Pessoas dançando em festa

Crédito, LINDA WILLIAMS

Linda (à direita) disse ter gostado de dançar a noite toda com seus amigos

Há 44 minutos

Uma mulher com câncer terminal decidiu organizar uma festa em vez de um funeral e afirmou ter tido “a melhor noite” de sua vida.

Linda Williams, 76, da cidade de High Wycombe, a noroeste de Londres, disse que “odeia funerais” e queria poder “dançar a noite toda” com seus amigos.

Depois de ser diagnosticada com câncer terminal há um ano, ela começou a organizar a festa.

“Eu me diverti muito”, disse a ex-instrutora de Tai Chi.

“Nunca fui a um bom funeral, são sempre miseráveis, então decidi que queria uma celebração da minha vida. Quase morri duas semanas antes, então mandei fazer um totem de papelão em minha homenagem para garantir, mas pude estar lá com todos os meus amigos.”

Placa feita por Linda para caso não pudesse comparecer à festa

Crédito, LINDA WILLIAMS

“Se eu perder minha festa é porque estou em uma missão secreta em um local desconhecido”: Linda mandou fazer um totem de papelão para sua festa caso morresse antes

Williams sempre amou o avião monomotor de caça britânico chamado de Spitfire – seus pais foram da Força Aérea Real e ela cresceu perto da base em Walters Ash, onde costumava ver os aviões sobrevoando sua casa.

Quando foi diagnosticada com câncer, ela começou a escrever uma lista de desejos e o número era um voo em um Spitfire.

Foi “absolutamente louco, fantástico e mais do que eu jamais desejei”, disse ela sobre o desejo, que foi realizado. Durante o voo, seu filho seguiu atrás em um avião de caça.

Linda e as amigas antes do voo

Crédito, LINDA WILLIAMS

Linda e as amigas antes do voo

O segundo desejo foi uma festa temática dos anos 1940, que foi marcada para outubro.

O evento contou com seis shows, uma rifa, um bolo Union Jack – clássico britânico feito com pão de ló, creme de leite fresco, frutas vermelhas frescas e recheio de creme de manteiga – e sanduíches de spam, outro prato tradicional do Reino Unido.

“Escolhi como tema da minha festa a Batalha da Grã-Bretanha, que parecia perfeito porque os anos 1940 foram sobre união, humildade e sacrifício para manter a liberdade”, disse ela.

Ela se vestiu de pilota de caça e usou um paraquedas amarrado nas costas, como se tivesse acabado de pular do avião.

Os 124 convidados tiveram que usar uma palavra-código enigma para entrar na festa.

Linda

Crédito, LINDA WILLIAMS

Linda diz que adora o som do motor do Spitfire

No entanto, Williams quase não compareceu ao grande evento depois de uma piora em sua condição.

“Quase morri pouco antes, mas pensei ‘vou virar o jogo para chegar lá’. Decidi que iria em frente e todos se divertiram muito”, disse ela.

Linda dançando em sua festa

Crédito, LINDA WILLIAMS

Linda teve que dormir por dois dias após sua festa, pois gastou muita energia na pista de dança

“Eu estava tão animada que cheguei lá às seis da tarde, mas a festa só começava às sete e meia. Minhas pernas estavam inchadas, mas ainda assim consegui dançar a noite toda e recebi muitos abraços adoráveis.”

“Só saí à uma da manhã, estava cheio de adrenalina e dormi quase dois dias depois.”

Linda disse que estava muito grata a seus amigos por organizarem a festa. Ela conheceu muitos deles em uma aula de dança que começou a frequentar aos 69 anos.

Linda e a amiga Jo seguram pacote de spam, uma carne enlatada típica do Reino Unido

Crédito, LINDA WILLIAMS

Linda (à esquerda) disse que gostaria de agradecer aos amigos por ajudarem a organizar a festa, incluindo Jo (à direita)

Um deles, Jo Oxlade, disse que era fantástico estar envolvida no planejamento de uma celebração tão única.

“Linda deixou muito claro para nós desde o início que esta festa continuaria, quer ela estivesse aqui ou não. Ela disse ‘se eu estiver lá na noite, quero esta música, mas se eu morrer, quero uma música diferente’ então tínhamos instruções muito claras.”

“Ela é uma pessoa incrível e inspiradora de quem temos a sorte de ser amigos.”

Linda e as amigas fantasiadas

Crédito, LINDA WILLIAMS

Linda e as amigas dividem uma peixão pelos anos 1940

Alguns meses atrás, Williams decidiu que estava “cansada de hospitais” e tomou a decisão de ser cuidada em casa por enfermeiras da instituição de caridade Rennie Groves Hospice Care.

Linda diz que foi graças às suas “maravilhosas” enfermeiras que teve tempo suficiente para comparecer à festa.

“Eles salvaram minha vida naquela ocasião, o que significou que pude participar da minha própria festa celebrando a amizade, camaradagem e a alegria da dança”, acrescentou.

Fiona O’Neill, uma das enfermeira , disse: “Lin é uma lutadora, ela fez questão de sobreviver e chegar à sua festa. Ela sempre vê o lado positivo da vida e é um verdadeiro prazer cuidar dela.”

Fonte: BBC