A conta do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi reativada no Twitter.

A plataforma havia banido a conta de Trump após o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, e ela foi restaurada depois que o CEO e novo proprietário do Twitter, Elon Musk, postou uma enquete, na noite de sexta-feira (18), perguntando aos usuários da rede social se Trump deveria ser reintegrado.

“O povo falou. Trump será reintegrado”, tuitou Musk na noite de sábado. “Vox Populi, Vox Dei”, latim para “a voz do povo é a voz de Deus”.

Os resultados finais da votação na noite de sábado mostraram que 51,8% são a favor e 48,2% contra. A pesquisa contou com 15 milhões de votos.

A decisão do novo proprietário prepara o terreno para o retorno do ex-presidente à plataforma de mídia social, na qual era o usuário mais influente, embora controverso. Com quase 90 milhões de seguidores, seus tweets muitas vezes moviam os mercados, definiam as notícias e influenciavam a agenda em Washington.

Trump disse anteriormente que permaneceria em sua plataforma, Truth Social, em vez de voltar ao Twitter, mas uma mudança em sua abordagem poderia ter grandes implicações políticas. O ex-presidente anunciou neste mês que tentará concorrer à Presidência pelo partido republicano em 2024, com o objetivo de se tornar o segundo presidente eleito para dois mandatos não consecutivos.

Questionado no sábado sobre o que ele achava da compra do Twitter por Elon Musk e seu futuro na plataforma, Trump respondeu elogiando Musk, mas questionou se o site sobreviveria à crise atual.

“Eles têm muitos problemas”, disse Trump em Las Vegas na reunião da coalizão judaica republicana. “Você vê o que está acontecendo. Pode dar certo, pode não dar certo.”

Ainda assim, Trump disse que gostou de Musk e “gostou que ele comprou [o Twitter]”.

“Ele é um personagem e eu tendo a gostar de personagens”, disse o ex-presidente sobre Musk. “Mas ele é esperto.”

Durante o mandato de Trump na Casa Branca, o Twitter foi fundamental para a Presidência, um fato que também beneficiou a empresa através de incontáveis ​​horas de engajamento dos usuários. O Twitter costumava adotar uma abordagem leve para moderar a conta de Trump, argumentando que, como funcionário público, o então presidente deveria ter ampla liberdade para falar.

Mas conforme Trump se aproximava do fim de seu mandato – e tuitava cada vez mais desinformações alegando fraude eleitoral – a abordagem mudou. A empresa começou a colocar anúncios de advertência em seus tweets na tentativa de corrigir as afirmações enganosas antes da eleição presidencial de 2020. E após o motim do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, a plataforma baniu Trump indefinidamente.

“Após uma análise minuciosa dos tweets recentes da conta @realDonaldTrump e o contexto em torno deles, suspendemos permanentemente a conta devido ao risco de mais incitamento à violência”, disse o Twitter na época. “No contexto dos eventos horríveis desta semana, deixamos claro na quarta-feira que violações adicionais das regras do Twitter resultariam potencialmente neste curso de ação.”

A decisão veio após dois tweets de Trump que, segundo o Twitter, violavam a política da empresa contra a apologia à violência. Os tweets, de acordo com o Twitter na época, “devem ser lidos dentro do contexto de acontecimentos mais amplos no país e das formas como as declarações do presidente podem ser utilizados por diferentes públicos, inclusive para incitar a violência, bem como no contexto do padrão de comportamento desta conta nas últimas semanas”.

O primeiro tweet – uma declaração sobre os apoiadores de Trump, que ele chamou de “75 milhões de grandes patriotas americanos que votaram em mim” – sugeria que “ele planeja continuar a apoiar, capacitar e proteger aqueles que acreditavam que ele ganhou a eleição”, disse o Twitter.

O segundo, que indicava que ele não planejava comparecer à posse de Joe Biden, poderia ser visto como uma declaração adicional de que a eleição não era legítima e poderia ser interpretado como uma declaração de Trump dizendo que a posse seria um alvo “seguro” para violência já que ele não estaria presente, de acordo com o Twitter.

Logo após a suspensão de Trump no Twitter, ele também foi impedido de acessar o Facebook e o Instagram, ambos da Meta, e que também podem restaurar as contas do ex-presidente em janeiro de 2023.

Em 18 de novembro, Musk tuitou que havia reativado várias contas polêmicas na plataforma, mas que “uma decisão sobre a conta de Trump ainda não foi tomada”.

