de arte, ou há quanto tempo ela estava nos EUA, embora o FBI diga que “pode ter sido perdida por até 100 anos”.

Dois agentes especiais – Elizabeth Rivas e Allen Grove – trabalharam para descobrir a origem do mosaico para que pudesse ser devolvido aos seus legítimos proprietários.

A força policial italiana confirmou que o mosaico era italiano e “foi registrado nos registros de propriedade cultural em 1909”, disse o FBI. “O único registro moderno da existência do mosaico foi um anúncio de jornal de 1959 que parecia mostrá-lo à venda na área de Los Angeles.”

“O mosaico foi feito à mão a partir de uma época em que as pessoas colocavam uma quantidade incrível de cuidado e esforço nele. Realmente fala com a engenhosidade e criatividade da época”, disse Grove. “Não é para ser em Los Angeles. O mosaico pertence ao povo de Roma. Ele nos permite entender um pouco sobre a história dos humanos há 2.000 anos.”

Autoridades da Itália viajaram para Los Angeles para inspecionar o mosaico e ajudar a planejar a melhor maneira de devolvê-lo a Roma.

Para garantir que o artefato chegasse à Itália sem danos, o cliente anônimo cobriu os custos das caixas de remessa especializadas que foram enviadas pelos canais diplomáticos. A obra de arte chegou com segurança em abril, confirmou o FBI.

Especialistas em arte na Itália estão atualmente no processo de limpeza e restauração do mosaico. Enquanto alguns dos paletes de armazenamento estavam infestados de cupins, as peças de arte estavam “em grande parte intactas graças à instalação climatizada em que foram mantidas”, disse o FBI.

Há um esforço contínuo nos EUA para repatriar artefatos culturais vendidos, muitas vezes ilegalmente, a colecionadores particulares ou museus.

Dezenas de artefatos antigos que os investigadores acreditam terem sido saqueados foram apreendidos no Museu Metropolitano de Arte de Nova York. Autoridades também devolveram antiguidades roubadas no valor de quase US$ 14 milhões (cerca de R$ 72 milhões) para a Itália em julho, incluindo dezenas de artefatos apreendidos do bilionário americano Michael Steinhardt.

Em 2021, o museu devolveu três objetos de arte africanos, incluindo um par de placas de latão do Benin do século XVI, para a Nigéria. A mudança ocorreu depois que os museus europeus começaram a enfrentar uma pressão crescente para devolver os artefatos insubstituíveis saqueados durante os tempos coloniais.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Fonte: CNN Brasil