O Centrão sempre esteve ao lado do poder. A polarização, cada vez mais evidente nas pesquisas, divide os caciques do grupo entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A pesquisa Ipespe divulgada nesta sexta-feira (6) traz o ex-presidente Lula na frente, com 44% das intenções de voto –um ponto a menos do que na última pesquisa. Bolsonaro mantém os mesmos 31% do levantamento anterior. Na sequência, aparecem Ciro Gomes (PDT), com 8%; João Doria (PSDB), com 3%; e André Janones (Avante), com 2%). Por fim, Simone Tebet (MDB) e Felipe d’Avila (Novo) com 1%.

Esta foi a primeira pesquisa com o nome de Luciano Bivar (União Brasil), mas o pré-candidato não pontuou.

A polarização entre Lula e Bolsonaro permanece consolidada. O ex e o atual presidente concentram 75% do eleitorado, enquanto a chamada terceira via se desfaz e continua encalhada na parte de baixo.

Neste cenário de estabilidade, parte dos caciques do Centrão se antecipou e já escolheu de qual lado ficar.

Lula tem o apoio dos senadores Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), do ex-senador Eunício Oliveira, também do MDB, além do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

“Nós achamos importante porque, como eu não acredito em terceira via, acho, então, que a eleição vai ser decidida entre Bolsonaro e Lula. E nós decidimos que Bolsonaro não dá mais. O país não aguenta mais quatro anos de Bolsonaro”, afirmou Paulinho da Força.

Já Bolsonaro conta com o ministro da casa civil, Ciro Nogueira, do presidente da Câmara, Arthur Lira, ambos do PP, além de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e do deputado Marcos Pereira, do Republicanos.

“O Partido Progressista, desde o início do governo, tem uma orientação de bancada: apoiar as reformas do país, as reformas estruturantes. Essa é uma agenda que nós entramos nela desde o início do governo. Nós não chegamos agora”, comentou o deputado Evair de Melo (PP-ES), vice-líder do governo na Câmara.

Já o MDB está dividido. Renan Calheiros quer levar parte do partido para apoiar Lula, mas a sigla, oficialmente, mantém a pré-candidatura de Simone Tebet.

Joia da coroa, o PSD é o mais cobiçado no momento. Mas o presidente da legenda, Gilberto Kassab, deve liberar diretórios estaduais para apoiar quem preferir.

PL, PP, Republicanos, PSC e PTB são pilares do Centrão e fizeram parte da base dos governos Lula. Hoje, mudaram de lado: estão fechados com o atual presidente. Esses cinco partidos somam cerca de um terço do apoio na Câmara. Para governar no presidencialismo de coalizão, é um apoio fundamental, que ajuda garantir a aprovação de projetos de interesse do governo. Em troca, o Centrão cobra de quem está no Planalto acesso a cargos e recursos públicos.

Questionado se mudaria de lado, Paulinho da Força, pondera. “Isso depende muito, né? Pode ser que você não apoie um determinado candidato, ele ganhe no primeiro turno e você, durante o longo da vida ali, ao longo do mandato, acaba apoiando o governo. Nós, por exemplo, apoiamos Geraldo Alckmin em 2018 e decidimos não entrar no governo Bolsonaro. Outros partidos que também apoiaram o Alckmin comigo na época acabaram aderindo ao Bolsonaro”, disse Paulinho da Força.

Já Evair de Melo diz que não tem plano B. “Nós vamos reeleger Jair Bolsonaro, não tem plano B. É uma agenda e o Jair Bolsonaro reflete este sentimento. Então não tem, neste momento, nenhuma chance de trabalharmos com alguma hipótese que o atraso da oposição possa vencer as eleições.”, finalizou.

Debate

CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.

Fonte: CNN Brasil