“A nova política do Twitter é liberdade de expressão, mas não liberdade de alcance”, disse ele na época. “Tweets negativos/de ódio serão maximizados e desmonetizados, portanto, não resultarão em anúncios ou outra fonte de receita para o Twitter. Você não encontrará o tweet a menos que o procure especificamente, o que não é diferente do resto da internet.”

Musk havia dito anteriormente que discordava da política de banimento permanente do Twitter e que poderia devolver outras contas que foram removidas da plataforma por violações de regras.

“Acho que não foi correto banir Donald Trump; Acho que foi um erro”, disse Musk em uma conferência em maio, prometendo reverter a proibição caso se tornasse o proprietário da empresa.

Jack Dorsey, que era o CEO do Twitter quando a empresa baniu Trump, mas desde então saiu, respondeu aos comentários de Musk dizendo que concordava que não deveria haver banimentos permanentes. Banir o ex-presidente, disse ele, foi uma “decisão de negócios” e “não deveria ter acontecido”.

A decisão sobre a conta de Trump é a mais recente de uma série de grandes mudanças que Musk fez no Twitter, incluindo o afastamento das lideranças e de uma parte significativa de sua equipe.

Musk também lançou um serviço de assinatura atualizado que permite aos usuários pagar para receber as marcas de verificação, um indicador anteriormente reservado para figuras públicas autenticadas, que foi rapidamente usado para que contas se passassem por pessoas importantes, empresas e agências governamentais. O Twitter interrompeu o serviço e planeja restabelecê-lo ainda este mês.

Na sexta-feira, ele disse que restauraria as contas de três usuários controversos, anteriormente banidos ou suspensos: o podcaster canadense Jordan Peterson, o site satírico de direita Babylon Bee e a comediante Kathy Griffin.

O caos assustou muitos dos principais anunciantes do Twitter, que temem que seus anúncios sejam exibidos ao lado de conteúdo potencialmente censurável, ameaçando o modelo de negócios principal da empresa. Macy’s, Volkswagen Group, General Mills e outras grandes marcas interromperam a publicidade na plataforma, causando o que Musk chamou no início deste mês de “uma queda maciça na receita”. E é improvável que reativar a conta de Trump na plataforma ajude.

O presidente da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, Derrick Johnson, pediu aos anunciantes que ainda financiam o Twitter para interromper imediatamente todos os anúncios.

“No Twitter de Elon Musk, você pode incitar uma insurreição no Capitólio dos EUA, que levou à morte de várias pessoas, e ainda pode vomitar discurso de ódio e conspirações violentas na plataforma”, disse Johnson em um comunicado. “Se Elon Musk continuar administrando o Twitter assim, usando enquetes descartáveis que não representam o povo americano e as necessidades de nossa democracia, Deus nos ajude.”

Em um aparente esforço para tranquilizar anunciantes e usuários, Musk disse anteriormente que implementaria um “conselho de moderação de conteúdo” para ajudar a definir políticas e que nenhuma decisão importante de moderação de conteúdo seria tomada antes de sua implementação. Não há indicação de que tal grupo esteja envolvido no movimento para restaurar a conta de Trump ou dos outros usuários que retornaram à plataforma na sexta-feira.

Em um artigo publicado no New York Times na sexta-feira, o ex-chefe de confiança e segurança do Twitter, Yoel Roth, que deixou a empresa na semana passada, disse que, apesar das promessas do bilionário de envolver outras pessoas em decisões importantes, “o Sr. Musk deixou claro que, no final das contas, será ele quem dará as cartas.”

Qualquer aumento no tráfego no Twitter devido à reintegração de Trump também poderia colocar uma pressão técnica na plataforma que coincidiria com a Copa do Mundo, que normalmente é um dos eventos de maior audiência no site.

“Os servidores do Twitter estão passando por um teste de estresse de @elonmusk agora”, tuitou Sriram Krishnan, um investidor que faz parte da equipe de liderança do Twitter de Musk, no sábado à noite.

As demissões em massa de trabalhadores na empresa levaram os usuários, assim como alguns funcionários, a questionar se a plataforma poderia enfrentar interrupções ou outros problemas. O Twitter já experimentou algumas falhas nos últimos dias, inclusive com o recurso que permite aos usuários baixar seus dados do site.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Fonte: CNN Brasil