O professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan explicou, neste sábado (5), em entrevista à CNN, que são sinalizações importantes os encontro bilaterais que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende ter durante a 27ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP-27).

Aliados de Lula disseram à CNN que ele pretende se reunir com os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, além do secretário-geral da ONU, António Guterres.

“Esses três encontros sinalizam coisas importantíssimas. O encontro com o Biden vai sinalizar uma negociação de chefe de Estado para futuro chefe de Estado em torno de uma questão muito sensível: que é o novo desenho geopolítico do mundo. Nós estamos com a China versus Estados Unidos. O presidente Lula vai ter a oportunidade de dizer a Biden dos nossos interesses. Nós não estamos interessados em ficar nem do lado da China, nem do lado dos Estados Unidos. Nós estamos interessados em defender os interesses brasileiros”, explica Trevisan.

Segundo o professor, uma conversa direta facilita muito quais são os espaços de negociação com aquele que é o primeiro Produtor Interno Bruto (PIB) do mundo.

“O segundo encontro, com Macron, é igualmente importante. Porque, por trás está a resistência francesa ao acordo Mercosul-União Europeia. Nós temos que olhar para esses lados. Nós vamos atenuar resistências dos interesses do agronegócio francês contra os interesses do nosso agronegócio”, continua.

“O terceiro encontro é essencial. O encontro com António Guterres vai significar a grande oferta brasileira na COP27: segurança alimentar. Nós somos produtores muito fortes de alimentos no mundo. A ONU está com toda aquela recuperação no Mar Negro, abertura da saída dos grãos — trigo e milho — da Ucrânia para o mundo. Esse processo abre um espaço do Brasil ser um negociador de segurança alimentar. O protagonismo brasileiro no mundo muda com uma negociação direta com a ONU. Atrás disso, fortalecemos nossas posições, e, talvez, nossa ambição de décadas no Conselho de Segurança da ONU”, finaliza.

Lula deve embarcar para o Egito no dia 14 e participar da segunda semana da COP 27. A expectativa é que sua agenda coincida com as de Biden, Macron e Guterres. O presidente eleito brasileiro foi convidado pelo presidente do local, Abdel Fattah El Sisi.

Antes disso, o petista havia sido chamado a integrar a comitiva do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), em nome do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal. Além dos encontros bilaterais, a ideia é que Lula use o evento para reforçar ao mundo seu compromisso com a agenda ambiental — marcando contraposição ao atual governo de Jair Bolsonaro (PL).

Há também a expectativa de que Lula vá ao Egito acompanhado da deputada federal eleita Marina Silva (Rede), da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. A ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira também deve integrar a comitiva.

(*Com informações de Thais Arbex, da CNN)

Fonte: CNN Brasil