“Are… in style?”. Isso está na moda? Essa foi uma das perguntas que o Google respondeu nesta semana em sua anual “Buscas do Ano”, uma espécie de retrospectiva dos assuntos e termos que mais despertaram interesse e demonstraram um crescimento na plataforma.

No top 10, franja, calça skinny, shorts cargo, macacões, botas de cano longo, jaquetas jeans e de couro, calças boca-de-sino, blusas off shoulder e colete, itens atemporais e peças que fizeram sucesso em outras décadas. CNN elegeu quatro delas, para mostrar que tem peças que nunca saem de moda.

Jaqueta de couro

Anúncio da Harley Davidson, de 1959 / Divulgação

Hoje uma peça curinga, adaptável a uma infinidade de estilos de guarda-roupa e versátil para diferentes ocasiões, a jaqueta de couro foi originalmente concebida por Irving Schott em 1928, a pedido da Harley Davidson. Na época batizada de Perfecto, em referência a uma marca de charutos cubanos, a peça passou as primeiras décadas mais recorrente entre os motoqueiros, mas nos anos 1950 foi associada à rebeldia juvenil do período pós-Segunda Guerra Mundial, como alternativa aos ternos.

Os filmes “O Selvagem” (1953), estrelado por Marlon Brando, e “Juventude Transviada” (1955), com James Dean, contribuíram para a popularização da jaqueta de couro. A moda ganhou cada vez mais destaque conforme uma série de artistas dos anos 1960 e 1970 adotaram a peça em performances – como Elvis Presley e os integrantes das bandas Beatles, Ramones e Sex Pistols.

Com isso, a jaqueta de couro passou a ser vista em passarelas de desfiles de moda e, na década de 1980, cantoras como Madonna e Joan Jett aderiram à peça, aumentando a adesão do público feminino à tendência. Há alguns anos, a indústria da moda busca atualizar os modelos de couro animal para alternativas de menor impacto ambiental, e já existem tecnologias de produção de couro a partir de matérias-primas vegetais: cactos, fibra de abacaxi, casca de banana, cânhamo e até os micélios dos fungos podem ser utilizados para produzir um couro que gere menos emissões de carbono e poluição.

Jaqueta jeans

Anúncio da Levi’s, de 1936/ Divulgação

A batalha é acirrada para decidir qual desses dois itens é o mais versátil e atemporal, mas uma coisa é fato: a jaqueta jeans veio antes do modelo em couro. Criada ainda no final do século 19 por Levi Strauss, fundador da Levi’s, a peça foi desenvolvida para trabalhadores do campo: durável e eficiente para proteger os camponeses do frio, mais tarde a jaqueta jeans foi adotada também no oeste dos Estados Unidos, o que originou relação da peça com a estética clássica de faroeste que conhecemos hoje.

Por ser um item informal com raízes na classe trabalhadora, a jaqueta jeans ganhou uma simbologia histórica de rebeldia, posteriormente associada a movimentos de contracultura nas décadas de 1940 e 1950. A verdade é que até hoje a peça nunca saiu de moda, ganhando atualizações a cada época e fazendo sucesso também com modelos vintage.

Calça boca-de-sino

Jimi Hendrix, em 1970/ Foto de poster Bernd Sauer-Diete/Divulgação

Ícone das décadas de 1970 e 1990, a calça boca-de-sino teve um histórico diferente das peças anteriores: o apreço por ela foi mais oscilante dependendo da época. De todo modo, trata-se de um item com muita história. Marcada pela modelagem mais justa em cima e alagada do joelho para baixo, a calça boca-de-sino tem registros do século 19, quando marinheiros norte-americanos vestiam a peça.

Bem mais tarde, correntes culturais como o movimento hippie dos anos 1960, a disco music e a house music ficaram marcados pelo uso frequente desse modelo de calça. Mick Jagger, Jimi Hendrix, Abba e Black Sabbath são alguns dos artistas e bandas que adotaram a boca-de-sino em seus looks. E não podemos esquecer de John Travolta no clássico “Embalos de Sábado à Noite” (1977), que eternizou a peça nas telas do cinema. Nos anos 1990, o item voltou, adotado geralmente em modelos de cintura mais baixa por artistas como Liam e Noel Gallagher, do Oasis, integrantes do Blur e das Spice Girls.

Calça skinny

Kate Moss, em 2012: ela é a rainha da calça skinny / Getty Images

A mais polêmica para o final. Desde o início do ano, a peça tem sido objeto de discórdia entre os millenials e seus contemporâneos da geração Z. Os primeiros cresceram no período de ouro do skinny, modelo de calça jeans justa na cintura, quadril, pernas e tornozelos. A peça foi praticamente um uniforme entre as bandas de indie rock como The Strokes, The Kooks e Arctic Monkeys, e também fez sucesso entre famosas como Kate Moss, Britney Spears e Paris Hilton.

De fato trata-se de um item versátil em termos de ocasião, estação do ano e gênero, mas remete a uma época de culto desmedido aos corpos extremamente magros como os das modelos da Victoria’s Secret. Essa é a crítica central da geração Z, que parece desprezar a peça não apenas em termos estéticos, mas principalmente em função do que ela representa. Norteados pela comodidade para escolher seus looks, os nascidos após a metade da década de 1990 preferem modelos mais soltos e que contemplem com conforto uma gama maior de formatos corporais. A aversão à calça skinny, no entanto, está longe de ser consenso. Em uma pesquisa encomendada pela Lycra, 61% das brasileiras afirmaram preferir a calça skinny em relação a outros modelos jeans.

Fonte: CNN Brasil