A Petrobras anunciou na sexta-feira (6) ter conseguido reduzir em cerca de 50% a intensidade de emissões de gases de efeito estufa por barril de petróleo produzido no período de 2009 a 2021. A medida está atrelada à aplicação de novas tecnologias durante o processo de extração do petróleo.

Assim como a companhia, outras grandes empresas como Ambev, L’Oreal, Braskem e Danone têm se movimentado nesse sentido. Elas buscam limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C em relação ao período pré-industrial, conforme sugerido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para o controle da mudança do clima. Para isso, a meta é reduzir as emissões em 45% até 2030.

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, é preciso que a sociedade cobre esses esforços das empresas.

“O que a sociedade deve exigir de empresas produtoras de petróleo como a Petrobras é que elas se transformem em empresas dedicadas à produção de energia limpa, que não esteja baseada em combustíveis fósseis. Só assim haverá ganhos estruturais diante do momento histórico de emergência climática atestada nos relatórios atuais do IPCC”, afirma o presidente do Proam.

Segundo a organização internacional, em novembro de 2021, as emissões globais médias de gases de efeito estufa atingiram os níveis mais altos da história. No entanto, com o auxílio de empresas brasileiras, a taxa de crescimento de emissão de gases diminuiu para 1,3% na década até 2019, dos 2,1% da década anterior. E a expectativa é que os números abaixem ainda mais para os próximos anos, sobretudo com os esforços de companhias do Brasil.

Carlos Bocuhy afirma que, apesar de não haver obrigatoriedade nos compromissos internacionais de redução dos gases de efeito estufa, existem vantagens para as empresas que demonstram uma mobilização nessa direção.

“Dentro das metas de redução das emissões estabelecidas para os países nas conferências internacionais, as empresas ocupam um papel importante. Então o que elas estão fazendo é cumprir um compromisso institucional e que também dá a elas um melhor acesso ao mercado internacional. Não existe caridade nisso, é um compromisso convencionado internacionalmente para que todos façam a sua parte frente à emergência climática”, afirma o presidente do Proam.

A Ambev, dedicada à produção de bebidas, apresentou uma redução na intensidade das emissões de CO2 de 44,6% entre 2017 e 2021. E a expectativa da companhia é que, nos próximos anos, toda a cadeia produtiva seja realizada com energia renovável, “o que pode reduzir as emissões de poluentes em aproximadamente 140 mil toneladas”.

Conheça os tipos de energia renovável

Já a petroquímica Braskem reduziu em mais de 17% a intensidade de emissões de gases de efeitos estufa entre 2008 e 2020. Para os próximos anos, a companhia tem uma meta de dobrar os resultados e, para 2050, alcançar a “neutralidade de carbono”.

Em nota, a Danone informou que o volume de poluentes emitidos pela empresa alimentícia deve cair pela metade nos próximos oito anos. Para que isso seja possível, a companhia estabelece “aumentar a eficiência energética das operações e reduzir anualmente o consumo energético”, destaca nota da empresa.

O grupo L’Oréal, multinacional de cosméticos, informou que está comprometido em alcançar a neutralidade de carbono em todas as instalações no mundo por meio do aumento da eficiência energética e uso exclusivo de energias renováveis em sua operação até 2025.

Segundo a empresa, já neste ano, as duas instalações da companhia no Brasil se tornarão carbono neutras, ou seja, não terão nenhum impacto na intensificação do efeito estufa – meta estabelecida inicialmente para daqui a três anos.

Para realizar a transição para a energia renovável em suas operações, a Unilever pretende usar de ingredientes de baixo carbono, reformular os produtos para oferecer alternativas baseadas em plantas, como alimentos veganos, e produtos de limpeza isentos de combustível fóssil.

Composto por empresas de diferentes setores, como beleza, higiene pessoal e alimentos, o conglomerado tem como principal meta zerar, até 2039, a pegada de carbono dos produtos, desde a aquisição das matérias-primas até o ponto de venda.

Sobre a atuação do setor empresarial nesse tema, o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuhy, pondera que é preciso combater o chamado “greenwashing”, prática de divulgar informações de que uma empresa está promovendo benefícios ambientais quando na verdade, de forma estrutural, seus produtos promovem o aquecimento global.

*Sob supervisão de Maria Mazzei

Fonte: CNN Brasil