Boris Johnson estava lutando no domingo (23) para ganhar apoio suficiente para fazer o que seria um retorno impressionante como primeiro-ministro da Grã-Bretanha, enquanto políticos conservadores sênior declaravam apoio ao ex-ministro das Finanças, Rishi Sunak.

Os dois homens se tornaram os primeiros favoritos para substituir Liz Truss, que anunciou sua renúncia na quinta-feira (20) com apenas seis semanas de mandato que jogou o Reino Unido em turbulência política e econômica.

Sunak declarou na manhã de domingo que entraria na disputa. Em um tweet, ele escreveu: “O Reino Unido é um grande país, mas enfrentamos uma profunda crise econômica. É por isso que estou concorrendo para ser o líder do Partido Conservador e seu próximo primeiro-ministro. Quero consertar nossa economia, unir nosso Partido e entregar para nosso país”.

O ex-chanceler do Tesouro já atingiu o limite de 100 indicações para chegar à fase de votação, enquanto os aliados de Johnson disseram que o ex-primeiro-ministro havia retornado de férias no Caribe com a intenção de participar da corrida, informou a Press Association (PA), mas ele ainda tem que declarar se vai concorrer.

Uma disputa entre os dois pode ser divisivo para o partido conservador no poder, até porque muitos dos apoiadores de Johnson culpam a renúncia de Sunak em julho por provocar a queda de seu governo. Alguns meios de comunicação especularam que os dois homens poderiam fazer algum tipo de acordo.

A BBC informou que ocorreu uma reunião entre Johnson e Sunak, mas “não foi divulgado o que eles discutiram”, enquanto a agência de notícias britânica PA Media informou que os dois “ficaram fechados fazendo negociações até tarde da noite” no sábado (22).

Enquanto isso, a Sky News se referiu à reunião como uma “cúpula secreta”.

Sunak e Johnson, se ele decidir concorrer, enfrentarão a líder da Câmara dos Comuns, Penny Mordaunt, que disse no domingo lamentar o chamado “mini-orçamento” que levou à turbulência econômica no Reino Unido e à renúncia de Truss.

“Lamento muito o mini-orçamento […] levantei preocupações antes mesmo de estar no gabinete”, disse Mordant à BBC em uma entrevista no domingo, acrescentando que havia detalhes sobre o orçamento “que o gabinete não conhecia”.

A última vez que os conservadores realizaram uma corrida pela liderança – após o fim do governo de Johnson – Truss ficou em primeiro lugar, Sunak em segundo e Mordaunt em terceiro.

Graham Brady, o funcionário conservador responsável pelo processo, disse que qualquer candidato deve receber pelo menos 100 indicações dos parlamentares do partido até as 14 horas, no horário local de segunda-feira (24).

O limite reduz efetivamente o campo de potenciais candidatos para um máximo de três, já que o partido tem 357 deputados.

Se apenas um candidato atingir esse limite, ele se tornará automaticamente o líder. Caso contrário, os candidatos restantes serão submetidos a uma votação online pelos membros do Partido Conservador, que será encerrada na sexta-feira, 28 de outubro.

Como o Partido Conservador britânico elegerá seu novo líder

Indicações de candidatos:

  • Cada candidato precisa do apoio inicial de 100 deputados (MPs)
  • Cada deputado só pode apoiar um candidato
  • Com 357 conservadores no parlamento, só poderá haver três candidatos
  • Um candidato: Se apenas um deles conseguir 100 apoiadores, esse candidato se tornará líder do partido e primeiro-ministro na segunda-feira, 24 de outubro.
  • Dois candidatos: Se houver dois candidatos na disputa, os deputados conservadores votam para indicar o seu candidato preferido. A votação é realizada online, com resultados anunciados até sexta-feira, 28 de outubro. O vencedor torna-se líder do partido e primeiro-ministro.
  • Três candidatos: Em caso de três candidatos, os deputados conservadores votam e o candidato com a menor votação será eliminado. Em seguida, votam novamente para indicar seu candidato preferido entre os dois que ficaram na disputa. A votação é realizada online, com resultados anunciados na sexta-feira, 28 de outubro. O vencedor torna-se líder do partido e primeiro-ministro.

Truss renunciou na quinta-feira, apenas seis semanas depois de seu mandato desastroso, que lançou o Reino Unido em profunda turbulência política e econômica. Seu sucessor será o quinto primeiro-ministro a liderar o país desde a votação pelo Brexit em 2016.

Keir Starmer, líder do principal partido de oposição, o Partido Trabalhista, renovou no domingo os apelos por uma eleição geral, depois de afirmar que as pessoas estão “fartas até os últimos dentes” com a liderança conservadora e as consequências das decisões desse governo.

“Há uma escolha a ser feita. Precisamos de eleições gerais! Deixe o público decidir […] Eles querem continuar com esse caos total ou querem estabilidade sob um governo trabalhista?”, Starmer perguntou durante uma entrevista à BBC.

A ex-secretária do Interior, Priti Patel, no sábado se tornou uma das defensoras mais importantes de Johnson em sua busca para se tornar primeiro-ministro. “Boris tem o mandato de entregar nosso manifesto eleito e um histórico comprovado de acertar as grandes decisões”, disse ela em um tweet.

Mas seu possível retorno ao cargo principal dividiu opiniões dentro do Partido Conservador, com muitos legisladores horrorizados com a perspectiva de Johnson novamente no cargo.

O ex-vice-primeiro-ministro e secretário de Relações Exteriores de Johnson, Dominic Raab, disse à BBC que “não podemos retroceder” e apontou que Johnson ainda enfrenta uma investigação sobre o chamado escândalo do “partygate” em reuniões ilegais que teve na Downing Street.

O ex-primeiro-ministro deve comparecer nas próximas semanas perante o Comitê de Privilégios dos Comuns, que está investigando se ele enganou o Parlamento sobre as festas, o que poderia causar-lhe a suspensão ou até expulsão como deputado.

*Com informações de Mia Alberti e Duarte Mendonca, da CNN.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Fonte: CNN Brasil