Um grupo de cerca de 30 criminosos atacou uma agência bancária da Caixa Econômica Federal na noite desta quarta-feira (22) em Itajubá (MG), no sul de Minas Gerais. A Polícia Militar do estado informou que os suspeitos não conseguiram explodir o cofre localizado no interior da agência.

Em nota, a Prefeitura de Itajubá informou que uma pessoa ficou ferida na ação e foi encaminhada para atendimento no hospital da cidade. “A Prefeitura está dando todo o suporte necessário para ajudar nossas forças de segurança neste momento”.

Segundo informações da PM, o caso ocorreu por volta de 23h45. Os suspeitos estavam fortemente armados e fugiram em cinco veículos em direção a Campos do Jordão, no interior de São Paulo, segundo a corporação. A polícia já encontrou carros abandonados nos arredores de Itajubá, mas nenhum criminoso foi detido.

Ainda não há informação sobre valores roubados. Os criminosos também efetuaram disparos contra o quartel da polícia na cidade, mas nenhum militar ficou ferido.

Nas redes sociais, moradores de Itajubá compartilharam vídeos com homens armados e intenso barulho de tiros.

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Belo Horizonte auxiliará na ocorrência.

Novo cangaço

A ação desta quarta faz parte da prática do chamado “novo cangaço” no Brasil. São crimes praticados durante a noite ou madrugada, em que um grupo cerca uma cidade, geralmente no interior dos estados, e rouba grandes quantidades de dinheiro.

Segundo o especialista em Segurança Pública e professor da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), Rafael Alcadipani, o termo faz referência a “ações em que há tentativa de domínio de uma cidade inteira para que os criminosos tentem extrair vultuosos volumes de agências bancárias”.

Popularização do termo

Ainda na década de 1990, cidades interioranas de estados do Norte e do Nordeste começaram a sofrer ataques que se enquadram nas táticas do novo cangaço. No Sudeste, ações semelhantes surgiram há alguns anos.

Entre 2020 e 2021, quatro cidades paulistas foram atacadas de modo semelhante: Botucatu, Araraquara, Mococa, e Araçatuba. Em 2022, a cidade de Guarapuava, no interior do Paraná também foi alvo deste tipo de operação criminosa.

O analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Guaracy Mingardi, explica que os assaltos costumam ser muito bem planejados, além de contar com armas potentes e, muitas vezes, superiores às utilizadas pelas forças policiais de cidades médias e pequenas.

Os bandos geralmente utilizam metralhadoras, fuzis, explosivos e veículos blindados. Munidos desses armamentos, impedem uma reação da polícia e se concentram, principalmente, em roubar agências bancárias ou transportadoras de valores.

Contexto histórico

O movimento dos cangaceiros surge no sertão nordestino no final do século 19 e início do século 20. Entre as décadas de 1920 e 1930, atuou o líder do bando de cangaço mais famoso no imaginário popular: Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”.

Os cangaceiros, conhecidos pelas roupas de couro e armas presas junto ao corpo, saqueavam cidades e desafiavam autoridades, utilizando de extrema violência, inclusive sequestro e estupro.

Da esquerda para direita: 1- Vila Nova 2- ? 3- Benjamin 4- Luis Pedro 5- Amoroso 6- Lampião 7- Cacheado 8- Maria Bonita 9- ? 10- Quinta-feira / Domínio público

De acordo com especialistas, o movimento está relacionado ao contexto social, de extrema pobreza, e à estrutura agrária daquela época. Essa é uma das razões pelas quais, muitas vezes, os cangaceiros são descritos como “bandidos sociais”, embora atualmente essa descrição seja questionada.

Nas práticas atuais, “o que tem de cangaceiro é a estratégia de atacar cidades pequenas e atacar a polícia para cometer roubos”, explica Mingardi. Por outro lado, as ações recentes não carregam objetivos de cunho social, que foram atribuídos aos atos do cangaço anteriormente, compara o especialista.

Fonte: CNN Brasil