A médica cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar, que integra o time da transição do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na área da saúde, destacou as prioridades de atuação na área em entrevista à CNN nesta sexta-feira (25).

A especialista explicou os principais fatores por trás do aumento de casos de Covid-19 no país.

“Entramos o ano de 2022 conseguindo controlar a doença e quando nós flexibilizamos as medidas higiênico-sanitárias, quando nós infelizmente vimos a adesão vacinal cair, as doses de reforço não sendo realizadas, surgem novas subvariantes e a doença passa a se transformar mais uma vez para o brasileiro agora no final do ano”, alerta.

Nas últimas semanas, o Brasil enfrenta um aumento no número de casos da doença. O boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na quarta-feira (23), mostra um aumento das infecções pelo coronavírus entre os casos positivos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em estados de todas as regiões do país.

“O que estamos vivendo hoje desde o início de novembro é um aumento progressivo do número de casos. Agora, com uma nova subvariante da Ômicron, e isso tem tornado mais desafiador este momento”, afirma.

A redução na cobertura vacinal contribui para o aumento da circulação do vírus que, por consequência, abre espaço para o surgimento de mutações que podem favorecer aspectos como a transmissibilidade e a capacidade de infecção do vírus.

“O novo coronavírus, que é o responsável pela Covid-19, tem uma capacidade de se modificar muito grande, intrínseca a ele. Alguns fatores favorecem essas mutações, um deles é a redução na cobertura vacinal. Outro deles são essa medidas físicas que a gente deixa de fazer, ou seja, voltam as aglomerações, as festas, os números elevados em transportes públicos, sem nenhuma barreira física. Em um meio que cai a taxa de vacinação, esse vírus simplesmente sofre mutações”, explica.

Novas vacinas

Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de duas vacinas bivalentes da Pfizer contra a Covid-19, que contemplam sublinhagens da variante Ômicron. De acordo com a Anvisa, os imunizantes devem ser utilizados como doses de reforço contra a doença.

Mais de 77 milhões de brasileiros não receberam a primeira dose de reforço das vacinas contra a Covid-19, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) divulgados na quinta-feira (24). Já 24 milhões de pessoas poderiam ter recebido a segunda dose de reforço contra a doença, mas ainda não se vacinaram.

“O Brasil ainda não tem as vacinas novas, bivalentes, mas as vacinas que temos são eficazes contra mortes, formas graves e internações pela Covid. Então, não devemos esperar a chegada de novas vacinas, devemos cumprir o calendário recomendado pelo Programa Nacional de Imunizações e sermos submetidos aos reforços de acordo com os grupos prioritários”, orienta a médica.

A CNN consultou o Ministério da Saúde sobre prazos para a chegada das vacinas bivalentes ao país e disponibilização nos postos de saúde. Em nota, o ministério afirmou que “vai solicitar ao laboratório o cronograma de envio dos lotes com os novos imunizantes, tendo em vista que o atual contrato da pasta com os fornecedores contempla a entrega de vacinas com cepas atualizadas”.

Segundo o ministério, a estratégia de imunização com as vacinas bivalentes, assim como os grupos que serão priorizados, estão em processo de definição pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). “As orientações para a aplicação da vacina e o cronograma de distribuição serão formalizados em nota técnica aos estados nos próximos dias”, disse.

(Com informações de Elis Franco)

Fonte: CNN Brasil